11 fevereiro, 2009

Seremos implacáveis....

Seremos implacáveis…..

O Mundo de dia para dia vai-nos trazendo notícias que só servem para aumentar a nossa preocupação.
Vivemos hoje uma vida tão intranquila, que o sonho que fomos mantendo durante tantos e tantos anos na previsão do nosso futuro como Homens, está a desmoronar-se com a rapidez de um castelo de cartas em cima de uma mesa, num dia de terramoto.
Encontrar culpados para justificar esta situação é talvez a tarefa mais fácil.
O mais difícil é encontrar soluções para corrigir os erros.
Goste-se ou não dos Estados Unidos, goste-se ou não do seu actual Presidente, Barack Obama, a questão é que este jovem, assim que tomou posse não perdeu tempo a decidir que todos os gestores de empresas que recorrem a fundos estatais, não podem auferir mais do que 390.000 euros ano.
E em Portugal? Será que tudo se vai manter como até aqui? Será que vamos continuar a ver gestores de grandes empresas a “abotoar-se” com vencimentos chorudos e prémios quase idênticos sendo que nalguns casos até superiores aos dos americanos?
Será que empresas vão continuar a despedir funcionários por dificuldades de consumo de mercado e por dificuldades económicas, enquanto os patrões/gestores continuam a viver uma tranquila vida em festas e festinhas de arromba e a gastar grandes fortunas ao longo de todo um ano?
Não sou dos que pensam que não deve haver patrões. Não sou dos que pensam que não deve haver ricos. Toda a vida houve gente assim, e tem que continuar a haver.
Mas também é certo que sempre houve ricos que souberam respeitar e ajudar os pobres, e ricos houve que só não os exploraram mais porque eles não deixaram.
Toda a vida houve gente que mandou e gente mandada. Mas também é verdade que houve gente que mandou sem saber mandar e gente que obedeceu sem questionar o que quer que fosse, porque essa é a sua cultura.
Talvez por tudo isso, hoje estamos a viver e a conviver lado a lado com pessoas que por força das circunstâncias e com as responsabilidades que lhes atribuíram, só nos trouxeram problemas, dificuldades, incompreensões, incompetências e arrogância.
O momento é muito crítico e as dificuldades da vida ainda se irão degradar mais ao longo do ano que estamos a viver. Talvez o meu pessimismo seja em demasia, mas a questão é que acredito que nem 2010 vai ser um ano positivo. Talvez pelo contrário.
A questão neste momento reside em conseguirmos obter um conjunto de vantagens que nos permita a curto prazo diminuir os danos colaterais. A forma mais fácil é levando a cabo o lema do nosso Povo: A união faz a força.
Este ano teremos nada mais do que três actos eleitorais.
Eleições para o Parlamento Europeu, para a Assembleia da República, donde sairá o próximo Governo para mais quatro anos de grandes decisões, e eleições Autárquicas, aquelas que mais directamente e de mais perto nos tocam a todos nós.
Este, ainda não será certamente o momento para trazer a discussão decisões ou ideias. Deixemos passar mais algum tempo, pois certamente virão aí posturas publicitadas como excelentes e inovadoras e de cariz social, procurando assim desta forma tentar recolher simpatias e adeptos, que é como quem diz votos.
Aqui, estaremos atentos a tudo isso para aplaudir o que for positivo e criticar o que entendermos ser negativo. Seremos implacáveis nas críticas a incompetentes e esbanjadores.
Mas uma coisa é certa, nada nos moverá de emitirmos a nossa opinião.






02 fevereiro, 2009

ATENTADOS…OU NÃO…


NOTA: Este post pretendia ser apenas um comentário a colocar n’ O BLOGUE DO CASTELO, a propósito da pergunta colocada no passado Domingo, 1 de Fevereiro “Os atentados são relativos… ou não?” na sequência de outro post quase imediatamente antes, “Almeida antiga”. Como o número de caracteres excedia o permitido por aquele blogue, publica-se aqui, com o pedido de desculpas ao autor desse blogue.

A recuperação ou reconstrução do passado histórico envolve sempre alguma subjectividade, seja numa perspectiva escrita dos factos (a História), seja na preservação e reconstituição do património arquitectónico. Só para ilustrar este último, lembremo-nos que no dealbar da 1ª República, todos os castelos bem como a maior parte dos grandes monumentos se encontravam muito degradados. Com a necessidade da solidificação do Novo Regime, houve um autêntica febre de reconstruções a todos os níveis, sendo exemplo muitas das igrejas antigas e todos, mas todos os castelos que hoje em dia conhecemos relativamente “bem conservados”. Almeida também foi alvo dessas reconstruções nos anos 30/40 do Séc. XX.
Basta olhar para os postais do início desse século e comparar com o que nos ficou e que foi finalizado nos anos 60. O caso das guaritas da fortaleza foi uma das últimas reconstruções, tendo muitas delas sido construídas de raiz, excepto a sua base que se encontrava “encaixada” na cantaria da muralhas, no seus vértices ou no seu pano rectilíneo. A alteração efectuada na zona da muralha sob o fosso da “Horta do Governador”, em frente do Revelim dos Amores, ocorreu nessa época. E qual a razão de derrubarem os “portelos” que ali existiam e construírem a guarita que ora lá se encontra? Essa alteração pode não ser consensual, mas quem o fez teve em conta que lá teria existido eventualmente uma guarita, pelo menos, se a memória não me falha, ali havia a sua base granítica e, em época remota, ou foi abandonada a sua construção, ou posteriormente foi derrubada para a construção dos ditos “portelos” que deveriam dar acesso ou a umas latrinas ou um palanque sobre o fosso. Portanto, ambas as opções reconstrutivas poderiam ser admissíveis…
As marcas deixadas em várias épocas numa determinada construção ou conjunto monumental, não são de rejeitar liminarmente. Ao fim e ao cabo, não deixam de ser testemunhos da sociedade humana que ali habitou, fazendo parte da História e que convém preservar para a sua apreensão.
Questiona-se, por exemplo, em Almeida a construção do depósito da água que constrasta com toda a construção do monumento e que hoje, não obstante interferir no recorte do céu, ou “skyline”, faz parte da memória colectiva dos almeidenses. Há, contudo, que ter em conta vários factores, nomeadamente a contingência técnica, na época em que foi construído, de o abastecimento de um bem tão precioso como é água ter que forçosamente ser feito a partir de um ponto mais alto; hoje em dia há soluções técnicas que evitam construir depósitos em locais elevados sobre o casario. Contudo, e se analisarmos bem, verificamos que houve alguma preocupação estética na integração mínima com o ambiente envolvente, nomeadamente, a torre do relógio, as muralhas e a memória de ali perto ter existido um castelo com sua torre de menagem. O depósito não foi construído nem em betão armado, nem com uns inestéticos, mas funcionais pilares, de construção simplificada e mais baratos, com as encanações à vista, como em muitos outros lados. Houve mesmo o cuidado de serem edificadas a meia altura umas varandas, numa aproximação estética aos balcões da arquitectura acastelada medieval…
Saltando para a actualidade e as construções que ora se têm feito e se pretendem efectuar, e que tanta controvérsia têm levantado, convém recordar que a vila intramuros não é um núcleo histórico em espaço aberto, como em muitos locais, mas constitui só por si todo um centro histórico, muito bem definido e que VALE POR ISSO MESMO, sendo a sua manutenção, conservação e restauro, um factor essencial de potencial desenvolvimento económico local, mas sobretudo de preservação da sua importância histórica. Chamem-lhe vila-museu, ou o que se quiser, mas se não houver uma arquitectura integrada com o todo envolvente, a sua identidade como praça-forte e local histórico que marca a diferença em relação a outros sítios, e orgulho dos seus habitantes, inevitavelmente se vai perder. E é com alguma razão que se podem chamar de mamarrachos as obras que muitos contestam.
Construir moderno, não tem que ser desintegrado. Repare-se no novo edifício da futura biblioteca municipal. Alguém contesta a sua arquitectura, alguém diz que o edificado choca com o envolvente? Haja algum bom-senso e compare-se com o edifício da Praça da Liberdade, das pirâmides sobre as Portas de Santo António, o buraco e a decoração azulejada da chamada “Porta nova”, ou o que se está a construir nas Casamatas e no que se pretende fazer um pouco por toda aérea da Praça de Guerra. Não há comparações possíveis! Se houver persistência nesses modelos construtivos e não se alterar os já finalizados, Almeida vai ficar sempre a perder . E, mesmo que as pessoas se venham a habituar a essas desfasadas construções, infelizmente se cumpre o ditado popular : ”quem feio ama, bonito lhe parece”.

Rui Brito da Fonseca