02 abril, 2013

PENTEAR MACACOS!



É evidente que o texto anteriormente publicado faz parte da tradição do 1º de Abril, pois só por brincadeira ou maquiavélica intenção se continua a fazer acreditar que Almeida venha a ser classificada como Património da Humanidade pela Unesco. Está mais que visto que as constantes intervenções que têm sido enxertadas na Vila, além de afrontas ao ambiente histórico coeso que Almeida costumava ter, são um obstáculo a esse reconhecimento. A não ser que os elementos do júri para a classificação tenham bebido da mesma fonte dos técnicos e políticos da Câmara e gostem de toda aquela parafernália de modernices descaracterizadoras que ultimamente têm vindo a ser impostas ao seu vetusto património.

Só quem tem gosto distorcido, ou por qualquer outra inconfessável razão, pode propor e aceitar tamanha afronta construtiva, completamente desintegrada de toda a malha histórica da Vila. A destruição do valioso legado histórico tem sido um ultraje perante a passividade da maioria dos cidadãos com obrigações morais, profissionais e técnicas para se insurgir com tal estado de coisas. Cobardia, indiferença ou ignorância, entre outras, são o terreno fértil  para a acomodação de tamanha fúria construtiva. Gastam-se rios de dinheiro em obras desnecessárias e faraónicas, deixando por fazer o essencial, que seria preservar e revitalizar. E assim se vai varrendo o lixo para debaixo do tapete, pois o que interessa é mostrar obra e, se possível , bem visível, mesmo que desnecessária. 

A conservação das muralhas não tem sido objecto de manutenção, imagina-se bem porquê… enche menos o olho - e os poderes autárquicos escudam-se que o IGespar, ou lá o que é, não autoriza…mas autoriza todos os outros desmandos que se têm feito em toda a muralha, no seu interior e zonas envolventes!
Consequência disso ficou patente pela derrocada  de pedras e terras que acabou por tornar totalmente intransitável a passagem entre as duplas Portas de Santo  António, ocorrida há dias. E tudo seria muito mais fácil e menos oneroso se se tivesse acorrido a tempo. Há muito que era bem visível “ a barriga” que o muro de suporte da passagem fazia ,bem como o afundamento do piso superior! O dinheiro é do Estado, portanto é gastar à vontade, pois de onde esse veio, não custa aos bolsos de quem governa e…, de mais a mais se essa importante intervenção tivesse sido realizada a tempo não era prestigiosa nem objecto a ser mencionada em seminários e revistas de pretenso cunho cultural…

Com tudo isto, e contrastando com a mensagem que ontem enderecei aos decisores e seus consultores  por ser 1º de Abril, hoje a sério, endereçado também a todos os indiferentes ou acomodados,  digo-lhes: Vão pentear macacos!

Rui Brito Fonseca



01 abril, 2013

ALMEIDA-Património da Humanidade pela UNESCO



Um autêntico ovo de Páscoa foi o que Almeida recebeu neste tempo de permanente crise que vai infernizando a nossa vivência. Nem tudo, vá lá, são notícias negativas. Uma agradável surpresa o que a Unesco veio agora confirmar: ALMEIDA vai mesmo ser classificada como PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE! 

Eu nem sei como expressar a minha satisfação por tão inesperada novidade. Confesso que, nos primeiros momentos, fiquei sem palavras. A justificação para tão meritória distinção baseia-se (e passo a citar do longo texto justificativo)    “…não só no património histórico de que a Vila de Almeida é detentora por herança, mas particularmente pela qualidade integrativa  das novas construções dentro e fora do Centro Histórico, constituindo uma harmónica linguagem de formas e soluções entre o antigo e o moderno…”  
Mais à frente, enumeram-se mesmo os exemplos que causaram  boa impressão e que terão contribuído para tal distinção: “… a feliz incorporação  das soluções  construtivas  modernas, como os arranjos junto às majestosas Portas da Praça, a inclusão de novos materiais e formas (vidro e aço) no todo abaluartado; a geometria  de  recentes construções  dentro do perímetro urbano numa simbiose construtiva de grande sensibilidade…” 

 Enfim, os encómios são diversos, e até alguns por que, pessoalmente em tempos, não demonstrei total agrado, foram tidos como mais valia, lendo-se que “… constitui um circuito turístico e ecológico, acessibilizando  uma  visão da vila exterior em 360º consubstanciada  numa funcional  e utilíssima ciclovia…” Quem diria!


Bem, meus leitores , eu sempre  advoguei que as obras que a CMA tem andado a fazer ao longo destes últimos anos são de grande alcance, apesar de, poucas vezes, concordar com as soluções propostas. Agora, só me resta dar os parabéns, juntando a minha voz de aplauso aos preclaros decisores e notáveis  académicos  que  secundam a CMA e dizer-lhes publicamente: BEM-HAJAM!

Rui Brito Fonseca