09 agosto, 2011

Encerramento de piscinas...sim ou não?

Almeida aposta em novas soluções para evitar encerramento de piscinas.


Para evitar o encerramento de uma das piscinas municipais, a funcionar em Vilar Formoso e Almeida, a autarquia está a avançar com algumas soluções. Uma delas é a instalação de painéis solares para reduzir a fatura da energia e outra é a construção de piscinas de ar livre junto aos dois complexos.
Com dois complexos de piscinas municipais, o concelho de Almeida depara-se atualmente com dificuldades para manter os equipamentos a funcionar. “Há que reconhecer que está a ser uma grande dificuldade. Não podemos nem devemos esconder o que é uma realidade, diz António Batista Ribeiro, presidente do Município e do conselho de administração da Almeida Municípia, empresa municipal responsável pela gestão dos mesmos.

O autarca explica a atual situação com o despovoamento que tem sido registado no Concelho, à semelhança de outros municípios do Interior do País, a que se juntam também as dificuldades económicas sentidas por muitas famílias. Uma realidade difícil que, como adianta Batista Ribeiro, tem levado muitos utentes a deixar de frequentar piscinas e ginásios, mesmos nos grandes centros.

“Uma piscina tem praticamente a mesma despesa tendo 100 ou 1000 utentes e, portanto, há que rever a situação”, diz o autarca de Almeida
O número de utilizadores diminui, mas as despesas com a manutenção dos equipamentos continuam a ser elevadas. “São equipamentos de qualidade, que têm uma despesa enormíssima, principalmente nos meses de inverno, em que há faturas avultadas de energia, para além do pessoal, que é uma despesa fixa”, revela o presidente da Câmara de Almeida, que sublinha a necessidade de rever a situação, para evitar mais prejuízos.
Batista Ribeiro não é a favor do encerramento de qualquer um dos complexos, defendendo que devem ser encontradas soluções para ‘dar a volta’ à situação: “Temos que avançar com soluções para que não feche nenhuma das piscinas”. E uma das soluções passa pela criação de piscinas de ar livre, tanto em Almeida como em Vilar Formoso, mesmo junto ao edifício das piscinas cobertas, no espaço do solário.
“São para épocas diferentes, mas se nós construirmos piscinas de ar livre compensamos, e sem grandes investimentos, porque todo o outro equipamento existente já serve de apoio”, diz o edil. O objetivo é que os novos espaços possam estar a funcionar dentro de um ano.

Perda de utentes


As primeiras piscinas a abrir no concelho de Almeida foram as de Vilar Formoso, que atraíram muita gente do país vizinho – Espanha. Mais tarde passaram a funcionar as Piscinas Municipais de Almeida, recebendo pessoas não só do Concelho, mas também de municípios vizinhos, como Pinhel e Figueira de Castelo Rodrigo.
O complexo de Vilar Formoso acabou depois por perder alguns utilizadores espanhóis, dada a abertura de piscinas cobertas em Ciudad Rodrigo, e o mesmo se passou em Almeida com a entrada em funcionamento de um equipamento do género também em Figueira de Castelo Rodrigo. Ainda assim, segundo Batista Ribeiro, Vilar Formoso continua a receber alguns utentes vindos de Espanha, “até porque as piscinas cobertas de Ciudad Rodrigo são muito inferiores”.
O presidente da Câmara de Almeida revela que foi registado um decréscimo do número de utentes e receia que essa redução se acentue ainda mais no próximo ano, tendo em conta a crise que está instalada no País e as cada vez mais famílias em risco de não conseguirem cumprir os seus compromissos com a banca e no dia a dia.

“Foi um erro construir duas no Concelho”

António Batista Ribeiro é perentório ao dizer que, “se fosse agora, não seriam construídas as duas piscinas”, mas apenas uma. “Sempre reconheci que foi um erro construir duas no Concelho, mas é preciso ver que as piscinas foram projetadas há mais de dez anos. E, nessa altura, Vilar Formoso ainda não tinha sofrido aquela sangria que sofreu, principalmente com o fecho de muitos serviços”, declara. Não tem dúvidas, de resto, que “se Vilar Formoso continuasse a ter o mesmo número de pessoas que tinha há oito ou nove anos”, e com o mesmo poder de compra que tinham, as piscinas “eram um sucesso”. “Já não poderia, eventualmente, afirmar a mesma coisa em relação às de Almeida”, adianta.

O autarca admite, porém, que “mesmo há dez anos seria importante pensar e repensar a construção de dois complexos de piscinas”. “Hoje vemos, sem dúvida, que foi um erro. Se fosse agora não o fazíamos”, diz.


Garante que a autarquia está empenhada em encontrar soluções que permitam manter em funcionamento os dois equipamentos, melhorando a situação atual. O edil diz que “é insustentável continuar assim”, mas não quer fazer o mesmo que outros municípios já fizeram, que foi encerrar as piscinas, optando, por isso, por repensar a forma de exploração.

Considera que encerrar “seria um erro”, votando ao abandono equipamentos “de grande qualidade”. “Não sou a favor do encerramento e, por isso, estamos a trabalhar no sentido de encontrarmos soluções alternativas. E vamos ver a resposta que dão. Depois também aprenderemos com os erros ou com aquilo que estamos a projetar para o futuro”, conclui Batista Ribeiro.

Candidatura aprovada

Além da construção de piscinas de ar livre, tanto em Almeida como em Vilar Formoso, há outra solução a caminho. Segundo Alcino Morgado, administrador da Almeida Municípia, foi já aprovada uma candidatura que tem em vista a colocação de painéis solares nos complexos de Vilar Formoso e Almeida, no sentido de reduzir a fatura da energia.




Por: Fátima Monteiro - in Jornal Nova Guarda - 03/08/2011