21 agosto, 2012

SER OU NÃO INDIFERENTE - Eis a questão


Atenta ao desânimo de uns, acatamento e indiferença de outros, deixo aqui para os interessados uma declaração entregue na última sessão da AM que uma vez mais ilustra o desprezo a que frequentemente são votados os membros da Assembleia que não alinham pelo conformismo. Faço-o, tendo em atenção a indignação expressa neste blogue pela passividade da oposição e apenas para que saibam que, mesmo sem que seja possível alterar o status quo resultante da escolha dos próprios almeidenses nem todos se resignam, sendo de lamentar que mais vozes não se unam na contestação clara e firme do rumo que Almeida há demasiados anos tem traçado. Faço votos que aos poucos as mentes se abram para o óbvio e que os eleitores se rendam à evidente necessidade de mudança nos agentes de governação do concelho.


Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Municipal de Almeida
Senhores Membros desta Assembleia Municipal,

Na última sessão, no passado dia 27 de Abril, apresentei ao Presidente desta Assembleia uma declaração de protesto por ter sido negada a palavra a um membro da Assembleia Municipal na cerimónia evocativa do 25 de Abril, com um pedido de revisão dessa posição. No período de resposta, o Sr. Presidente [da AM], perante os membros presentes, optou por uma atitude sarcástica, voltado apenas para uma parte da sala, esforçando-se por não me olhar, proferindo expressões como “quando a Sra. for eleita presidente desta Assembleia, tendo a certeza de que isso acontecerá, pois todos os membros aqui presentes votarão em si, e então a Sra. fará como entender…” e “enquanto eu for Presidente eu é que decido”, negando-me depois o uso da palavra, nem sequer em nome da defesa da honra, um direito aprovado por esta Assembleia que todos aceitamos respeitar, mas que apenas lhe fez acrescentar que eu “fizesse como entendesse”, “ditasse para acta” – contudo, logo proibindo-me de o fazer… e com isso forçando a que hoje volte novamente a evocar o assunto para dizer o seguinte:

·         Do esforço de ironia e da atitude tomada pelo Sr. Presidente não resultam qualquer prestígio para a sua pessoa, tão-pouco para a imagem que procurou criar de um político sensato e equilibrado; antes, reforçou junto dos presentes uma faceta e um tom que têm muito mais a ver com um homem inseguro, controladamente irritado, que acaba sempre por meter os pés pelas mãos para se justificar.
·         Pessoalmente, tenho de confessar que, em vez de indignação, me causou pena ver uma cena tão patética nesta Assembleia… Se há uns anos ma tivessem contado, teria tido dificuldade em acreditar, mas fui observando que muita coisa é possível, até o inverosímil. Acredito serenamente que outros vão fazendo aprendizagens semelhantes, pois como celebrava o nosso grande poeta Camões “o mundo é composto de mudança”…

·         Não foi a primeira vez que me impediu o uso da palavra. Da outra vez, foi ao ponto de suspender a sessão porque denunciei uma atrocidade que foi e continua a ser cometida pelo Sr. Presidente da Câmara. Com essa e outras situações, fui-me habituando a ver que o Sr. Presidente da Assembleia não exerce as suas funções de forma isenta. Mas eu compreendo-o bem, e perdoo-lhe até, no seu esforço de solidariedade para com um executivo que lhe sucedeu por sua própria recomendação.
·         Compreendo-o cada vez melhor e, por incrível que pareça, estou grata por todas as aprendizagens que tenho feito, algumas duras e ingratas, de que esta terra faz parte: em tempos, acreditei que havia pessoas bem-intencionadas que queriam o bem de Almeida; afinal descobri que o que há é muito quem olhe pelos seus próprios interesses, aos poucos, desvendando-se uma teia de interesses mesquinhos, egoístas, arrogantes e hipócritas… fazendo o espírito de partilha e de esforços ser consumido numa voracidade que não respeita um mínimo de dignidade.
·         Hoje a minha família, apesar de desiludida com o rumo que Almeida tomou, vive muito mais tranquila por não se ver associada a nenhuma dessas situações. E eu revejo-me nela, igualmente tranquila, apesar da decepção, mas também determinada a não desperdiçar a tomada de consciência em atitudes de subserviência e cobardia.

·         Creio que o Sr. Presidente, hoje desta Assembleia, e anteriormente desta Câmara, foi o primeiro a deixar-se enganar pelas fantasiosas ideias de progresso, quando depois de assinar Programas de Recuperação de Fachadas onde os proprietários eram obrigados a respeitar projectos contratados a metro para supostamente manter uma coesão de construção tradicional no centro histórico, dificultando sempre outras opções de recuperação de casas, ainda que visassem um maior conforto, acabou depois, já em final de mandato, por autorizar a construção de um caixote-mamarracho aqui mesmo defronte da Câmara, que hoje berra inútil e desenquadrado, com os dejectos dos pássaros a expressar melhor que tudo a mais-valia que trouxe a Almeida, bem como à capacidade dos seus habitantes reagirem a semelhantes contradições… Resta saber quem ganhou com isso, mas Almeida não foi certamente!

·          Sr. Presidente, ainda estaria a tempo de remediar um pouco o mal que fez, se optasse por um pouco mais de humildade e aceitasse que nem todos têm que estar nesta Assembleia, mudos e quedos ou a bater palmas ao que de errado continua a ser feito, deixando que quem foi eleito pelo povo para aqui fazer defender os seus interesses, possa para isso livremente usar da palavra sem ser impedido, como tem acontecido de forma tão arbitrária.

·         Não queira, Senhor Presidente, acrescentar mais ao contra-senso que já existe: ficar associado ao impedimento do exercício democrático num município que se empenhou para inaugurar um monumento ao 25 de Abril. Num pretensioso traçado em forma de colher de pau que, além de nos obrigarem a contornar, nos tentam enfiar pelas goelas num esforço de calar a contestação do mau gosto, do desperdício e do prejuízo. Não nos comam por parvos! Para que fique bem claro e não torne a servir de argumento: não é contra um monumento ao 25 de Abril, mas contra este tipo de construção – outro mamarracho, que não serve o interesse de Almeida, favorecendo apenas a imposição de projectos, com negócios de granitos e candeeiros à mistura. E, desgraçadamente, não passa de uma presunçosa manifestação demonstração de “quero, posso e mando”, num município onde não se respeita o direito de liberdade de expressão para sufocar a diferença de opinião.

29.06.2012
Maria Clarinda Moreira


06 agosto, 2012

...finalmente...


...as promessas...como as pessoas...perdem a força quando 
   envelhecem!
...esta chegou tarde...mas chegou!
...ou não?...