À Atenção dos Almeidenses:
- uma vez mais o nosso património histórico em perigo?
Acedendo ao sítio da CMA e ao blog do Jornal Praça Alta, tem-se conhecimento do Programa da Recriação do Cerco de Almeida 2008, que ocorrerá entre os dias 22 e 24 de Agosto próximo.
Chamou-me especial atenção o programa da tarde do dia 23 de Agosto, próximo Sábado. Anuncia-se a realização de dois workshops. O primeiro, com o seguinte tema:” o projecto do município para a regeneração da zona do castelo”; com os temas em discussão:
“O arranjo urbanístico do alto da cidadela”, “A importância arqueológica e sua integração” e o “ Projecto do miradouro da Praça Forte”.
O segundo workshop tem por tema : “O 1º Simpósio de Almeida - Um programa de Escultura para o Concelho”, com os temas em discussão: “O Memorial do Sacrifício de Almeida e os 200 Anos da Guerra Peninsular” e o “Monumento do 25 de Abril e outras Intervenções de Arte Pública como monumentos de inovação urbanística a assinalar”.
Ora todas estes workshops parecem pertinentes e revestidos até de alguma democraticidade, pois neles poderão - ao que se julga - participar quem quiser, não necessitando de inscrição…
Contudo, há que estar atento às propostas de mais “projectos do município” e “arranjos urbanísticos” e agora também “Arte Pública” (estaremos para ver o que entendem por isso…), pois poderão enferma
r de aspectos que não são de todo os mais adequados para a valorização de Almeida.
- uma vez mais o nosso património histórico em perigo?
Acedendo ao sítio da CMA e ao blog do Jornal Praça Alta, tem-se conhecimento do Programa da Recriação do Cerco de Almeida 2008, que ocorrerá entre os dias 22 e 24 de Agosto próximo.
Chamou-me especial atenção o programa da tarde do dia 23 de Agosto, próximo Sábado. Anuncia-se a realização de dois workshops. O primeiro, com o seguinte tema:” o projecto do município para a regeneração da zona do castelo”; com os temas em discussão:
“O arranjo urbanístico do alto da cidadela”, “A importância arqueológica e sua integração” e o “ Projecto do miradouro da Praça Forte”.
O segundo workshop tem por tema : “O 1º Simpósio de Almeida - Um programa de Escultura para o Concelho”, com os temas em discussão: “O Memorial do Sacrifício de Almeida e os 200 Anos da Guerra Peninsular” e o “Monumento do 25 de Abril e outras Intervenções de Arte Pública como monumentos de inovação urbanística a assinalar”.
Ora todas estes workshops parecem pertinentes e revestidos até de alguma democraticidade, pois neles poderão - ao que se julga - participar quem quiser, não necessitando de inscrição…
Contudo, há que estar atento às propostas de mais “projectos do município” e “arranjos urbanísticos” e agora também “Arte Pública” (estaremos para ver o que entendem por isso…), pois poderão enferma
Considerando as mais recentes intervenções, é de temer que de novo possam surgir soluções descabidas e desadequadas ao todo histórico que o monumento, no seu conjunto, representa. As obras e inovações executadas por ou com o beneplácito da Câmara disso são exemplos. Sem pretender ser prolixo para quem me lê, gostaria só de, uma vez mais, enunciar os mais recentes: edifício tipo caixote na Praça da Liberdade (quase em frente à Câmara); azulejaria e granitos tipo estação de metro na porta nova junto às casamatas”, armações em aço e vidro, quais cutelo e paliteiro, construídas sobre as Portas de Santo António; postes de iluminação tipo estádio de futebol no picadeiro exterior, esquadros e quilhas de granito semi-polido por detrás da Pousada; propostas para espelhos de água junto às Portas de S. Francisco… só para referir as mais destacadas. Também, ao que tudo leva a crer, acrescenta-se o mais recente “(des)arranjo” das Casamatas… 
Não se conhecem ainda estes novos projectos, mas pelos exemplos anteriores… e pelo autismo conhecido…é indispensável ter os olhos bem abertos ao que dali vai sair!
Por isso, os Almeidenses que verdadeiramente se interessam pela preservação do património da sua terra deverão estar alerta com o que se pretende construir. Corre-se o risco de, com novos “ (des) arranjos”, cada vez mais a Praça-Forte ficar incaracterística como monumento histórico graças a int
ervenções que vulgarizam o seu espaço histórico.
Pergunta-se: o que é que Almeida tem que cative os visitantes e que possa, bem gerido, tornar-se uma fonte de rendimento para a terra? O que é que ali vão encontrar os visitantes que os façam voltar, ou propagandear junto dos seus conhecidos o interesse na visita? Um antigo e monumento militar classificado, com implantes de modernices semelhantes a tantas outras terras?
O visitante ao entrar no espaço interior das muralhas, deveria ser naturalmente envolvido pelo ambiente que caracteriza uma época passada, pois só assim sente a originalidade do seu testemunho histórico. Mas, actualmente, o que vê? Edifícios e espaços numa certa harmonia que transmitem uma determinada mensagem histórica e, ao virar da esquina, leva um choque na ambiência sentida ao esbarrar de caras com edifícios, construções e intervenções que contrastam com o todo monumental. A viagem que estava a viver, ou a memória evocada do ambiente de outras épocas e outros tempos, afinal o aliciante e objectivo de visitar Almeida, é violentamente cortado pelo anacronismo que lhes surge perante os olhos. E então sobra a inevitável desilusão de constatar que Almeida poderia ser única na sua monumentalidade, preservada pelo tempo e estimulada com novas intervenções de forma integrada, e, em vez disso, se torna apenas comparável a qualquer lugar antigo com casas, praças e modernas intervenções. Ao fim e ao cabo, vulgar!
É isso que nós não queremos - e tememos possa acontecer. Para contrariar essa tendência, bem como a falta de um debate que deveria ser amplo, aberto à população e com prazo temporal alargado, e não se confinar a um mero workshop em que aos presentes, como habitualmente, é argumentando pouco tempo disponível, sem lhes dar tempo de
reflexão suficiente para questionar o quer que seja…
…Num dever de cidadania, deveremos estar presentes nos tais workshops e, se for caso disso, intervir, levantando questões e até eventualmente demonstrando o nosso desagrado por propostas que acharmos desadequadas. Assim, apesar de não idealmente, podemos mostrar às autoridades decisoras se os projectos apresentados merecem ou não o nosso apoio e vão ao encontro do querer dos Almeidenses. De outro modo, corre-se o risco de ver a nossa Almeida, em poucos anos, mais desvirtuada no seu todo arquitectónico que nos duzentos anos anteriores!
Rui Brito da Fonseca
Não se conhecem ainda estes novos projectos, mas pelos exemplos anteriores… e pelo autismo conhecido…é indispensável ter os olhos bem abertos ao que dali vai sair!
Por isso, os Almeidenses que verdadeiramente se interessam pela preservação do património da sua terra deverão estar alerta com o que se pretende construir. Corre-se o risco de, com novos “ (des) arranjos”, cada vez mais a Praça-Forte ficar incaracterística como monumento histórico graças a int
Pergunta-se: o que é que Almeida tem que cative os visitantes e que possa, bem gerido, tornar-se uma fonte de rendimento para a terra? O que é que ali vão encontrar os visitantes que os façam voltar, ou propagandear junto dos seus conhecidos o interesse na visita? Um antigo e monumento militar classificado, com implantes de modernices semelhantes a tantas outras terras?
O visitante ao entrar no espaço interior das muralhas, deveria ser naturalmente envolvido pelo ambiente que caracteriza uma época passada, pois só assim sente a originalidade do seu testemunho histórico. Mas, actualmente, o que vê? Edifícios e espaços numa certa harmonia que transmitem uma determinada mensagem histórica e, ao virar da esquina, leva um choque na ambiência sentida ao esbarrar de caras com edifícios, construções e intervenções que contrastam com o todo monumental. A viagem que estava a viver, ou a memória evocada do ambiente de outras épocas e outros tempos, afinal o aliciante e objectivo de visitar Almeida, é violentamente cortado pelo anacronismo que lhes surge perante os olhos. E então sobra a inevitável desilusão de constatar que Almeida poderia ser única na sua monumentalidade, preservada pelo tempo e estimulada com novas intervenções de forma integrada, e, em vez disso, se torna apenas comparável a qualquer lugar antigo com casas, praças e modernas intervenções. Ao fim e ao cabo, vulgar!
É isso que nós não queremos - e tememos possa acontecer. Para contrariar essa tendência, bem como a falta de um debate que deveria ser amplo, aberto à população e com prazo temporal alargado, e não se confinar a um mero workshop em que aos presentes, como habitualmente, é argumentando pouco tempo disponível, sem lhes dar tempo de
…Num dever de cidadania, deveremos estar presentes nos tais workshops e, se for caso disso, intervir, levantando questões e até eventualmente demonstrando o nosso desagrado por propostas que acharmos desadequadas. Assim, apesar de não idealmente, podemos mostrar às autoridades decisoras se os projectos apresentados merecem ou não o nosso apoio e vão ao encontro do querer dos Almeidenses. De outro modo, corre-se o risco de ver a nossa Almeida, em poucos anos, mais desvirtuada no seu todo arquitectónico que nos duzentos anos anteriores!
Rui Brito da Fonseca