18 maio, 2010

Sessão Ordinária da Assembleia Municipal de 23.04.2010 - 1ª parte

No seguimento das sínteses que venho fazendo das sessões da Assembleia Municipal (AM) de Almeida para este Fórum virtual, registo alguns conteúdos debatidos na última sessão de ordinária de 23 de Abril de 2010, logo depois seguida da sessão extraordinária do 25 de Abril, como aqui foi já dado conhecimento em comentários publicados a propósito de um ‘post’ evocativo dessa data.

A sessão ordinária do dia 23 de Abril, conforme convocatória e agenda de trabalhos abaixo, contou com a representação de todas as forças políticas, excepto da CDU. No início da mesma, no período de votação da acta em que se procedem a alguns acertos habituais, inquiri do não aparecimento, na versão da mesma enviada aos membros para leitura prévia, da garantia do presidente da AM de que o nome da Dra. Maria Natércia Ruivo para a Biblioteca Municipal fora aprovado em AM, de acordo com resposta recebida na anterior sessão de 26 de Fevereiro. Foi-me dado conhecimento que houvera um lapso: o nome fora apenas proposto em reunião de Câmara sem chegar a ser discutido e aprovado na AM. Aceitei a explicação, mas propus que essa formalização se fizesse, o que foi remetido para o período antes da Ordem do Dia. Inscrito novamente o assunto nesse ponto, insisti que o assunto deveria de uma vez por todas ser resolvido, já que a AM era o órgão que deveria legitimar a vontade da população claramente expressa através de uma recolha de assinaturas por todo o concelho e, também para evitar desagradáveis ambiguidades como as que já anteriormente tinham ocorrido pela falta de indicação clara do nome da homenageada no exterior da instituição. O Presidente da Câmara declarou que essas ambiguidades não existiam, que a “sua decisão” havia sido tomada e que em breve seria colocado um logótipo no exterior da Biblioteca que eliminaria todas as dúvidas; no entanto, conforme indagações minhas em actas anteriores publicadas, elas existiram mesmo, indiciando a probabilidade de voltarem a ocorrer, além de que o importante, neste caso, era cumprir devidamente uma homenagem, respeitando o desejo da população e não apenas uma decisão política. Uma intervenção de um membro presente confirmou também esse desejo, por si mesmo testemunhado, e o Presidente da Assembleia propôs, como reparação do lapso anterior, que o assunto fosse formalizado em reunião de Câmara para vir finalmente então à AM para aprovação, conforme procedimento habitual. Concordei com a proposta e solução de compromisso, confiando que será desta vez que a situação é resolvida, como é legítimo esperar, sobretudo pelos ente-queridos da homenageada que em nada puderam ou deviam influir neste processo, restando-lhes a atitude dos almeidenses que, ao menos uma vez, se uniram no sentimento de gratidão por alguém que, sem nunca abandonar as suas obrigações profissionais, se emprestou à política para durante anos servir a sua terra, colaborando na melhoria de condições sócio-culturais, em particular dos jovens, os “garotos”, como ela, como docente, carinhosamente os tratava. Exemplos desses neste país, como sabemos, não abundam, e o mais certo é as pessoas mais dedicadas nunca verem reconhecimento algum, ainda que nunca lhes passe pela cabeça empenharem-se com esse objectivo, como foi o caso. O Presidente da AM agradeceu e o assunto ficou encerrado para cumprimento do previsto.


Ainda nesse ponto antes da Ordem do Dia, procurei justificação junto do Presidente da CMA para a nomeação de uma pessoa aposentada, Sr. Carlos Morgado Portugal, para o seu Chefe de Gabinete de Apoio Pessoal, conforme nomeação do DR, no dia 22.04.10, já que me parecia importante ir dando lugar a novos valores no concelho, ainda que interinamente uma pessoa experiente e mais velha pudesse dar o seu contributo. Um outro membro da AM secundou esse questionamento, afirmando que gostaria de viver e trabalhar em Almeida, tal como a esposa, mas por falta de alternativa profissional, se via impedido de o fazer, ainda que cumprindo o papel de autarca eleito pela vontade da sua comunidade. O Presidente sublinhou que o cargo era de confiança política, tendo sido por sua insistência que o contrato se fizera, e que Almeida deveria ficar grata por poder contar com a experiência da pessoa citada, que veria descontada a sua remuneração pelo estatuto de reformado. Afirmou ainda que a situação era “transitória” (4 a 6 meses), para posteriormente se proceder a um concurso.

Após algumas outras intervenções, deu-se finalmente início à Ordem de trabalhos prevista, tendo o primeiro ponto, a Discussão e Votação dos Estatutos e Convénio do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial entre os municípios da Beira Interior Norte e a Diputación Provincial de Salamanca (BIN-SAL, AECT), sido aprovado após a discussão e esclarecimento prestados. O organismo ocupará parte do edifício da Alfândega, em Vilar Formoso, no âmbito de uma concessão por 30 anos que prevê a transformação do espaço em local de exposição da região e sede do AECT.

No segundo ponto da Ordem do Dia, foi analisada e debatida a informação escrita do Presidente da CMA acerca da actividade do município e situação financeira do mesmo. Da leitura dessa informação escrita, o que ressaltou foi o aumento de quase um milhão de euros na dívida acumulada, num escasso período de dois meses. De facto, desde a última apresentação de contas na AM, em Fevereiro, a Abril de 2010, a dívida passou de 7.176.056,46 € para 7.998.114,49 €, sendo uma significativa parte da mesma devida a fornecedores, empreiteiros bem como outros credores, e a outra, 4,540.617,52 a instituições financeiras. Apesar disso, nos indicadores de gestão, que fazem o balanço de 2006 a 2009, é afirmado que "no geral verifica-se boa capacidade em solver compromissos de médio logo prazo".

O relatório apresentado informa ainda que “a CMA tem empreitadas a decorrer e em curso num valor superior a seis milhões de euros, grande parte destas financiadas pelo POVT e contratualização com a CIM Beiras”. Num parágrafo que reproduz um texto praticamente igual ao de Fevereiro, o relatório lamenta que “decorridos mais de três anos após a entrada em vigor do QREN, que suportará 70%, 75% e 80% a maior parte das empreitadas em custo” os atrasos verificados nas comparticipações “estão a criar ao Município uma situação financeira incomportável”, prometendo que “com a entrada das verbas referidas a dívida a empreiteiros e fornecedores será substancialmente reduzida”. O Presidente da CMA usou da palavra para novamente criticar o governo central pela falta de cumprimento de transferência das verbas, invocando os argumentos e justificações semelhantes aos da altura da tomada de posse, em Novembro de 2009, e a oposição, inevitavelmente, esgrimiu a convicção da necessidade de mudança de rumo, sublinhando as dúvidas e receios acerca da capacidade de endividamento da autarquia e a preocupação quanto ao tipo de investimentos feitos.

Ainda neste ponto, procurei junto do Presidente da CMA informação sobre o funcionamento do Gabinete de Inserção Profissional, mencionado nesse relatório de actividades, no âmbito de um protocolo estabelecido com a Raia Histórica, que “tem como objectivo apoiar jovens e adultos desempregados na procura/definição do seu percurso de inserção no mercado de trabalho, em estreita cooperação com o Centro de Emprego de Pinhel”, inquirindo sobre o motivo de apenas funcionar um dia por mês e quais o resultados que apresenta; foi-me dito que é apenas por um dia aquando da vinda de uma técnica do Centro de Emprego, e que os resultados, tanto quanto sabia, são absolutamente nulos, mas que essa pergunta deveria ser feita ao Centro de Emprego, porque a autarquia se limitava a disponibilizar as instalações. Fiz a pergunta por constar no relatório de actividades da autarquia, no capítulo do Desenvolvimento Social, mas perante a resposta, penso que não restam dúvidas quanto à sua eficácia.

Procurando evitar excessiva concentração de informação deste post, que mesmo assim já vai longo, a síntese fica por aqui, sendo outros pontos a referir em próxima oportunidade, para que os almeidenses vão ficando a conhecer e possam reflectir sobre os assuntos debatidos na AM.


8 comentários:

  1. Para a Dra Clarinda Moreira o meu muito e sincero obrigado pela sua intervenção na assembleia municipal a que se refere no texto,na qualidade de almeidense. A necessidade de chamar a atenção aos responsáveis da câmara para o nome da biblioteca é uma vergonha para eles. Então uma pessoa que tanto trabalhou lado a lado com eles e ainda andam a fazer destas coisas. É uma vergonha autêntica. Sabemos que ninguém substitui ninguém, mas a Dra Clarinda tem que nos representar a nós almeidenses e defender a nossa vila nesta câmara. Por favor não desista nunca Dra Clarinda.
    Alma até Almeida.

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  2. O senhor Presidente da Cãmara Municipal de Almeida tem vindo, mais do que uma vez,como se pode ler nas respectivas actas, a acusar deputados do PS de faltar à verdade nas sessões da Assembleia Municipal! Nunca ficou claro que assim fosse! Pois é, chegou a vez do senhor Presidente incorrer, de forma clara, naquilo de que acusa os outros, desdizendo e fazendo exactamente o contrário do que outrora tão convictamente disse! Disse que o Dr. Alcino Morgado ocuparia um lugar na administração da empresa municipal, Almeida Municipia, e ganharia o vencimento correspondente a um vereador, mas prescindia do preenchimento do lugar de Chefe de Gabinete Pessoal do Presidente (que naturalmente seria do Dr. Alcino). Mas eis que o senhor Presidente da CMA acaba de nomear uma pessoa aposentada, Sr. Carlos Morgado Portugal, para seu Chefe de Gabinete de Apoio Pessoal, conforme nomeação do DR, no dia 22.04.10. Em que ficamos? São só seis meses! Muito bem, mas convém então assumir que o que disse não é verdade!

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  3. Dra Clarinda, deixe lá a biblioteca porque já todos percebemos e explique lá à população o que se está a passar na câmara de Almeida. Todos nós sabemos que vivemos tempos complicados em que apelam a muita contencão e muita prudência a todos os portugueses o senhor Presidente da républica, o senhor primeiro ministro, o senhor Passos Coelho, todo um conjunto de ilustres economistas e figuras nacionais e todos os governantes e responsáveis dos governos de todos os países da europa. Clarifique-nos sobre o motivo e o porquê de a câmara municipal de Almeida e dos seus responsáveis terem feito reunião com os funcionários ou parte dos funcionários para acertar ou comunicar aumentos de salários e/ou outras regalias. É disto que o povo precisa de saber!

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  4. Maria Clarinda Moreira22 de maio de 2010 às 01:40

    Caro anónimo do dia 21 às 01:15:

    Compreendo que para si e alguns mais almeidenses o assunto da biblioteca seja uma evidência, mas entendo também como um dever da minha parte dar conhecimento do que efectivamente se passou na AM. E esse foi um dos assuntos debatidos, pelo que é justo trazer ao conhecimento que não foi ou é esquecido, até pela pertinência de que quem não defende princípios, como o do respeito pela vontade de muitos, se arrisca a não merecer a defesa também noutras matérias.

    Já aos tempos complicados que vivemos a apelar à contenção, sim, virá a propósito a continuação do resumo da AM. Mas terão os leitores deste blogue de ter a paciência de aguardar porque certamente repararam que este post tem a indicação de “1ª parte”.

    Peço-lhe, no entanto que não se iluda a respeito, pois na última AM não se fez qualquer alusão a nenhuma reunião “com os funcionários ou parte dos funcionários para acertar ou comunicar aumentos de salários e/ou outras regalias”. Terá que obter essa informação junto dos próprios, se isso efectivamente se passou, pois a situação financeira do país, sobre a qual todos vamos ouvindo e lendo, e de que Almeida não se pode alhear, vai mais no sentido de qualquer dia se ter de convocar funcionários para tentar explicar por que é não há dinheiro para pagar os salários…

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  5. Um facto curioso que merece ser realçado.
    Os Deputados eleitos pela CDU faltaram a esta Assembleia Municipal.
    Terá sido coincidência ou pelo contrário foi uma estratégia?
    Reparem. Todos sabemos que a CDU se não está coligada com o PSD e o CDS, está com toda a certeza, de corpo e alma com o actual executivo da autarquia. É só consultarem os registos dos resultados eleitorais para se constatar este facto: porquê votações tão dispares para Presidente da Câmara e para a Assembleia Municipal? Mas, é só ouvirmos a defesa acérrima que os mesmos elementos da CDU fazem do actual executivo. Eu sei que o adversário de estimação para a CDU, para não dizer o “inimigo”, sempre foi o PS, mas…

    Mas, porquê faltarem os dois únicos representantes da CDU a esta Assembleia que tem na ordem de trabalhos a aprovação (ou não) das contas da autarquia relativamente ao ano transacto? Têm sido de uma assiduidade exemplar, não sei até se não terão sido as primeiras faltas que tiveram, e logo nesta faltam?
    Opinião: por um lado a dita “santa aliança” com o PSD em Almeida, por outro lado, sendo a CDU ideologicamente adversária do mesmo, colocou-se um dilema aos mesmos deputados da CDU: como votar então?
    A solução foi um misto de inteligência e de hipocrisia: faltamos os dois e está assunto resolvido.
    Minha conclusão: VERGONHA!
    Assim vai a vida politica por esta Almeida que vai definhando lentamente.

    F. Garces

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  6. Para o sr. F. Garces.
    Concordo totalmente com a sua análise política. Subscrevo-a na totalidade.
    Como podiam votar contra as contas do executivo ou mesmo abster-se? É que se tomassem qualquer uma destas duas posições, a Junta corria o risco de voltar ao antigamente. Aliás não foi o PSD que lhes viabilizou a eleição? A factura têm que a pagar.
    Ainda hei-de ver a história escrever uma página destes senhores (CDU/PSD).

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  7. Será que o anónimo de 21 de maio de 2010 01:15 se refere à alteração de posição remuneratória referida no DR de 19 de Maio? Ver em:

    http://dre.pt/pdf2sdip/2010/05/097000000/2763627637.pdf

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  8. Manuel Norberto Baptista Forte24 de maio de 2010 às 14:26

    Que têm a dizer do teor substantivo da entrevista do Senhor Presidente da Câmara Municipal de Almeida, concedida ao "Guarda Digital", em 22/5/2010?. Porque a mesma tem aspectos estructurantes para com o Municipio, que dirão os Senhores(as) Deputados (as) Municipais do P.S.D., P.S., e do C.D.S./P.P.?.

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