PARA CONHECIMENTO DOS INTERESSADOS:
Relativamente à Apreciação e Votação de Prestação de Contas
do ano de 2011, justifico o meu voto com a seguinte declaração:
Observo o estado da economia do meu país e o desemprego
galopante, tenho visto onde andaram os dinheiros a ser aplicados, incluindo os
fundos comunitários que supostamente deveriam ajudar a desenvolver as economias
locais e foram aplicadas em obras megalómanas, inúteis uma grande parte – e até
danosas! Em Almeida, concretamente, vejo um cravo faustoso de granito com fundos
de mármore onde ainda faltam uns repuxos a funcionar num município que contesta
os valores da factura da água que todos temos de pagar. Vejo livros publicados
que não se vendem por capricho, quando poderiam constituir um encaixe de
receita, piscinas construídas que se fecham por falta de gente e de
incapacidade de suportar custos de manutenção, ciclovias a ser construídas para
fantasmas diários da qual se aproveitarão apenas alguns filmes e cartazes de promoção
de outros interesses, organizados em “eventos”, que tornam a ser esporádicos e
não geradores de qualquer progresso consistente, e ouço na mesma que nenhuma
obra se deixará de fazer se houver algum fundo comunitário que a comparticipe.
As prioridades reais do desenvolvimento do concelho, da salvaguarda da
autenticidade e originalidade do património diversificado, do desenvolvimento
educativo e profissional dos jovens, do bem-estar das comunidades, da atracção
e fixação dos habitantes, vão sendo descuradas e eternamente adiadas, a não ser
que daí resulte alguma propaganda política ocasional.
Por tudo isso, e muito mais que aqui não cabe, por muito que
as os números pareçam bater sempre mais ou menos certos, sabendo nós todos como
tudo isso se processa, a mim, que não sou contabilista nem me impressionam
essas contas, mas continuo a ver uma execução orçamental deficitária em relação
à capacidade do município gerar receita, a partir daquilo que observo e ouço,
não posso concordar com esse rumo, muito menos com esses gastos em obras de
puro fachadismo, quando há tanta necessidade autêntica, esquecida e
negligenciada nas freguesias e na sede do concelho, por onde vejo desfilar
vaidades pessoais e interesses tácitos, certamente pouco recomendáveis, mas que
continuam a processar-se à vista de todos, com toda a indiferença e prejuízo de
alguma hipótese de desenvolvimento efectivo no concelho. Daí o meu voto contra.
Maria Clarinda Moreira, 27.04.2012