28 dezembro, 2007

Diagnóstico à...saúde...

Que a saúde neste país não vai bem, já todos nós sabemos.

Agora aquilo a que na noite de ontem vi e ouvi no ecrã da televisão, mais concretamente no canal da TVI, foi simplesmente arrepiante.
A notícia dizia que o Ministério da Saúde tinha decidido encerrar vários SAP's e algumas maternidades de âmbito regional.A contestação por parte dos utentes era bastante significativa, aliás como se podia ver através das imagens passadas no mesmo canal.Lá iam aparecendo comentários de populares, dizendo de sua justiça e o que pensavam acerca dessa atitude.
A determinada altura da peça jornalistica, apareceu o senhor ministro, que afirmou entre outras coisas " ...o encerramento destas unidades é para bem das populações...".
Tudo o mais que a partir dali foi dito, sinceramente, não tomei mais atenção, pelo facto de ter ficado extarrecido com tal afirmação.

Como é possível afirmar-se que o encerramente de serviços, em tempos concedidos para benefício dessas mesmas pessoas, hoje se retirem, alegando o mesmo benefício?
Residindo nós em zonas tão longe do poder de decisão, e conhecedores da verdadeira realidade de dificuldades acrescidas em todos os sectores e muito particularmente no da saúde, pelo facto da maioria dos nossos conterrâneos serem de idade já mais avançada, logo com maior necessidade de cuidados médicos,o encerramento desses serviços vem-nos beneficiar?
Como?
Então aquelas pessoas que na sua maioria recebem uma pensão de reforma tão baixa, e outros nem isso sequer,podendo ir ao serviço de urgências no seu concelho,têm que passar a deslocar-se a outros centros mais populosos.
Qual a distância entre a residência e o local da prestação de serviço?
Qual o custo em termos de transporte?
Quanto tempo demora entre o início do serviço e o fim?
Comparemos a qualidade do serviço prestado no centro local e o prestado no centro mais populoso.
Poderiamos fazer várias comparações e acabariamos por chegar sempre à mesma conclusão.
Eu sei que somos um país de gente pobre, e parece que cada ano que passa somos ainda mais,mas também sei que somos um país de gente iluminada, e com cada ideia....
Quando tanto se fala na Europa, e com tanto sucesso, ainda por cima conseguido nos últimos tempos com a Presidência da mesma, nós, meros cidadãos deste pequeno país e do interior, acabamos por ser os parentes pobres de tudo isto.
Será que podemos dizer: " Porreiro, pá!!!" ou teremos que dizer outra coisa que eu penso, mas por uma questão de educação não digo?
Reflitamos.

José Augusto Rodrigues Marques

28 de Dezembro de 2007 10:05

6 comentários:

  1. A prevenção da GNR....

    Uns dias antes do Natal e agora antes do final do ano,fomos bombardeados com a informação prestada por responsáveis da Brigada de Trânsito da GNR dizendo que iriam estar na estrada, qualquer coisa como 2.200 agentes, para junto dos mais incautos actuarem como PREVENÇÃO para evitar acidentes.
    Dando o benefício da dúvida a essas declarações, acabamos por verificar que,pelo menos nesta zona do nosso país,a prevenção deu lugar a outra atitude.
    Senão vejamos.
    Com lugar á Prevenção, seria suposto ver viaturas da BT espalhadas pelas estradas da região donde em donde e controlando algumas viaturas em termos de condições dos pneus,da altura e regulação dos faróis, etc,etc..., ou então só para que os condutores vissem que estavam a ser vigiados.
    Para quem viagou nestes dias na A25 aquilo que observou, foi uma viatura da BT a controlar a velocidade na zona de Pínzio, sentido Guarda Vilar Formoso. Muitos devem ter sido os que foram apanhados desprevenidamente.
    O problema é que no sentido Vilar Formoso - Guarda,a quantidade de viaturas de emigrantes que estavam a entrar em Portugal eram em quantidade monstruosa, e não havia nenhuma viatura da BT à vista, nem a controlar a velocidade.
    Mais, esta atitude do controlo de velocidade efectuada naquela zona,uma recta comprida, mais não é do que amealhar uns trocos para os cofres do Estado, à custa de pessoas simples,trabalhadoras e honestas.Viajar a uma velocidade superior a 120 Kms/H (140/160)para a maioria dos automóveis hoje existentes,não é mal nenhum uma vez que estão dotados de segurança própria.
    Pena é que a maioria dos nossos governantes quando se deslocam em viagens de Estado, atingem velocidades a rondar a próximidade dos 200 Kms/H,ou então em viagens particulares a serem controlados com excesso de velocidade,mas a justificar que vão para uma reunião importante,não vindo daí nada mau ao mundo,nem para eles.
    Isto já para não falar dos senhores deputados que ao serem controlados, nem sequer podem ser multados e não ligam nada às autoridades, conforme foi noticiado muito recentemente na comunicação social, acerca de um elemento destes.
    Enfim,senhores, é o país que temos e a democracia na qual vivemos,só que a mesma democracia, não é igual para todos.

    José Augusto Marques

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  2. De certo, da maneira como anda a saúde em Portugal, concordo que a melhor vacina para a cura seja mesmo o encerramento de SAP (e não Centros de Saúde).
    O SAP (Serviço de Apoio Permanente) nas condições que laboram (com Médicos de Familia (clinica geral), equipamento especifico = 0, e por aí a fora) é obvio, que não justifica estar aberto (para estar aberto tem k ter pessoal especializado (trauma,...) e evitar cenas como nós conhecemos um pouco por todo o lado.
    Hoje também vemos o INEM e os Bombeiros bem equipados com meios materiais e humanos e com formação necessária.
    Por isso digo, o Estado que aposte,num Hospital central decente, com todas as valências...
    (e boas dimensões para não rebentar pelas costuras) do que termos à porta de casa uma "amostra" de saúde. (SAP's)

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  3. Amigo José Augusto,
    Tenho concordado quase sempre com as suas opiniões aqui expressas neste forúm, como é o caso da sua mensagem sobre a prevenção da GNR BT no período de Natal, que subscrevo literalmente, abstendo-me, portanto, de a comentar.
    No entanto, a minha opinião diverge da sua quanto ao modelo de saúde proposto pelo actual ministro da saúde.
    É esta uma das dádivas da democracia, onde cada um pode ter a sua opinião, e com ela tentar ajudar a construir algo melhor.

    Antes de continuar o comentário proponho a consulta do site.

    http://www.portaldasaude.pt/portal/ conteudos/a+saude+em+portugal/minis terio/comunicacao/artigos+de+impren sa/sap.htm

    Deixo o benefício da dúvida ao executivo que o propõe, relativamente à sua efectiva implementação, no entanto, não posso deixar de concordar que o actual modelo de saúde está completamente desajustado, dando em grande parte dos casos uma falsa sensação de segurança, constituindo um perigo para quem a ele tem de recorrer em estado de gravidade.
    Repare, nem os SAP's nem os Centros de Saúde são, como diz a entrevista que propus, locais de atendimento de urgências. Parafrazeando o autor, "Os 79 SAP a funcionarem ainda em regime de 24 horas diárias (à data de 25 de Março de 2007) estão dotados de apenas um médico e um enfermeiro, sem formação especializada para situações urgentes ou emergentes, e um funcionário administrativo.
    Sem meios de diagnóstico químico ou radiológico e desligados da rede de transporte de doentes, limitam-se a realizar, fora de horas, as consultas que deveriam ser prestadas pelo médico de família no horário regular. Durante a noite, conferem uma ilusão de segurança que tem sido causa de muitos contratempos."

    Não sei se o actual governo vai conseguir implementar as medidas que propõe, mas neste caso, sou obrigado a concordar que os conceitos teóricos são válidos e coerentes.
    Todos nós concidadãos deste concelho de Almeida conhecemos um ou mais casos em que os feridos vieram erradamente para a suposta urgência de Almeida onde apenas perderam tempo porque aí não havia meios para os tratar. Não porque os profissionais de saúde fossem incompetentes ou tivessem má vontade, mas porque os equipamentos não eram os adequados. E, situações destas, foram e são banais.
    Também conhecemos casos em que algumas vítimas conseguiram sobreviver porque foram directamente para o hospital da Guarda não perdendo alguns preciosos minutos em viagens enganadoras.
    E, contudo... atendendo ao facto que mesmo o hospital da Guarda não é, nem será, considerado um hospital de valências principais...

    Relativamente às questões que coloca quanto aos benefícios dos encerramentos, penso que será correcto dizer que um encerramento de uma falsa urgência (mas que funciona como tal) acompanhado de uma melhoria das capacidades
    e aumento do número de ambulâncias que transportem feridos com segurança para verdadeiras urgências bem apetrechadas é um benefício enorme que pode salvar muitas vidas.
    O custo em termos de transporte, segundo uma entrevista que o Sr. Ministro da Saúde deu a uma das televisões, esta semana, é imputado ao SNS sempre que se constacte que se trata de um verdadeiro episódio de urgência. A triagem da urgência caso a caso será feita pelo novo Centro de Atendimento Telefónico do SNS (Saúde 24) para o apoio e encaminhamento do cidadão. Para o SNS, obviamente que os custos não aumentarão muito comparativamente com o actual sistema (há menos viagens "enganadoras" embora haja maiores distâncias a percorrer em alguns casos), mas o que aumentar será sempre de custo inferior ao da manutenção dos inúmeros SAP's "inúteis" espalhados pelo país.

    José Augusto, deixo-lhe a seguinte questão:
    Com o actual modelo, se algum dos seus familiares próximos sofresse um acidente doméstico (espero que não!) que lhe parecesse ser grave, transportá-lo-ia para as "urgências" de Almeida ou directamente para as urgências do hospital da Guarda?
    Essa é a questão fundamental...

    Digo apenas mais uma coisa.
    Eu também gostaria de, num país perfeito, ter um hospital de urgências em cada freguesia ou concelho. Também gostaria de ter ópera, estádios de futebol, cinemas, teatro, pavilhões multiusos, complexos de piscinas, etc. Mas a verdade é que esta realidade não é comportável neste nosso país.

    À excepção, claro, do concelho de Almeida, onde se "planta" um multiusos a cada esquina e onde há dinheiro para que, practicamente sozinhos, dois complexos de piscinas desfazados nos dêem um prejuizo aproximado de 1 milhão de euros por ano!!!

    Abraço
    Mário

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  4. Sou uma pessoa que respeita a opinião dos outros, embora algumas das vezes não esteja de acordo.
    É o caso.
    O Mário Júnior, como jovem, empreendedor, sonhador que é, gostaria de ver as coisas a funcionar da forma que no-las descreve, mas não é assim.
    Eu falo por experiência própria.
    Recorri dezenas de vezes à urgência de Almeida durante o período nocturno,sempre fui atendido magnificamente e sempre me resolveram o problema sem necessidade de ter que ir para o Hospital da Guarda.
    Com a minha esposa, fui lá também algumas vezes,assim como com os meus filhos em fins de semana. Sempre me resolveram as situações.
    A minha situação, será certamente a de muitas outras pessoas do nosso concelho.
    Quando se fala de uma urgência mais criteriosa, aí sim haverá necessidade de se recorrer a outros meios de diagnóstico mais sofisticados e que só poderá haver nos Hospitais distritais e/ou até Centrais.
    Mas muitas das vezes a passagem pelos SAPs ao contrário do que o Mário diz,pode salvar-nos a vida.
    Estou à vontade para falar desta situação, dado que muito recentemente a esposa de um amigo teve em Vilar Formoso um problema gravíssimo e se não tivesse passado por Almeida, donde saiu acompanhada por uma enfermeira na ambulância a caminho da Guarda, eventualmente hoje, não estaria entre nós.
    O grave, foi que quando chegou à Guarda e ao Hospital, demoraram mais de uma hora para a atender.
    Os nossos Hospitais distritais são assim e não vale a pena querermos enganar-nos a nós próprios.
    Os casos são mais do que muitos.
    Veja-se o que se passou no Hospital de Aveiro, no dia 3 do corrente mês de Janeiro,quando uma octogenária entrou no serviço de urgências às 14.00 horas e, na fase de triagem, lhe foi atribuída uma braçadeira de cor amarela.Isto significa que tem que ser atendida por um médico no período máximo de uma hora. Pois é, não foi. E no entanto o que aconteceu, foi que quando foi atendida por um médico ao fim de 3 horas e 45 minutos depois de ter dado entrada, já tinha morrido.
    Pergunto: se ela tivesse passado pelo SAP da região onde lhe tivessem sido ministrados os primeiros socorros e donde fosse acompanhada por alguém competente com o primeiro diagnóstico feito, será que tinha morrido? Fica a dúvida. Mas também fica a imagem do novo sistema de saúde que nos pretendem impor.
    Poderia descrever-te aqui em palavras o que se me passou da última vez que entrei no Hospital da Guarda, transportado pelo 112.Irias dizer que não podia ser verdade. Se for necessário, ainda te vou contar isso.
    Para mim continuo a pensatr que o encerro dos SAPs concelhios é uma aberração, ainda mais quando nalguns deles à menos de dois anos, ao tempo em que este governo está em funções, foram efectuados investimentos de milhões e milhões de euros.
    Dizem que é para diminuir a despesa.
    Muito brevemente virei a este espaço trazer uma ideia ao sr. Ministro das Finanças para diminuir a despesa do Governo.
    Até um dia destes, e um bom Ano de 2008 para ti e respectiva Família.

    José Augusto Marques.

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  5. José Augusto,
    Também eu, mais jovem de facto, conheço alguns casos pontuais em que os SAP tiveram um papel preponderante na salvação de vidas humanas.
    Seria ridículo da minha parte dizer ou concordar que os SAP não servem para nada e que são, ou foram, um empecilho.

    O que na verdade eu quis salientar é que a "manta" portuguesa é curta e não chega a todo o lado. Assim, da análise do custo benefício e do ponto de vista da sustentabilidade do SNS, a minha opinião vai no sentido de que TEORICAMENTE o novo sistema de saúde proposto é lógico e coerente.
    Penso, também, que é vital analisar os episódios de urgências de uma forma genérica e não particularizar com alguns dos casos felizes que conhecemos. Certamente os SAP salvaram muitas vidas, mas não é menos verdade que condenaram outras pela falta de meios com que estavam dotados.

    Bom, o importante é que as ideias que apresentámos, embora antagónicas, sejam lógicas e argumentativas. E, parece-me, que ambas o são.

    Continuo a dar o benefício da dúvida a quem pensou este novo SNS e a ter alguma fé na sua implementação real, em prazo aceitável.
    Concordo, no entanto, consigo, quando se refere aos milhões mal gastos, se o objectivo, à partida, era o de implementar este SNS.
    No "seu" modelo este dinheiro foi bem gasto porque ía de encontro à manutenção dos SAP. No "meu" modelo, esses milhões foram uma pedrada no charco do executivo que assim decidiu.

    Ambos entendemos a posição do outro e é perfeitamente lógico que os dois modelos tenham vantagens e desvantagens pelo que ambos são defensáveis.

    Ficou o debate...

    Que venham outros assuntos interessantes e que todos possam participar com argumentos válidos.

    Retribuo os votos de Bom Ano Novo para si e para a sua família.

    Abraço

    Mário Martinho (Jr.)

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  6. Por ser nova por estas bandas, enviei um breve comentário sobre o que penso do encerramento de alguns SAP's sem ter lido todos os comentários em torno da temática. Por isso deixo-vos, também, alguns casos:
    O que dizer dos "profissionais" que recebem doentes em urgências noturnas e os deixam em espera durante horas, não porque exista trabalho em demasia, mas porque o sr dr está a dormir?
    O que dizer dos diversos casos em que as "urgências" servem, não para diagnosticar e resolver, mas para passar receitas de medicamentos de doentes crónicos?
    O que dizer dos milhentos casos que quando chegam à urgência são, efectivamente, doenças em estado avançadissimo que não foram diagnosticadas precocemente numa consulta do médico de família?
    O que dizer das consultas de planeamento familiar que não existem, simplesmente, para muitos portugueses e os que as têm só o conseguiram mendigando?

    Queremos dizer, certamente, que devemos prestar diariamente mais atenção aos nossos doentes em horários condignos (não das 9h às 13h)e possuir urgências suficientemente apetrechadas, seja num hospital ou numa VMER, para não parecermos baratas tontas encaminhadas para locais de "desenrrasque".

    Mais uma vez, falo, também, como profissional de saúde com conhecimento não apenas de 1 SAP, o que pode simbolizar, certamente, o nosso Portugal profundo.

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