12 janeiro, 2011

VOTOS PARA 2011

Como desejos para o Novo Ano, pretendo a nível pessoal, tal como qualquer outra pessoa, saúde e Paz, já que o resto faz parte do desafio que é viver. Quanto a Almeida, terra de raízes familiares profundas pela qual o coração vibra e sofre, tenho também desejos que gostaria de ver concretizados. Mas não sei se não passam de aspirações vãs, já que satisfações poucas daí têm advindo, isto para não acentuar as decepções.


No Novo Ano, espero que Almeida comece a encontrar o progresso desejável e não apenas aquele fundamentado em promessas não exequíveis, como até aqui tem acontecido. Desejo que os nossos autarcas sejam leais quando decidem e tenham a humildade de dialogar mais com os seus munícipes, não se mantendo prepotentes, reagindo como autistas e soberbos nos seus pontos de vista. Gostaria de poder constatar que quem nos governa a nível autárquico tivesse os "pés no chão" em tempo de profunda de crise económica e financeira generalizada, não embarcasse em gastos supérfluos, em despesismos fáceis com eventos popularuchos que nada contribuem para desenvolver o bem comum das populações, apenas satisfazendo caprichos políticos e esboçando uma falsa aparência de qualidade de vida.


Gostaria ainda de pedir que no ano de 2011 houvesse ponderação nos projectos arquitectónicos para Almeida, não acrescentando mais uns sarrabiscos à caricatura que cada vez mais se está a tornar daquilo que outrora foi um extraordinário centro histórico, modelo de praça de guerra genuína. Deixem, senhores que decidem, de ser uns saloios com ares de vanguardistas, pois nunca o hão-de ser enquanto rendidos a quem põe as vaidades e interesses pessoais à frente da vontade de servir. Não privilegiem a ostentação, a continuação das intervenções de fachada, pensem de maneira mais acertada e séria na conservação de um património que nos foi legado e que as presentes acções vão destruindo. Em nome da “evolução” e dos “arranjos” não matem a História e o Património que é de todos!


Seria agradavelmente reconfortante, como munícipe, ver o concelho desenvolver-se uniformemente com os dinheiros públicos gastos em projectos de efectiva mais-valia para os seus habitantes, e não megalómanos projectos de hotéis termais, que acabam fatalmente por não se construir, furos em busca de aquíferos profundos que não brotam o desejado, ou inconsequentes candidaturas a património mundial que apenas servem para mais despesas e apenas vão iludindo quem em vós, senhores, parece acreditar. Parem de fugas para a frente e sejam modestos! Almeida é um pequeno município do interior português, com recursos limitadíssimos e desertificado. Não se podem desbaratar os poucos dinheiros a que se tem acesso, porque são bens escassos. Deixem de reformulações de candidaturas a património mundial integrado em arquitectura abaluartada ibérica pelos quatro cantos do mundo. Chega de veleidades!


Finalmente, faço votos para que haja bom senso. Chega de edifícios cúbicos, portas azulejadas e granitadas de modernas imposições, pirâmides em vidro deslocadas de contexto, esplanadas abandonadas sobre pedras de casamatas metidas “porque sim”, monumentos afrontando a entrada principal da vila, etc., etc. Ponderem!

E, antes de mais, dêem a conhecer aos munícipes os projectos antes destes se concretizarem! Há mais em perspectiva, mas as decisões continuam a passar sempre pelos mesmos. Sem debate público, e em tentativa de asfixia de opinião livre e democrática.


Em 2009 e 2010 os autores, incluindo o signatário, do Almeida Fórum foram alvo de um processo-crime interposto por quem pretendia ver-nos calados. Pela minha parte, não foi nem é este o rumo para me verem mudo - já que, enquanto tiver saúde e consciência, não renuncio a exprimir o meu ponto de vista sobre algo que não concordo. Lamento apenas ter visto entre quem nos pretendia silenciar, elementos do próprio executivo a pactuarem com tal iniciativa. Felizmente, como não podia deixar de ser, o Tribunal de Almeida não achou matéria para acusação de cometimento de qualquer crime por parte dos autores deste blog. Salve-se ao menos o direito de opinião e a liberdade de expressão!

Que o Ano de 2011 traga um pouco mais de luz aos almeidenses, e sobretudo aos decisores camarários, esse é o meu sincero desejo!

Rui Brito da Fonseca