30 maio, 2009

NOTÍCIAS... À BRÁS

O semanário ‘Terras da Beiras’ (TB) publicou nesta edição semanal a notícia de que Almeida iniciou candidatura a Património Mundial da UNESCO, conforme reprodução em ‘post’ anterior.

Ora aí está uma novidade, que já não é para muitos almeidenses, dada a informação a correr na comunicação digital, inclusive na blogosfera local, que agora aparece também na letra impressa.

E apesar do silêncio que continua no sítio oficial da CMA, o Sr. Baptista Ribeiro, sabendo do interesse que os seus munícipes costumam dispensar às notícias do TB, ainda recentemente com questão da referida não entrega da declaração de rendimentos do Presidente da CMA no Tribunal Constitucional, logo se dispõe a prestar declarações a este periódico, aproveitando não para esclarecer sobre a veracidade dessa incómoda questão, mas para procurar salientar “o trabalho desenvolvido nos últimos anos movido pela intenção de elevar Almeida a património mundial”.

A notícia deveria ter todos os ingredientes para agradar aos almeidenses... e não só. Por isso houve que apostar nela, apesar de esvaziada que estava a novidade, sendo óbvio que quando proferiu declarações ao TB, o Sr. Presidente, andava já há uns dias a ouvir zurzidelas da blogosfera, por certo espantado com a falta de entusiasmo manifestada (mesmo capaz de jurar que não lê). Aproveite-se, portanto, o “furo” jornalístico que perdeu, não o comunicando directamente aos seus munícipes através do sítio oficial da CMA, para ao menos passar recados à comunidade…

Sabendo que a notícia já não vai embasbacar ninguém, apesar do tabu que tentou criar com o anúncio de uma “grande notícia, de impacto nacional”, por altura do lançamento da sua recandidatura, há que ressalvar que o município constituiu uma equipa com «pessoas sabedoras da matéria e cientificamente preparadas para preparar a candidatura à UNESCO» e prepara-se ainda para criar outro mini-tabu sobre as «altas individualidades a nível científico a trabalhar no dossier de Almeida para que este projecto tivesse o melhor rumo».

E com isto consegue-se imaginar o consolo do autor dessas declarações, julgando dar uma chapelada a todos aqueles irritantes críticos da gestão do seu mandato, desde a alegada má gestão financeira, à patrimonial, passando pelas queixas dos próprios funcionários municipais alegando perseguição e injustiças, os mais jovens desiludidos e indiferentes, os mais velhos cépticos e desiludidos… e tudo o mais que ainda está por saltar das gargantas fundas.

Por outro lado, compreende-se ainda a perplexidade, apesar de todos estes contornos de golpe, agora inclusive nem com a uma possível candidatura a património mundial da UNESCO batem palmas, mas afinal que querem eles, queixam-se até por excesso de festas, ninguém os entende, uma corja, é preciso acabar com isso… antes que se faça tarde, senão que vai ser deste executivo, sempre tão bem intencionado e sempre tão mal compreendido!

Chega a dar pena! Tanto dinheiro gasto, e os almeidenses não dão mostras de entender o executivo eleito há quase quatro anos e, assim, com tantas reclamações, e sempre rodeado de pessoas tão competentes, tão sabedoras da matéria e cientificamente preparadas para a candidatura à UNESCO… só pode ser ingratidão ou rudeza destes ignorantes.

Será? É bem possível que os almeidenses, briosos com o seu património histórico, provando ser capazes de se indignarem por ele, quando muitos julgariam que estariam a dormir, se regozijem no íntimo, por um possível reconhecimento mais alargado da sua herança histórica como esperança ou miragem de sustentabilidade e desenvolvimento social e económico da população. Nem sequer os belisca que o projecto apareça integrado numa candidatura conjunta, de longe a ser preparada com pés e cabeça, até porque reconhecem que não seria nunca com esta forma atamancada que tem caracterizado a administração em Almeida, que alguma vez conseguirão alcançar esse sonho há muito perseguido, sempre a pairar no ar e sempre a esfumar-se no concreto.

Mas uma coisa parece clara, em todo este ambiente de tabus e cartolas, esqueceu-se o mais importante: o envolvimento afectivo e efectivo da população, a qual, em vez de se regozijar, agora apenas se sente joguete de manobras eleitoralistas. Por mais bem intencionada que seja, uma administração pública nunca deveria perder de vista o respeito pela comunidade que a elegeu para a governar. Quando venceu as últimas eleições, o executivo actual já tinha em mente a implementação deste projecto. Tanto, que fazia parte do seu programa e, porventura julgando até estar a trabalhar por ele, entregou Almeida às mãos dos seus técnicos “muito sabedores”, procurando sempre satisfazer-lhes os gostos, e até caprichos, sem sequer se dignar ouvir o sentir do resto da população. E se é justo que se diga que lhe fica bem esforçar-se por aquilo que constava do seu programa eleitoral, já não satisfaz que para alcançar quaisquer objectivos, sejam políticos ou pessoais, seja preciso vender a alma ao diabo, ou deixar-se enrolar por alfaiates que prometem casacas debruadas a ouro e diamantes!

Pelo que se pode verificar, a factura do ostracismo e decepção, nos mais variados domínios, na mistura de arrogância sempre repetida e profunda ao longo deste anos perante os eleitores, por mais bodos oferecidos aqui e ali ou quaisquer operações de charme para convencer a clientela, começam a não funcionar e até a obter um efeito completamente inverso: além de já não convencerem, acabam até por contribuir para acicatar uma indignação já acumulada.

Assim, não é de espantar que qualquer realização mais positiva se torne indiferente, qualquer “boa” notícia, ou qualquer outro truque de magia até às próximas eleições, mesmo que apadrinhado pelos nomes mais sonantes que possam ir agora buscar, ao invés das esperadas manifestações de agrado, se convertam facilmente em assobios estridentes, que nem mesmo com alguns aplausos mais abnegados se conseguem fazer calar.

Maria Clarinda Moreira

26 maio, 2009

ALMEIDA E A UNESCO...

Acabou o tabu e cá está o coelho tirado da cartola, conforme se referia no artigo publicado no anterior post.

Apesar do silêncio do sítio da CMA, alguns municípios e imprensa regional, começam a levantar o véu e começa a saber-se que Almeida, conjuntamente com outros quatro municípios (Elvas, Estremoz, Valença e Marvão), apresentaram intenção de em conjunto se candidatarem a Património Mundial da Unesco.

O que se deseja é o melhor para Almeida e se ser Património Mundial da Unesco fosse, por si só, bom seria óptimo. Mas as coisas não são assim tão lineares e muita, mas muita água vai correr debaixo das pontes até que a Unesco considere a candidatura válida…
Há que recordar que Marvão, que vem trabalhando metodicamente há muitos anos com esse objectivo, desistiu inicialmente da sua candidatura, por prever não cumprir os actuais critérios de classificação. Portanto, continua a não haver que embandeirar em arco só por uma almejada intenção de candidatura, pois muito haverá que alterar nos rumos já traçados bem à vista de todos nós - fora aqueles em previsão, um dos quais no artigo anterior em discussão, com todos os ramais temáticos, que cada vez mais merece dos almeidenses o slogan PEDRAS À NOSSA PORTA, NÃO!

Pelo menos no que diz respeito às intervenções arquitectónicas, sem esquecer a negligência de relacionamento com a sua própria comunidade, as opções que o Executivo tomou em Almeida ultimamente não virão, certamente, beneficiar esses critérios de classificação como Património Mundial. Pelo contrário, mesmo a correr favoravelmente esse processo, prevê-se que vai haver que despender muito dinheiro em modificações, pois a Comissão da Unesco que avalia as candidaturas é cada vez mais selectiva no rigor quanto a mamarrachos e outros devaneios arquitectónicos contrastantes numa desejada harmonia construtiva de locais históricos bem delimitados, como é o caso de Almeida.

Porque apresentar intenção de candidatura, por si só, não significa ter nota positiva no exame. Haverá primeiro que passar nas provas para isso. Sem esquecer a dificuldade de articulação de uma candidatura colectiva, com tudo o que isso implica!

Curiosa coincidência não deixa de ser a futura candidatura anunciada em ano de triplas eleições, para os vários órgãos: europeus, nacionais e autárquicos. Mas a tudo isto estaremos todos, enquanto cidadãos, bem atentos!

Rui Brito Fonseca

14 maio, 2009

REQUALIFICAÇÃO DO LARGO 25 DE ABRIL

Foi apresentado oficialmente na última Assembleia Municipal extraordinária, a 25 de Abril, o monumento a esta efeméride que se tenciona construir fora de portas, com informação aos presentes pelo Executivo de já estar o projecto aprovado pelo IGESPAR. As pessoas que puderam assistir presenciaram uma acesa discussão motivada pelas críticas levantadas por um dos membros dessa assembleia, Eng. Patrício, que, veementemente e com justificação técnica, discordou da implantação do dito monumento no local previsto.

Ainda que se ache necessário um arranjo condigno e consentâneo com a imponência das Portas de S. Francisco e se concorde com um monumento ao 25 de Abril, pensar em construir algo como o previsto no largo fronteiro às Portas de S. Francisco só passa pela cabeça de quem julga que os almeidenses não prezam a sua terra. É de tal modo grave e descabido o que ali se projecta fazer, que não há palavras para exprimir o quanto a Praça-Forte ficaria prejudicada! Pelos vistos, ainda não está satisfeita a sanha interventiva e insensível que o Executivo Camarário neste últimos anos tem desfechado sobre o património de Almeida, de tal modo danosa que muito a custo os almeidenses a poderão reparar. Todos conhecemos as opções que em nome da renovação de espaços têm sido tomadas, mas as que estão para vir reforçam a senda do desrespeito pelo valioso património histórico da Vila. Custa, assim, a crer que os almeidenses se desinteressem por esta situação, ou então passem procuração de olhos fechados à Câmara que elegeram há quase quatro anos, dando-lhe carta branca para decidir por eles. Mesmo outros poderes instituídos na vila, quer sejam associações culturais ou instituições políticas foram arredadas da discussão pública das machadadas que o poder camarário tem dado e tenciona continuar, tudo procurando silenciar.


Os projectados super mamarrachos, quer junto ao Castelo quer com a localização do monumento ao 25 de Abril (cujos projectos foram já objecto de acesa discussão aquando da realização de uns workshops em Agosto passado e logo posteriormente, quando colocadas imagens e resumo tanto no jornal Praça Alta como neste blogue Fórum Almeida , sob o título “(Des)arranjos em Almeida”) chocam ferozmente com a envolvência histórica da fortificação abaluartada, roubando a imponente esplanada ao monumento defronte às Portas de S. Francisco e afectando, pelo desmesurado contraste e anacronismo, a linha do horizonte da vila histórica.


É preciso consciencializar que a Praça-Forte padece com estes aleijões que estão a apagar o seu legado histórico-arquitectónico especial e único. É que essas incoerentes opções “renovadoras” estão a criar uma terra visualmente vulgar, como tantas outras que infelizmente enxameiam por Portugal! E nem os discursos estéticos ou coelhos tirados à última hora da cartola, como de uma eventual e sempre insinuada candidatura a classificação de Património Mundial da Unesco, justificam, bem pelo contrário, tanto disparate, nada trazendo de novo que os Almeidenses se possam verdadeiramente orgulhar e com que futuramente melhor se possam governar, se em mais assim se apostar.

Neste momento, não é de um aumento de fluxo de visitantes que Almeida precisa, mas de repensar em estratégias sustentáveis para o seu presente e futuro. E o orgulho dos almeidenses deve estar na inovação sem prejuízo da preservação do “seu” monumento, com todas as lições de História que dele podemos apreender, partilhando-o com o visitante. Não na sua vulgaridade.
Abramos os olhos!

Rui Brito Fonseca

NOTA: Este 'post' baseia-se num artigo publicado no nº168 do Jornal 'Praça Alta' a 12 de Maio. Para melhor informação dos almeidenses, optou-se ainda por digitalizar a planta do Projecto de Requalificação com sinalização dos respectivos sentidos viários, bem como a legendagem explicativa apresentada pela redacção do mesmo Jornal, que se seguem.




11 maio, 2009

IMPORTANTE PARA OS NOSSOS AGRICULTORES

LEGALIZAÇÃO DE POÇOS, CHARCAS E OUTROS

INFORMAMOS TODOS OS AGRICULTORES E DEMAIS INTERESSADOS QUE O PRAZO PARA LEGALIZAÇÃO DE POÇOS, CHARCAS E OUTROS, FOI PRORROGADO PARA

31 DE MAIO DE 2010

Todos os agricultores do nosso concelho podem efectuar a legalização instituída por lei com a maior calma, em sossego uma vez que ainda têm mais um ano de prazo.
Mais informamos, que neste momento existem entidades devidamente preparadas para os auxiliar na execução deste processo, extremamente simples, são elas:

Junta de Freguesia de Vilar Formoso
Gabinete do Agricultor – C. M. A.

Não podemos deixar de passar esta oportunidade sem criticar o actual executivo camarário, representado pelo Senhor Presidente da Câmara Batista Ribeiro e o Senhor Vereador José Alberto Morgado, na forma e conteúdo como lidaram com todo este processo.

Sem pragmatismo, pois só se lembraram de Santa Bárbara quando trovejou, sem calma e sem ponderação de forma a não criar alarmismos desnecessários, pois a plateia era constituída na sua maioria por pessoas com idade já avançada e sem conhecimento da Lei.

Foi realizada uma sessão, que diziam de esclarecimento e informação do estatuído pelo Decreto-Lei n.º 226-A/2007 – nomeadamente art.º 89, convocada com toda a pompa e circunstância (o convite mais parecia para um casamento) para o Auditório Municipal de Almeida.
O Senhor Presidente da Câmara Municipal Batista Ribeiro não fez mais nada a não ser criar um ambiente de pânico aos presentes, insistindo por mais de uma vez que havia coimas, impostos e taxas, deixando na mente dos presentes uma imagem catastrófica.
Mas de esclarecimento sobre a legalização dos ditos poços… não sabia nada porque…não sabia.
Fiquei sem saber o que foi lá fazer então!
O Senhor Vereador José Alberto pouco ou nada adiantou também, pois…não sabia.
Limitou-se a afirmar que os poços secos não obrigavam ao seu registo.
Divulgou uma linha de crédito para Agricultores, afirmando ou dando a imagem, que a mesma seria a salvação da Pátria. O futuro nos dirá se tinha razão.

Se os protagonistas da convocatória da reunião, Batista Ribeiro e José Alberto Morgado da Câmara Municipal de Almeida, nada sabiam como o afirmaram, então qual o motivo e finalidade da convocatória desta reunião?
Porque se incomodaram as pessoas que vieram das suas terras deixando os seus afazeres a deslocarem-se a Almeida para lhes dizer que “…atenção vem aí um terramoto mas nós não vos podemos valer e se quiserem mais informações, dirijam-se ao Gabinete do Agricultor.”

Felizmente neste País ainda há Instituições que zelam pelos interesses de todos nós, que têm ao seu serviço gente com grande capacidade profissional, atentos a todas estas situações. Neste caso a minha homenagem à CAP- Confederação dos Agricultores de Portugal, e aos seus representantes no Concelho de Almeida.

Que este acto sirva de exemplo e permita alguma aprendizagem a todos vós.

João Neves

08 maio, 2009

ALMEIDENSE LANÇA NOVO LIVRO


LANÇAMENTO DO NOVO LIVRO DO FILÓSOFO PORTUGUÊS ANTÓNIO TELMO: "CONGEMINAÇÕES DE UM NEOPITAGÓRICO"

9 Maio - 15h - Biblioteca Municipal de Sesimbra


"Congeminações de um Neopitagórico" é o título do novo livro de António Telmo, um dos representantes vivos da escola da filosofia portuguesa. Esta obra integra-se na colecção Nova Águia, dedicada à Filosofia e Cultura Lusófonas.
O lançamento terá lugar já no próximo dia 9 de Maio, pelas 15h, na Biblioteca Municipal de Sesimbra. Para além de contar a presença do autor, a obra será apresentada por Pedro Sinde. Estarão igualmente presentes Renato Epifânio, director da Colecção e da Revista Nova Águia, Carminda Proença e o editor Alexandre Gabriel. Nesta ocasião será igualmente apresentado o 3º número da Revista Nova Águia, dedicado ao legado de Agostinho da Silva.

SOBRE A OBRA
«Foram Portugal e Espanha - sobretudo Portugal - a darem ao Mundo o conhecimento de si mesmo. Agora lhes conviria e lhes caberia o papel de dar o conhecimento daquilo que é fundamental nesse Mundo: Toda a gente poder ter aquilo a que chamo de Vida Poética, no sentido de criadora, em qualquer dos domínios: artes, ciência, filosofia, mística.
Isso é possível e deveria fazer-se.»Agostinho da Silva

Este livro apresenta-se como o órgão literário de um pequeno círculo, animado pela vida contínua e pelo movimento de expansão e entrega ao Mundo.
É a expressão de um grupo que, desenvolvendo-se por mestria de esquadro e compasso, pretende cultivar a Vida Poética, tal como no-la faz entender Agostinho da Silva, em si e nos outros.


«Este é um livro que se lê e relê com o proveito contagiado pela alma ígnea que anima o autor. O seu estilo característico alia com mestria, como raramente se encontra, a arte de bem dizer e o dizer profundo ou fecundo ao humor, o que torna este livro, a par de outro comparável a este titulado Filosofia e Kabbalah, um caso único no panorama contemporâneo das letras em Portugal. A melhor forma de fazer jus ao livro é deixá-lo falar por si próprio.»Pedro Sinde

SOBRE O AUTOR

António Telmo nasceu em Almeida, distrito da Guarda, numa casa da rua do Convento, no centro do hexagrama formado pelas muralhas que cercam a vila.
Foi no dia 2 de Maio de 1927, pelas duas horas da tarde. O Leão aparecia no horizonte e o Sol erguia-se alto no Touro. Por uma dessas estranhas coincidências que, por vezes, marcam a relação íntima de certos acontecimentos, nas Centúrias de Nostradamus, escritas há cerca de meio milénio, vem anunciado o nascimento do "grande Portugalois", junto a um convento em "la Guardia". Claro que esta Guarda é outra e outro é o convento. Quem dera ao autor deste livro pertencer a uma organização conventual de altos espíritos que guardassem o mundo humano nestes tempos de fim. Viveu em Portugal 72 anos e os restantes fora de portas: em Moçâmedes (Angola), Brasília (Brasil) e em Granada (Espanha), dividindo-se até hoje o seu tempo por dezassete lugares. Recorda com gratidão Arruda dos Vinhos, da sua infância, que é ainda hoje a forma terrestre do seu Paraíso; Sesimbra, a da sua juventude que lhe ensinou o mar, a amargura e a imaginação; Évora e o seu passado de sombras e de história; Redondo, onde, antes do 25 de Abril, fundou a primeira escola democrática do país. Há vinte e tal anos ensina crianças em Estremoz. Em Brasília, a amizade de Eudoro de Sousa e de Agostinho da Silva pôs em professor universitário um homem que não teve a paciência nem gosto, até aos 40 anos, para completar a licenciatura na Faculdade de Letras de Lisboa. O aluno aqui era professor lá. Ensinou a Écloga IV, de Virgílio, durante três anos. Bastou-lhe este texto de algumas páginas, pois não confunde ensino com Internet. Iniciou-se como fazedor de livros aos 36 anos, com uma Arte Poética, não de versejar mas de dar voltas ao espírito. Tenciona nascer de novo, mas não sabe onde, nem quando, nem como, nem se isso é possível fora deste mundo. Entretanto, espera e crê, sem pressa, como aprendeu com os alentejanos, procurando estar de pé sobre a extensa planície, a toda a volta, com a sua sugestão de liberdade e de infinito.
In: Zéfiro, Edições

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