25 fevereiro, 2012

Islândia - Contra factos...

Não resisti a fazer um copy/past deste post do blogue "A Espuma das palavras".

...limito-me a acrescentar que os responsáveis pela "chamada banca rôta" da Islândia foram responsabilizados nos tribunais pelos seus actos, nomeadamente o Primeiro-Ministro e o seu Ministro da Economia...mas para "isto"...é preciso ter sobretudo muita coragem, não ser egoísta e ser solidário…considero que nenhum destes princípios se está a constatar em Portugal, contrariando a postura digna e exemplar de outras gerações na História deste País.


Islândia- Um exemplo de soberania


Por Deena Stryker
À medida que um país europeu atrás do outro atinge ou fica próximo de atingir a bancarrota, pondo em perigo o Euro e com repercussões para o mundo inteiro, a última coisa que os poderes em questão querem é que a Islândia se torne um exemplo. Eis a razão:
Cinco anos de um regime puramente neoliberal fizeram da Islândia (população de 320 mil habitantes, sem Exército) um dos mais ricos países do mundo. Em 2003 todos os bancos do país foram privatizados e, num esforço para atrair o investimento estrangeiro, passaram a oferecer serviços on-line, cujos custos reduzidos lhes permitiram oferecer taxas internas de rendibilidade relativamente elevadas. Estas contas, designadas "IceSave", atraíram muitos pequenos investidores ingleses e holandeses. Mas, à medida que os investimentos cresciam, também a dívida externa dos bancos aumentava.


Em 2003, a dívida islandesa equivalia a 200 vezes o seu PIB e, em 2007, era de 900%. A crise financeira de 2008 foi o golpe de misericórdia. Os três principais bancos islandeses, o Landbanki, o Kapthing e o Glitnir caíram e foram nacionalizados, enquanto o Kroner perdeu 85% do seu valor em relação ao Euro. No final do ano, a Islândia declarou a bancarrota.


Ao contrário do que se poderia esperar, da crise resultou que os islandeses recuperaram os seus direitos soberanos, através de um processo de democracia participativa directa, que acabou por conduzir a uma nova Constituição. Mas só depois de muito sofrimento.


Geir Haarde, primeiro-ministro de um governo de coligação social-democrata, negociou um empréstimo de dois mil milhões e cem mil dólares, ao qual os países nórdicos acrescentaram mais dois mil milhões e meio. Mas a comunidade financeira internacional pressionou a Islândia a impor medidas drásticas. O FMI e a União Europeia quiseram apoderar-se da sua dívida, alegando que este era o único caminho para que o país pudesse pagar à Holanda e ao Reino Unido, que haviam prometido reembolsar os seus cidadãos.


Os protestos e as revoltas continuaram, acabando por forçar o governo a demitir-se. As eleições foram antecipadas para Abril de 2009, resultando numa coligação de esquerda, que condenou o sistema económico neoliberal, mas logo cedeu às exigências daquele, de acordo com as quais a Islândia deveria pagar um total de três mil milhões e meio de Euros.


Isto exigia que cada cidadão islandês pagasse 100 euros por mês (cerca de US $ 130) por quinze anos, a juros de 5,5%, para pagar uma dívida contraída por particulares perante particulares. Foi a gota de água que fez transbordar o copo.


O que aconteceu depois foi extraordinário. A crença de que os cidadãos tinham que pagar pelos erros de um monopólio financeiro, que uma nação inteira deveria ser tributada para pagar dívidas privadas caiu por terra, transformando a relação entre os cidadãos e suas instituições políticas, e acabando por trazer os líderes da Islândia para o mesmo lado dos seus eleitores. O Chefe de Estado, Olafur Ragnar Grímsson, recusou-se a ratificar a lei que teria feito os cidadãos da Islândia responsáveis pelas dívidas dos seus banqueiros, e aceitou o repto para um referendo.

É claro que isto apenas fez com que a comunidade internacional aumentasse a pressão sobre a Islândia. O Reino Unido e a Holanda ameaçaram com represálias terríveis, que isolariam o país. Quando os islandeses foram a votos, os banqueiros estrangeiros ameaçaram bloquear qualquer ajuda do FMI. O governo britânico ameaçou congelar poupanças islandesas e contas correntes. Como afirmou Grimsson: "Foi-nos dito que, se recusássemos as condições da comunidade internacional, nos tornaríamos na Cuba do Norte. Mas, se tivéssemos aceitado, ter-nos-íamos tornado antes no Haiti do Norte."
(Quantas vezes escrevi que quando os cubanos olham para os problemas do seu vizinho, o Haiti, consideram que têm sorte.)

No referendo de Março de 2010, 93% dos islandeses votou contra o pagamento da dívida. O FMI imediatamente congelou o seu empréstimo. Mas a revolução (apesar de não ter sido transmitida nos EUA), não se deixaria intimidar. Com o apoio de uma cidadania em fúria, o governo colocou sob investigação os responsáveis pela crise financeira. A Interpol lançou um mandado internacional de captura para o ex-presidente do Kaupthing, Sigurdur Einarsson, à medida que outros banqueiros envolvidos no crash fugiram do país.


Mas os islandeses não pararam por aí: decidiram elaborar uma nova constituição que iria libertar o país do poder exagerado da finança internacional e do dinheiro virtual. (A que vigorava havia sido escrita quando a Islândia ganhou sua independência à Dinamarca, em 1918, sendo que a única diferença relativamente à Constituição Dinamarquesa a de que a palavra "presidente" a palavra substituiu a palavra "rei".)
Para escrever a nova constituição, o povo da Islândia elegeu 25 cidadãos, de entre 522 adultos que não pertenciam a nenhum partido político, mas recomendados por pelo menos trinta cidadãos. Este documento não foi obra de um punhado de políticos, mas foi escrito na Internet. Reuniões da Constituinte são transmitidas on-line, e os cidadãos podem enviar os seus comentários e sugestões, vendo o documento tomar forma. A Constituição que resultará deste processo participativo e democrático será submetida ao Parlamento para aprovação depois das próximas eleições.


Alguns leitores lembrar-se-ão de que a crise agrícola da Islândia do século 9 foi tratada no livro de Jared Diamond que tem esse nome. Hoje, esse país está a recuperar do colapso financeiro de forma exactamente oposta àquela geralmente considerada inevitável, como foi confirmado ontem pela nova presidente do FMI, Christine Lagarde, a Fareed Zakaria. Foi dito ao povo da Grécia que a privatização de seu sector público é a única solução. Os povos da Itália, da Espanha e de Portugal enfrentam a mesma ameaça.


Estes povos devem olhar para a Islândia. Recusando curvar-se perante os interesses estrangeiros, este pequeno país afirmou, alto e a bom som, que o povo é soberano.


É por isso que já não aparece nas notícias.


15 fevereiro, 2012

...a serventia da casa...



João Almeida do CDS-PP afirmou que os funcionários públicos que não concordam com maior mobilidade dos trabalhadores do Estado podem negociar a rescisão de contrato.
O Deputado defendeu ainda que o Estado não pode "pedir aos seus contribuintes para pagarem impostos para terem funcionários públicos que não são precisos e que não estão a prestar o seu serviço".


…acho que falou demais…bastava dizer que “a porta da rua é serventia da casa”…como se a casa fosse dele…


Não estará na hora de sermos nós a dizer a estes “funcionários ou sórdidos” que se dirijam para a porta da rua????

JOÃO ALMEIDA - CDS-PP

09 fevereiro, 2012

Futuro? Que futuro?

Seja ou não da nossa vontade, hoje em dia quando damos atenção a qualquer órgão de comunicação social, só conseguimos aperceber-nos da péssima situação em que este nosso país se encontra. Primeiramente no aspecto económico, mas agora também já do ponto de vista social.
Para partilharmos esta opinião, basta-nos fazer algumas compras e no final do mês olhar para o nosso porta-moedas.

Quando há cerca de 4 a 5 meses se falava da situação complicada com que nos iríamos deparar muito proximamente, ainda havia gente que não tinha interiorizado essa temática. Afinal hoje parece, e digo parece, que já muita boa gente está consciente da realidade.
De facto o corte efectuado no vencimento bem como o aumento do IVA, já baralhou a conta a muitos de nós. Inclusivamente alguns já sentiram a perda do subsídio de férias, o que ainda veio contribuir para mais desilusão.
Apesar de os nossos políticos profissionais se continuarem a desentender em muitos dos assuntos de importância vital para a recuperação global; apesar dos esforços que nos foram já pedidos e certamente dos que ainda aí virão a muito curto prazo, parece-me que este país está de certa forma condenado ao fracasso total, pela incompetência deles mesmos.

Para chegar a esta conclusão, basta ouvir o que se diz por essa Europa, ou de gente com responsabilidade acrescida no campo político socioeconómico.

De acordo com a informação divulgada no Público on-line dia 9/2, o Presidente do Parlamento Europeu, o alemão Martin Schulz veio criticar a decisão portuguesa de estarmos a pedir ajuda aos angolanos para investimentos em Portugal. Desta forma “ o futuro de Portugal é o declínio”, afirmou o político alemão.
De acordo com a informação ainda veiculada no artigo em questão, o político alemão fez realce ao facto do primeiro-ministro português, Passos Coelho se ter deslocado em Novembro passado a Angola a fim de captar capital angolano para as privatizações que estariam em curso em Portugal.
Mas Schulz não se ficou só por aqui. Referiu também a visita efectuada pela senhora Merkel à China, recentemente, tendo tecido algumas críticas.

Polémicas também geraram as palavras proferidas pela chanceler alemã na passada terça-feira, quando definiu como mau exemplo a aplicação dos fundos estruturais europeus na ilha da Madeira. Parece, aliando estas duas entidades, que a Alemanha está em franco ataque a Portugal. Quase apetece perguntar se estas duas intervenções terão algo a ver com a perda da conquista da EDP por parte dos gigantes alemães.

Mas a nível interno também há quem venha falar sobre assuntos que nos devem preocupar pela qualidade dos mesmos.
Refiro-me a declarações feitas por Otelo Saraiva de Carvalho, muito recentemente. Do meu ponto de vista, preocupantes.
Agora, foram os militares que decidiram escrever uma carta aberta ao ministro da tutela por não concordarem com algumas das posições assumidas, que supostamente serão decisão do próprio governo.
No entanto não me parece que se deva passar por alto esta situação. O governo deve estar de ouvidos bem atentos a tudo o que se passa à sua volta, analisar cada uma das situações e procurar encontrar o bom senso da concórdia de forma a conseguirmos em conjunto ultrapassar esta difícil crise.
Não vai ser fácil, mas também temos que ver que as alternativas possíveis estão esgotadas. Ou encontramos uma solução, ou então será o caos.
Em minha opinião estamos mais próximos desta última do que parece.

Graça Moura, director do Centro Cultural de Belém, veio defender que o acordo ortográfico não deve ser aplicado para já em Portugal, considerando que tanto Angola como Moçambique não o rectificaram, o que já está a acontecer nos próprios serviços do Estado.
António José Seguro, líder do Partido Socialista veio solicitar ao primeiro-ministro que desautorizasse aquele director pela posição assumida.
Quando temos problemas tão exigentes e tão melindrosos neste país para nos preocupar, andamos às vezes a discutir questões tão insignificantes para o nosso dia-a-dia.

Há um outro que me tem preocupado um pouco. Não por mim, mas por outras pessoas com as quais partilho amizade e convivência. Trata-se da reorganização administrativa do país, no que concerne à definição de freguesias e concelhos. Este assunto criará certamente muita polémica e afectará fortemente muitas famílias. Ou na realidade começamos desde já a marcar posição, ou então corremos o risco de com uma simples borracha sermos apagados do mapa de Portugal Continental.

O alerta fica feito.