29 outubro, 2008

INTERVENÇÕES DESTAS? NÃO, OBRIGADO!

Poderá parecer aos menos avisados munícipes que a defesa do património histórico na sede do município em Almeida ou no concelho é uma questão em que pouco mais há a dizer. Aliás, poderão até outros habitantes do concelho interrogar-se sobre a veemência com que neste blogue se tem abordado este tema, já que essa questão não afecta a sua própria aldeia ou vila e, portanto, até possam “estar-se nas tintas” para o que se passa na sua sede…
Mas não parece que seja assim: já por várias vezes, em participações escritas, tentei transmitir a importância que o património histórico, natural, cinegético e ecológico tem para o concelho. Penso mesmo que é nele que reside a grande parte da sua possibilidade de sobrevivência económica e social, já que a estagnação económica e social das regiões do interior resulta da sua desertificação humana e do facto de as pessoas partirem para onde exista trabalho que lhes possa proporcionar melhor qualidade de vida.

E que potencialidades tem o concelho de modo a travar ou mesmo inverter essa desertificação? Qual a receita que poderá, pelo menos parcialmente, estancar este abandono constante dos residentes que se tem vindo a acentuar?

Activar a economia, investindo na agricultura, na indústria transformadora, no comércio?
Hoje em dia, e ainda mais com os efeitos de globalização, parece não haver dúvidas sobre as hipóteses de se encontrar nestas três áreas de actividade a possibilidade de serem muito mais dinamizadas, a ponto de inverter esta tendência das populações, sobretudo os jovens, de se deslocarem para as cidades.
Vejamos: a agricultura, no nosso concelho, não tem as condições geológicas dos solos ou climatéricas ideais para concorrer com outras regiões, tanto nacionais como comunitárias, no tipo de culturas tradicionais nem de outras, agora de produção em massa. Portanto, a agricultura aqui pode ter alguns nichos de produção restrita, nomeadamente a pecuária e silvicultura, mas pouco mais; a indústria, além da falta de pessoas, tem carência de pessoal qualificado. Uma grande fábrica não pode ser no nosso concelho implantada, pois se inicialmente até seria encarada como uma mais-valia, perspectivando-se como entidade empregadora de uma grande fatia da população activa, imagine-se o desastre social que seria, caso encerrasse… (lembremo-nos dos exemplos da Montebelo em Almeida e da Rhode em Pinhel que provocou um grande abalo social, com centenas de pessoas desempregadas que não tiveram na sua maioria alternativa de mudar para outro emprego). Assim, a hipótese mais viável seria procurar dinamizar pequenas ou médias indústrias e incentivar especificamente as ligadas à produção tradicional local, o que pode bem ser um objectivo por quem tem responsabilidades políticas…

Quanto ao comércio, em todo o concelho, como se sabe, o centro mais marcante desta actividade está na fronteira de Vilar Formoso, que também já viu melhores dias, caracterizado não só pelo movimento rodoviário e pela atracção das gentes de Espanha aos seus mercados e estabelecimentos… mas hoje a carecer de outras estratégias, que seria muito importante repensar!
- Qual é, então, a área mais agregadora de esforços em que se deverá apostar para que haja alguma dinamização e possa ser o volte-face da situação actual, resultando na criação de condições de fixação de alguma população?
Todos os analistas que se têm debruçado sobre esta problemática parecem unânimes em privilegiarem o turismo como a aposta mais forte, a pedra de toque para melhorar o nível económico das populações, motivando-as a fixar-se localmente, evitando a sua contínua fuga para o litoral ou para o estrangeiro.
Ora, para haver turismo tem que haver visitantes. E a estes o que os atrai para se deslocarem e permanecerem em Almeida e no seu concelho? Naturalmente aquilo que possui como autêntico, e deve ser preservado, bem como outras valências que possam ser criadas ou melhor aproveitadas e lhe são complementares. O que possuímos em todo o concelho é um conjunto diversificado do património que pode constituir uma rede de pontos de atracção únicos e genuínos para os visitantes.
E nele incluído, a vertente do património histórico-natural que ressalta por várias freguesias no concelho, com um expoente na sede do município, onde está implantada uma fortaleza, relativamente bem conservada que, pela sua grandiosidade e tipo de construção, a todos surpreende e, pela sua identidade e harmonia arquitectónica, é uma mais-valia histórica invulgar que atrai visitantes, os quais poderão despender algum dinheiro se houver em que o gastar, ou permanecer na região, simplesmente em lazer, a rever memórias ou a descansar do bulício das cidades. E naturalmente procurarão bens que sejam os mais típicos da região ou relacionados com a sua história e tradição, pois não irão adquirir algo que normalmente têm em qualquer loja ou sítio junto das suas residências habituais. E como visitar também abre o apetite ao forasteiro, este mais facilmente ficará seduzido por sabores e receitas tradicionais se existirem locais, inclusive espalhados pelas outras freguesias, bem divulgados, onde se possa bem comer, se se mantiver a qualidade naquilo que apresentam…
Mas o visitante só vem a Almeida, permanece, recomenda a amigos, regressa novamente e aqui gasta dinheiro, se se sentir atraído por algo que valha a pena ver ou usufruir, como lugar único pelas suas características.
... E alguém de bom senso acredita que esse mesmo visitante aprecia a vulgaridade de acrescentos e mamarrachadas nos espaços históricos da vila de Almeida e nos núcleos histórico-naturais de algumas das suas freguesias, que só os descaracterizam?!!!
No entanto, esta vaga delapidadora de um património cultural diferente, praticamente único meio capaz de gerar algum benefício, portanto, de ajudar a fixar pessoas, espalhou já efeitos perversos e ao que parece com muita vontade de continuar. Sem pensar que com ela desaparecem o ambiente e o encanto genuíno que Almeida conheceu e ainda possui! E que vulgarizando ou desfeando qualquer pedaço de história e cultura se está a destruir não só algo magnífico como também economicamente produtivo…
Para que é que Almeida necessita de pirâmides de vidro sobre portas abaluartadas, edifícios modernaços na sua praça de visitas, pórticos com azulejos geometricamente dispostos e outros arremedos de obras de arte? Que mais-valia terá para o Centro Histórico a construção de um edifico no ponto mais elevado da vila, visível, recortando o horizonte, contrastando pela sua forma e modernidade junto das vetustas ruínas do que foi um grandioso castelo medieval, ao lado do antigo cemitério?

Em que vai valorizar Almeida um monumento ao 25 de Abril que, pela sua dimensão de implante e contraste, com todo o aparelho de granitos e repuxos, ofusca a monumentalidade da entrada da própria fortaleza e reduz a imponência das suas Portas a um vulgar acesso de qualquer vila ou cidade?

Se há que ordenar o trânsito, se há que precaver acidentes junto ao jardim da pérgola, se existe um desejo de um monumento ao 25 de Abril, será que a melhor solução é atravancar todo o acesso a uma fortaleza histórica… com granitos, tanques e esguichos, numa zona que sempre lutou com falta de água?
Como nos disse um amigo que recentemente visitou Almeida, e agora acompanha todos estes projectos com apreensão pelo efeito perverso que já conheceu de outros lugares, todas estas obras não passam de “arquitetontices”… Mas pior ainda, são desperdiçadoras de verbas que poderiam ser canalizadas para a manutenção e restauros efectivamente valorizadores, tanto do Monumento como de outros lugares de interesse do concelho!
Quando é que os Almeidenses se darão conta destes desvarios e dirão: “BASTA!”???


- O Monumento é nacional, mas nós que aqui vivemos ou lhe estamos intimamente ligados por gerações, devemos ser ouvidos sobre o que nele querem fazer! De outro modo, Almeida e seu concelho, por onde se fizerem intervenções destas, irremediavelmente e cada vez mais, se irá a todos os níveis empobrecendo, em vez de se valorizar. E nós também seremos considerados responsáveis por não pedirmos contas a quem assim (tão mal) decide.

Rui Brito da Fonseca

12 outubro, 2008

MAIS QUE MIL PALAVRAS...


Ainda a propósito dos posts mais recentes, relacionados com o património de Almeida, que têm motivado intensa participação de visitantes e comentários dos leitores, é interessante salientar o seguinte:

1) Há bem pouco tempo, antes do aparecimento deste blogue, os temas relacionados com o Património eram apenas aflorados pela generalidade dos almeidenses nas esquinas, em voz baixa, com indignação recalcada, ou apenas com a resignação de quem normalmente se sentia impotente para se pronunciar sobre o que quer que fosse que achavam mal, deixando o trabalho de contestação aos “políticos”, se assim o entendessem.
2) O aparecimento e divulgação das novas tecnologias permitiu uma alteração significativa da forma de expressar o parecer de cada um, porque nem que seja a coberto de anonimato, salvaguardadas as elementares regras de decoro, podem exprimir a sua opinião, cientes que sobre eles não recairá nenhuma retaliação, como sucedia antes.
3) Por não constituir qualquer apologia do anonimato, antes uma contingência de um meio pequeno e de cidadãos pouco à vontade, ou que no dia-a-dia sentem represálias pela livre expressão do seu pensamento, este blogue não tem alternativa para lhes dar voz, mas em contrapartida, parte desta característica fundamental: todas as participações temáticas que introduzem os debates são assinadas pelos seus autores, sem recurso a qualquer nome falso.
4) Quer isto dizer que felizmente os tempos evoluíram, por um lado, mas também que as pessoas que voluntariamente assinam as suas participações dão a cara por aquilo que escrevem, assumindo publicamente as suas posições – sem medo de serem rotuladas por chicanas que defendem interesses contrários aos deste espaço de debate, ou de serem contestadas por falta de veracidade naquilo que publicam.

Assim, e a talhe de foice de alguns comentários menos informados, mais indignados, ou melhor intencionados, estes defendendo o diálogo com o poder autárquico, torna-se pertinente esclarecer o seguinte:

- Antes de bater a porta na colaboração com este executivo, também eu acreditei que o seu presidente era uma pessoa experiente, pelo seu trabalho autárquico como vereador durante 12 anos, além de outros como presidente de Junta de Freguesia; também eu pensei que era uma pessoa seriamente preocupada com o futuro dos seus concidadãos, tomando algumas atitudes excessivamente exaltadas como frontalidade e coragem, sinais de determinação e vontade de concretização dos projectos em que acreditava.

E não me enganei. Pelo menos totalmente. De facto, é uma questão de registo (o excesso de voluntarismo conduz geralmente a problemas de autismo) e de perspectiva: diversas vezes reconheci publicamente o mérito deste executivo em procurar criar condições de dinamismo cultural, embora, confesso, me desiludisse que começasse a torná-lo mero folclore, sem capacidade de perspectivar, a par disso, outras preocupações mais fundas e a longo prazo. Liderar para a satisfação imediata pode ser um acto de inteligência para sobrevivência no poder, mas é também uma de falta de visão estratégica e consequente. Pior do que isso, deixar-se ficar refém de técnicos contratados para “fazer obra” e usar dinheiros comunitários, sem querer sequer escutar verdadeiramente a opinião de outros munícipes ou técnicos, invocando uma teoria de “macacos e galhos” para se justificar nas competências de quem contrata, é um sinal demolidor de credibilidade. Três vezes (3!) me esforcei por ter um diálogo sereno e cara a cara, com este executivo, além de outras vezes, por escrito e à distância, para tentar resolver a bem um insulto público desrespeitador da divergência de opinião. A reacção tardia e meramente descartadora não foi mais do que uma cobertura para atitudes arrogantes, às quais se colou indelevelmente, vindo também a encarnar atitudes muito semelhantes, como se viu nos recentes workshops.

Contudo, não se pense que a verdade dos factos se resume a isto: outra resposta a uma reacção de protesto pelo desaforo de sucessivos atropelos relativamente a convidados e recriadores já na Recriação Histórica e respectivas Jornadas de 2007, onde como mentora e dinamizadora inicial das mesmas, confessava que “tinha vindo a Almeida para sofrer, só não sabia é que ia doer tanto” veio, por sua vez assinada pelo Vice-Presidente do Executivo, vereador de Cultura, a quem também se entregavam os louros de qualquer êxito das iniciativas, sintetizada em apenas dois provérbios, via mail (lamento, se desiludo os admiradores):

- “Mais vale mágoa no coração, que vergonha na cara!”
e
- “Nos milheirais comem os pardais”

Como não preferi a vergonha de pactuar com o que estava fora das nossas concordâncias, nem estava disposta a “comer nesses milheirais”, mantive-me fora. Mais tarde, bastante mais tarde, completamente afastada da colaboração com Almeida, e antes de qualquer participação neste blogue, prova de que o regime que aqui vigora é “quem não é por mim é contra mim”, recebi uma carta assinada pelo Presidente, acusando-me, bem como a toda a minha família chegada, de “boicote”…

- Pasme-se!!! Todos a torcermos por Almeida, colaborando até ao limite das nossas disponibilidade e boa fé - e ainda levamos com desconsiderações e desconfianças destas! Boicote… apenas porque tivemos a lisura de não escamotear as nossas discordâncias junto de quem acreditávamos ter o dever de as escutar e procurar ouvir outras opiniões para melhor decidir??? E como se não bastasse, ainda declarando ter-se imposto a si mesmo “um período de reflexão”. Período de reflexão que só pode ter gasto, não no silêncio da sua consciência, mas na companhia da sua trupe de toupeiras, procurando em vão desenterrar quaisquer “acusações falsas” – sem conseguir fundamentar um único argumento!

Na altura, levou nova resposta escrita, que obviamente não serviu de nada, já que ficou no segredo do Olimpo. Um Olimpo onde os deuses continuam a planear levar por diante mais “investimentos”, simpósios, projectos escultóricos baptizando-os de “arte popular”, para impingirem mais obras, obras como aquelas que vão conseguindo aprovar com manobras de braço enfiado no IGESPAR de Lisboa, ou batendo com pé no chão para vencer as resistências da Delegação Regional de Cultura, contra a vontade da população, contra o parecer e recomendação de outros técnicos, como o Arq. Perbellini da Europa Nostra, do Dr. Ray Bondin, membro do ICOMOS…esse, azar no discurso que trouxe, amigo do arq. João Campos, começando por elogiá-lo, sem saber o que ia verdadeiramente encontrar no terreno e acabando, sem querer, por pôr o dedo na ferida de Almeida. (Sobre tudo isto, voltaremos com mais notícias, oportunamente!)

Por isso, e porque o debate não se pode efectuar com marginalização dos almeidenses, nem com o escamotear da verdade, escolhemos este fórum para, responsavelmente, todos podermos exprimir as nossas opiniões. Não, não se trata de vinganças nem politiquices: como se pode ver, até aqui TODAS AS TENTATIVAS DE DIÁLOGO SAIRAM GORADAS. Sobrou apenas este espaço, que irrita muita gente, certamente, mas cuja intenção, à falta de melhor, é que haja participação de consciências livres e verdadeiramente democráticas sobre o futuro de Almeida.

Enquanto isso, e evidência do que aqui é muitas vezes afirmado, podemos todos ir-nos preparando, porque apesar de toda a contestação, a probabilidade de as obras se efectuarem, se tornará uma certeza! Porque a máxima é “só não é polémico quem não faz nada e pelo menos eu faço”. É tarde demais para recuar: investido tanto espalhafato, tanto alarde com peritos, mesmo que estes até nem fossem ou se viessem a revelar tão competentes como isso, não importa! Os ovos foram todos postos nesse cesto. O cesto que é oferecido aos almeidenses com promessas de um pão-de-ló para o seu desenvolvimento. E os ovos, mesmo que já cheiram mal, não se podem deitar fora e voltar atrás…

E tais ovos de tão podres e inchados de contentamento por esta enorme confiança de um executivo de uma pobre autarquia desertificada, até já saltam do cesto, em gestos de grande audácia, ameaçando atirar-se a quem lhes fizer frente: aconteceu nos workshops, acontecera antes, e tornará a acontecer. Ainda recentemente, por ocasião, da visita da Secretária de Estado da Cultura, houve mais evidências desse descaramento.

Mas não nos indignemos: está a ser fabricado um pão-de-ló em forma de estrela, que será posto numa travessa bem comprida, com um cravo cheio de repuxos para não murchar o espírito do 25 de Abril em Almeida. No meio, um exemplar da tal “arte popular” que pode ser por todos admirada: 24 calhaus + 1 de metal, que ainda falta. Tudo para que os almeidenses “sejam muito felizes”… sobretudo aqueles que ainda há pouco eram desdenhosamente apelidados de “abrileiros” por, na melhor das intenções, sonharem com um monumento comemorativo dessa efeméride!


- Que sorte a nossa!

Maria Clarinda Moreira

02 outubro, 2008

E DEMOS CABO DO MUNDO!

Em crónica publicada no Jornal de Notícias de 09.05.2007, o escritor Manuel António Pina recorda ler na escola o seguinte epigrama de Bocage:

Arrimado às duas portas,
Pingue boticário estava.
E brandamente acenou
A um doutor que passava.

Mal que chega o bom Galeno
Diz o outro com ar jucundo:
Unamo-nos, meu doutor,
E demos cabo do Mundo!

Propondo o autor dessa crónica, que se substituísse “boticário” por “autarca” e “doutor” por “arquitecto”, obter-se-ia (cita-se):

um panorama mais-que-perfeito do que acontece hoje em muitas cidades. A mistura explosiva de voluntarismo e ignorância de autarcas com o voluntarismo e arrogância de alguns arquitectos tem vindo a destruir a memória e ‘espírito do lugar’ de numerosos centros históricos”.



Precisamente temendo que o erro ilustrado nestes versos jocosos de Bocage pudesse acontecer em Almeida perante os sinais notórios de aparecimento de um “contentor de obras” na Praça da Liberdade, junto à Câmara, bem como uma reconfiguração de um buraco anteriormente feito na muralha, no qual se investia sem uma efectiva mais-valia de adequação dessa entrada a um centro histórico como o de Almeida, foi escrito e entregue, no final desse mesmo mês de Maio de 2007, um memorando de apelo ao Executivo para parar e reflectir, antes de mais, sobre as verdadeiras necessidades desta vila.


A resposta, tardia, veio embrulhada num convite, com elogios à mistura, de continuação de colaboração “à distância sem interferência neste grupo de trabalho” no qual tinha sido instada a participar, pelo qual dera a cara, procurando cativar todas as sinergias de amigos e estudiosos dedicados a Almeida.

A decepção de ver um executivo que prometia um dinamismo “comprometido com todos” a tomar esta opção de marginalizar qualquer tentativa de contestação, fazendo concessões unilaterais a arquitectos, foi tão profunda que não houve outra saída senão recusar o indigno ‘convite’ e afastar-me dessa colaboração com Almeida.


Mais de um ano depois, com outras advertências pelo meio perante mais evidências de autismo, tive oportunidade de comprovar nestes últimos workshops que a arrogância não apenas se manteve como ainda se acentuou.

E que o voluntarismo troante apenas confirmou um fraco servilismo, pronto a persistir (e pagar!) mais disparates.


Por essa determinação de destruição da memória e ‘espírito do lugar’ de Almeida, tenho que reconhecer que, afinal, uns e outros se tornaram autênticos merecedores da ironia dos versos de Bocage:

Unamo-nos, meu doutor,
E demos cabo do Mundo!


Um Mundo de potencial, que ainda mal despontado estava, logo se procurou atrofiar, dando prioridade à aplicação de mezinhas à toa que, venham de “boticário” ou de “doutor”, afinal não passam mesmo de banha-da-cobra… que se pretende alastrar a outros lugares do concelho de Almeida.

Com que objectivos? Cabe aos munícipes julgar!

Maria Clarinda Moreira