12 maio, 2011

O aquecimento dos motores

Temos assistido aos debates televisivos dos diversos líderes políticos num espaço que antecede o verdadeiro debate popular por todo este país, que é a campanha eleitoral.
Na realidade ainda longe do acto, e já os partidos colocaram a sua hoste no terreno para brandirem as vantagens e decifrarem as fraquezas dos adversários.

Aquilo a que temos assistido é de bradar aos céus, com a falta de rigor e de verdade de alguns.
Depois de tudo porque temos passado e vivido, depois do que fizeram a alguns, nomeadamente funcionários do sector público, ainda há quem diga que o estado económico da Nação se deve a estes.

A reunião havida com os representantes da União Europeia, do Fundo Monetário Internacional e do Banco Central Europeu, por parte do Governo e de alguns partidos da oposição, originou um acordo subscrito por todos, e que é fundamental respeitar para se conseguir atingir certos e determinados objectivos, a fim de que nos sejam concedidos qualquer coisa como 78 mil milhões de euros.

O mesmo a ser inicialmente aprovado este fim-de-semana pela União Europeia, já começa a dividir a decisão de alguns partidos. Isto leva-nos a pensar que alguns dos subscritores já começam a pretender modificar o acordado. Assim é impensável conseguirmos chegar mais cedo ou mais tarde a bom porto.

Virem-nos dizer que acordo contém tudo o que estava no PEC IV, é chamarem-nos ignorantes e isso não o devemos admitir.
Dizer que não necessitávamos da ajuda externa, é caricato já que o próprio ministro das Finanças afirmou que só havia dinheiro para pagamento de vencimentos até Maio.
Sendo assim, onde íamos arranjar dinheiro para pagar a próxima tranche já em Junho dos empréstimos?
As medidas necessárias tinham que ser muito mais fortes. Qual foi o resultado dos anteriores PEC’s?
O grande problema deste Governo é que apenas se preocupava com as receitas. No que tocava às despesas, nada era feito. Todos sabemos que quando se gasta mais do que se ganha, a falência é o resultado final.
Este acordo visa pelo menos alguns pontos que vai permitir efectuar menos despesa. Eis alguns: congelamento de salários na função pública e de pensões até 2013; redução de 1% e 2% nos trabalhadores da administração central e local, respectivamente; contribuição especial sobre pensões acima de € 1.500; controlo apertado nos custos da saúde, educação e defesa; racionalização na administração pública; redução de despesa com benefícios sociais de natureza não contributiva; redução de transferências para autarquias e regiões autónomas; redução de despesas de capital.
Naturalmente que outras medidas há que adaptadas à nossa realidade, podem beneficiar a recuperação. Eu daria como exemplos, a supressão imediata de financiamento aos partidos políticos e às campanhas eleitorais; a supressão imediata das benesses aos ex-presidentes da República; o imediato cancelamento das comparticipações para todas as fundações, etc, etc.....

O debate televisivo entre Sócrates e Louça foi simplesmente uma vergonha.
Discutiu-se uma carta, na definição de Louça, enquanto José Sócrates dizia ser um memorando.
Carta, define-se como um escrito fechado ou aberto que se dirige a alguém; nome dado a certos documentos oficiais que contêm despacho, provisão, etc...
Memorando, é uma anotação que serve para lembrar algo; uma nota diplomática de uma nação para outra, sobre o estado de uma questão, etc...
Tanto uma como outra assinada por Homens, devem ser honradas.
Ambas são a mesma coisa. No fundo são o compromisso escrito do assumir de uma decisão. O importante desta questão não está em saber se se deve chamar de uma maneira ou outra, o fulcro está no honrar do compromisso. Simplesmente vergonhoso.

Por último, falar só da questão em debate no mesmo encontro sobre o termo reestruturação da dívida pública.
O senhor primeiro-ministro ficou muito mal na fotografia com a definição do termo. Afirmou que reestruturação significava criar calotes aos investidores. Ficou mal também a Francisco Louça não lhe ter explicado o que é uma reestruturação de dívida, já que ele como professor universitário e com formação superior em economia, sabe ou deve saber o que isso é.
Reestruturar uma dívida, significa organizá-la de uma outra forma, como por exemplo, aumentar o prazo de pagamento e diminuir os juros, tornando assim menos penoso para quem paga. Mas isto, não implica não pagar parte dela.
Qualquer cidadão comum que tenha relações comerciais com qualquer banco, sabe isso.
Enfim, são os políticos que temos. Não admira que o país esteja como está.
Caberá a cada um de nós avaliar o facto de não termos sucenturiado a nossa última decisão eleitoral.

6 comentários:

  1. Após o debate desta noite entre Passos Coelho e Paulo Portas, e da troca de galhardetes que houve entre ambos, embora mais da parte de Portas, não devemos agoirar nada de bom para este país.
    Gostava de saber a tua opinião josé Augusto, acerca deste debate.
    Um abraço.
    Vitor Miguel

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  2. José Augusto Marques19 de maio de 2011 às 17:37

    Resposta ao Víctor Miguel.

    Segui com toda a atenção o debate entre Passos Coelho e Paulo Portas. Devo dizer que estava com alguma expectativa para ver qual dos dois iria reagir com mais ímpeto para "roubar" votos um ao outro. Creio que Portas acabou por ganhar o debate. Foi mais inteligente ao valorizar o seu partido e as causas por ele defendidas durante estes anos na Assembleia.
    Passos Coelho mostrou-se mais educado e considerando Portas e o PP como aliados, não o hostizou nem sequer foi arrogante para com ele, ao contrário de Portas que tratou Passos como um não aliado e com algum desdem.
    Este debate, na minha opinião, só serviu para que o PS e José Sócrates acabassem por amealhar mais uns votos.
    Resumidamente esta é a minha opinião Víctor. Respeito a dos outros se não concordarem total ou parcialmente comigo.
    Depois de tudo isto, estou apreensivo relativamente ao debate entre Passos e Sócrates. Se as coisas se mantiverem desta forma, e Passos não conquistar estilo, é muito provável que seja celindrado por Sócrates. A ver vamos.
    Um abraço amigo.
    Vem mais vezes ao blogue.

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  3. José Augusto Marques20 de maio de 2011 às 23:25

    Terminou hoje a sessão de debates entre os principais líderes políticos.
    Frente a frente Sócrates e Passos Coelho.
    Este era sem dúvida o debate que maior espectativa tinha criado entre todos aqueles que os seguiram.
    Finalizei o meu anterior comentário a pedido do meu amigo Víctor Miguel, que em função da forma de José Sócrates, e perante as posturas assumidas por Passos Coelho, a possibilidade do primeiro ganhar e com facilidade era grande.
    Após o debate e na minha modesta opinião, este foi o pior debate de José Sócrates. Entrou com receio do adversário, apesar de iniciar desde logo o ataque. A primeira intervenção de Passos Coelho foi forte e tocou nos pontos fulcrais do Governo, debilitando ainda mais o ainda Primeiro Ministro. Sócrates, durante todo o debate foi incapaz de se recompor, a não ser quando tentou um novo ataque por causa da taxa social única. Mesmo assim foi incapaz de vencer a causa, já que Passos com a lição bem estudada acabou por lhe dar todas as explicações e contra atacou dizendo-lhe que o PS iria primeiro fazer um estudo para depois ver o que fazer, apesar de terem assumido desde logo com os representates internacionais a sua redução.
    Talvez aqui Passos Coelho tenha ganho o debate na generalidade.
    Para mim Sócrates cometeu um lapso, ao tentar ir por um caminho errado que foi o de debater o programa do PSD. Quis chamar a si a orientação do debate e também perdeu.
    No final o debate não foi tão interessante quanto devia. Temas como a Educação, a Justiça, a reforma do Estado, a diminuição da despesa, etc, foram temas ausentes e que talvez muita gente gostasse de ver debatidos para um maior esclarecimento.
    Vem aí agora a campanha eleitoral.
    Não acredito que o discurso melhore.
    Mantendo-se a situação assim, já o escrevi noutro lado em jeito de comentário, que o meu voto não irá para ninguém, simplesmente porque decidi nem sequer ir votar, como forma de protesto.

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  4. Não sou muito de ficar em casa em dias de eleições, embora já o tenha feito. No entanto devo dizer que de facto e de acordo com a opinião do autor deste artigo, peranto o actual cenário da nossa classe política, o melhor é não confiar neles e não votar.
    É isso que vou fazer.

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  5. Lamento que o site do PSD - Concelho de Almeida - http://psdalmeida.webnode.com/ - esteja completamente parado, e inactivo desde a data de 24/12/2010.
    Este não pode ser e não quero crer que seja o reflexo da actividade e dinâmica da Comissão Politica Concelhia do PPD-PSD...não quero acreditar que assim seja. Num momento de extrema importância para o Partido Social Democrata e para o País em particular, não quero acreditar que a acção desta Comissão Politica Concelhia se esgote na útlima campanha eleitoral autárquica ou no papel restrito de defesa do actual Executivo autárquico.
    Ou será que as ditas novas tecnologias não estão no horizonte do actual Presidente da mesma?
    Quanto ao post do meu Amigo e Companheiro José Augusto...eu não estou de acôrdo contigo, caro amigo. Penso até que...se houve momento que o nosso voto seria de importância vital para o País e para o seu futuro e por consequência, dos nossos filhos...este é um deles. O voto nestas eleições é de extrema importância, por muito desiludidos com a actual classe politica...é a nossa última oportunidade de alterarmos a estrutura sócio-politica e económica deste País...depois "desta oportunidade", meu caro Zé...só o "Cairo" no Terreiro do Paço...mas desta vez sem flôres, Zé!
    A minha posição é muito clara e genuína, se quiseres: eu não sou masoquista e portanto não posso votar em José Sócrates...mas vou votar... porque o meu voto desta vez tem importância vital e será no PPD-PSD.
    Abraço, Zé Augusto.

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  6. Sem ser catastrofista, mas parece qualquer que seja o próximo governo (CDS, PSD e PS), não haverá volta a dar-lhe:tudo vai ficar como dantes, ou mais precisamente, ainda pior. O tipo de governação liberal que é o modelo usado e a usar, nada de novo vai trazer a um sistema político e social que necessita urgente mudança, mas efectiva mudança e não apenas fogos de vista.
    O despesismo, a afronta, o clientelismo, a diferença absurda de rendimentos, etc, vai mudar com o novo governo? -O TANAS, é que muda!!!

    Desiludido

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