04 maio, 2010

Portugal e a notação de risco.

No final do mês passado a discussão política a nível nacional, prendeu-se com o facto da decisão da Standard & Poor's, uma das principais agências de notação de risco, ter baixado o “rating” de Portugal.
Viveram-se ou ainda se continuam a viver, momentos algo conturbados tanto a nível económico como político.
Passados que estão alguns dias, verificamos que começam a aparecer vozes em ambiente de “jarring”.
De facto o Financial Times na versão alemã considerou “duvidosa” a apreciação efectuada pela agência S&P, da notação que nos atribuiu.
As situações financeiras que vivemos recentemente a nível internacional em parte também se devem à actuação por parte dessas agências. Muitos economistas internacionais e de renome, começam a questionar as decisões por elas assumidas nessa altura, quando agora aparecem como as grande salvadoras da economia mundial.
As agências de notação de risco, são também designadas nos meios específicos de agências de rating.
Quando uma empresa ou um estado pretende colocar no mercado um determinado título para angariação de capitais, as agências de rating fornecem aos investidores informação suficiente que os ajude a avaliar os riscos inerentes, contribuindo também para baixar o custo suportado pelos emitentes.
A primeira agência foi fundada nos Estados Unidos em 1909 por John Moody.
Actualmente devem existir aproximadamente entre 120 a 150 em todo o mundo.
As três principais situam-se nos EUA e são elas que praticamente dominam a informação da especialidade. Trata-se da Standard & Poor’s, da Moody’s e da Fitch Ratings. Poderemos ainda dizer que uma quarta agência tem também grande credibilidade no rating, trata-se da canadiana Dominion Bond Ratings.
Em Portugal e em 2007 a única agência que havia era a Companhia Portuguesa de rating.
Nos EUA existem algumas dúvidas sobre a informação produzida por estas agências desde os anos 70, considerando o papel por elas desempenhado num conflito de interesses entre o seu próprio papel de análise de risco e os serviços de aconselhamento aos clientes emitentes.
Considerando a opinião duvidosa de especialistas sobre o trabalho que estas agências estão a desenvolver pergunta-se qual tem sido o papel da União Europeia em toda esta questão?
Será que não estará na hora de nós próprios criarmos uma agência de notação de risco europeia?
Sabemos das divergências existentes nos interesses entre ambos os continentes. Para os EUA, a situação pela qual Europa está a passar só os beneficia. Não admira que depois da Grécia e agora Portugal, também já se tenha falado na Espanha, Itália e se calhar mais dia, menos dia, outros países serão arrastados para a ribalta da notação de risco.
Há que urgentemente encontrar uma solução e certamente a mesma só poderá passar pela União Europeia. Caso contrário e a manter-se este cenário, os mercados continuarão a não acreditar nos diversos países com valor baixo no rating das agências de notação de risco e ao fim ao cabo que terá que pagar uma nova crise, são sempre os mesmos.
A reunião havida entre os líderes dos dois maiores partidos políticos, veio trazer algum sossego ao mercado interno. Mas a decisão governamental de continuar com os grandes investimentos públicos previstos, tais como o novo aeroporto, o TGV, a nova ponte sobre o rio Tejo em Lisboa e os lanços de auto-estradas, não vem dar tranquilidade ao equilíbrio pretendido das contas públicas.
Diz o governo que estes investimentos são fundamentais para a diminuição do desemprego. Aceita-se a opinião podendo concordar ou não com ela.
A considerar o que já foi falado sobre a forte possibilidade de a Espanha ser o próximo país europeu a andar nas bocas do mundo pelo aspecto negativo, o governo espanhol liderado por Zapatero, através da ministra da economia, Elena Salgado, já anunciou um plano para a eliminação de 29 empresas públicas e o corte de 32 altos cargos de responsáveis de vários ministérios, de forma a diminuir o gasto público e poupando uns largos milhões de euros ao erário público, beneficiando assim os bolsos dos contribuintes.
Uma maneira diferente de fazer política, digo eu.

9 comentários:

  1. José Augusto.
    Por aqui também se vai fazendo algo.
    Ora vejamos.

    Seguem-se algumas das rubricas Existentes no Orçamento que acaba de ser publicado em Diário da República.

    Caso queiram consultar essa peça na íntegra só terão de ir ao site WWW.dre.pt e acederem ao Diário da República nº 28 - I série- datado de 10 de Fevereiro de 2010 - RESOLUÇÃO da Assembleia da República nº 11/2010.

    Então DELICIEM-SE :

    1 - Vencimento de Deputados-12 milhões e 349 mil Euros
    2- Ajudas de Custo de Deputados-2 milhões e 724 mil Euros
    3 - Transportes de Deputados-3 milhões e 869 mil Euros
    4 - Deslocações e Estadas-2 milhões e 363 mil Euros
    5 - Assistência Técnica (?????-2 milhões e 948 mil Euros.
    6 - Outros Trabalhos Especializados (??)-3 milhões e 593 mil Euros.
    7 - SERVIÇO RESTAURANTE,REFEITÓRIO,CAFETARIA-961 mil Euros.
    8 - Subvenções aos Grupos Parlamentares-970 mil Euros
    9 - Equipamento de Informática-2 milhões e 110 mil Euros
    10 - Outros Investimentos-2 milhões e 420 mil Euros
    11 - Edificios-2 milhões e 686 mil Euros
    12 – Transferências (???) Diversas (??)-13 milhões e 506 mil Euros
    13 - SUBVENÇÃO aos PARTIDOS representados na Assembleia da República-16 milhões e 977 mil Euros
    14 - SUBVENÇÕES ESTATAIS PARA CAMPANHAS ELEITORAIS-73 milhões e 798 mil Euros

    Isto são algumas das rubricas do orçamento da ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA !

    Em resumo : no total a despesa orçamentada para "aquela casinha", relativamente ao ano 2010 é :

    191 405 356, 61 Cêntimos (191 Milhões 405 mil 356 Euros e 61 cêntimos) - Ver Folha 372 do acima identificado Diário da República nº 28 - 1ª Série -, de 10 de Fevereiro de 2010.

    Nos termos do disposto no Artigo 148º. da Constituição da República Portuguesa :
    "(...) A Assembleia da República tem o MINIMO de cento e oitenta deputados e o MÁXIMO de duzentos e trinta deputados, nos termos da Lei Eleitoral (...) ".
    Eles são quantos ????? !...
    CLARO CLARO !!!
    230 que é o número MÁXIMO !... E a casa está sempre de lotação esgotada (ou não!)

    E por aqui me fico.

    Façam uma "contita" e vejam quanto pagamos por cada um daqueles “senhores” : 832.197,20 EUROS ( 166.840 CONTOS ! )

    Quanto a mais conclusões sobre a “essência” de algumas das rubricas orçamentais…, e quantas mais despesas relacionadas com aquela “casita” não estão incluídas naquele orçamentozito… fica para vocês!

    Vejam por vocês mesmos através do link:


    http://dre.pt/pdf1sdip/2010/02/02800/0036700376.pdf

    E por cá? Está tudo bem?
    Eu até quero acreditar que só acontecem "coisas más" no quintal do vizinho.

    Não tenhamos dúvidas, José Augusto: estas medidas que estão a ser implementadas em Espanha , mais tarde ou mais cedo, terão que o ser também em Portugal. Só peço que não cheguemos às medidas que a Grécia tomou.

    Entretanto, meu caro amigo, para que não me intitulem de profecta da desgraça, será melhor ficar por aqui e...olha...vamo-nos divertindo...cantando e rindo...

    O que vale, meu caro, é que o meu Bermelhinho deve ser campeon!

    João Neves

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  2. Vai fazer agora em Maio sete anos que o prof. Cavaco Silva afirmou numa conferência de homenagem a Silva Lopes, que Portugal mesmo no espaço monetário unificado não deveria endividar-se sem limites.Uma situação destas vai terminar sempre por gerar uma aumento de risco, logo mais cedo ou mais tarde vamos ter problemas de credibilidade internacional.
    O dr. Vitor Constâncio que fazia parte dessa conferência, contestou as afirmações de Cavaco Silva salientando que o país apenas estava a viver uma "crise conjuntural".
    Também Silva Lopes, apesar de ser o homenageado, interveio e frizou que Cavaco Silva tinha toda a razãono que afirmava. Já em relação a Vitor Constâncio afirmou que os problemas da competitividade eram muito mais sérios do que fazia crer Vitor Constâncio.
    Afinal foram necessários sete anos para vermos que mais uma vez o dr. Constâncio estava enganado.
    E afinal este senhor é governador do Banco de Portugal.

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  3. Uma maneira bem diferente de fazer política é coisa que vai ter de ser as pessoas a exigirem já que o que se instalou para regabofe de alguns foi a política do esbanjamento. E o pior é que essa política do esbanjamento estará para durar, pelo menos enquanto existirem idiotas a preferir fazer de conta que não vêem. Não são capazes de encarar de frente a realidade, preferindo uns ossos que lhes vão atirando e uns pontapés sem se atreverem a pedir aquilo a que simplesmente tinham direito!

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  4. Pois é.
    Vitor Constâncio como responsável máximo do BdP lá foi dizendo umas coisas e outras relativamente à economia portuguesa. Aquilo que o fomos ouvindo.
    Depois gerou-se a confusão no BPN e mais tarde no BPP. Não seria prevísivel que o BdP tivesse intervindo antes? Que defendesse os clientes de ambos os bancos? Afinal só de pois de casa roubada e que se meteram as trancas na porta.
    Vitor Constâncio sempre foi dizendo que as contas portuguesas, as do Estado, estavam a ir mais ou menos.
    Agora já com pé e meio no BCE é que vem dizer que algo não está tão bem por cá e que é preciso muita atenção. Francamente.
    Resumindo e concluindo, o melhor que se encontrou para este senhor depois de tudo isto, foi mandá-lo lá para fora como uma promossão.
    É o país que temos.

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  5. Nos rebanhos todas as ovelhas fazem mééé e sabemos onde acabam.
    Infelizmente também tenho que fazer méééééé senão não como a racção!

    Parabéns ao João, ao Senhor José Augusto, à Dra. Clarinda e ao Dr. Rui Brito.

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  6. Olá!
    Venho deixar um convite:
    Junte-se a nós no duplo evento do dia 10 de Junho "Encontro de Bloggers e Lançamento do livro «Aldeias Históricas de Portugal – Guia Turístico". Para tal, envie um mail para aminhaldeia@sapo.pt a solicitar o formulário de inscrição (em anexo receberá também o programa das festividades). Faça-o com antecedência, pois as inscrições são até dia 02 de Junho.

    Abraço
    Lena

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  7. João Carlos Ferreira16 de maio de 2010 às 11:17

    Antes de mais quero endereçar os meus parabéns ao José Augusto pela oportuna mensagem aqui deixada.
    Tenho acompanhado as suas mensagens pela qualidade dos temas,a imparcialidade e a oportunidade dos mesmos.

    A responsabilidade dos problema que hoje vivemos em Portugal é sem dúvida dos actuais políticos, sejam eles de esquerda ou de direita. Se preferirem são do PS e do PSD/CDS.
    Agora vêm pedir-nos mais esforços para regularizar as contas. Vêm dizer-nos que temos que sr todos a pagar a dívida. Só que esquecem-se de frizar que enquanto a maioria dos trabalhadores públicos ganha um pouco mais do que o ordenado mínimo nacional, eles, além de altos vencimentos e compensações em termos de regalias extras, ainda têm direito à reforma em tempo recorde.

    Só me resta acrescentar que depois de uma governação do PS em maioria no mandato anterior,onde se viu o sacrifício exigido aos portugueses para melhorar o país,e a forma desastrosa como terminou, na minha opinião, houve de novo eleições.
    Os portugueses voltaram de novo a confiar no PS a governação, embora já não em maioria.
    Perante isto só nos resta respeitar essa decisão e arcar com todas as responsabilidades que daí vão advir.
    Como sabe pessoalmente não estou mal na vida, mas gostaria de ver mais gente amiga muito melhor, mas.......
    Um abraço.

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  8. Dois lamentos: um pela morte de Saldanha Sanches, brilhante académico e fiscalista, um livre-pensador polémico e incómodo para os poderes; outro pela vergonhosa suspensão de Baltazar Garzón, combatente da justiça contra a corrupção e os crimes políticos.

    Baltasar Garzón tornou-se célebre por lançar processos e mandados de captura internacionais contra o ditador chileno Augusto Pinochet, a ETA e o líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden. Desde que foi indiciado tem recebido apoios de juristas internacionais, que defendem que os crimes contra a humanidade são imprescritíveis e que a lei espanhola não está conforme ao direito internacional.

    A decisão era esperada, mas representa um duro golpe para o magistrado de 54 anos, que goza de grande prestígio internacional pelo seu empenho em levar à Justiça crimes contra a humanidade cometidos em todo o mundo.

    A justiça ficou mais pobre em Espanha.


    Saldanha Sanches perdeu a vida aos 66 anos.

    O ódio dos poderes dominantes pelo professor universitário e fiscalista era por demais evidente.
    Disse na última intervenção, já na cama do hospital que “…os papa-reformas, um conceito que Saldanha Sanches aplica a dois tipos de esbanjamento público, as obras públicas desnecessárias, que acabam por anular o efeito benéfico de qualquer reforma e os papa-reformas propriamente ditos, que começam a acumular reformas desde tenra idade…”.
    Perdemos o maior combatente contra a corrupção, contra os poderes obscuros instituídos a diversos níveis da vida social e politica deste País.
    Saldanha Sanches era sem qualquer dúvida um homem impermeável à corrupção.
    A democracia e a liberdade ficou mais pobre em contrapartida os discípulos da corrupção e do compadrio respiram de alivio.

    Podemos afirmar que a justiça perdeu um dos seus grandes defensores

    A minha tristeza e o meu lamento.


    João Neves

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  9. Sem pretender ser defensor ou crítico de quem quer que seja, por desnecessário, permitam-me afirmar que muito do que já vi por aí afirmado referente a Saldanha Sanches, é verdade. No entanto e porque a minha memória não me atraiçoa, recordo-me de num programa na RTP1, prós e contras, numa segunda à noite, ver esse ilustre fiscalista defender acérrimamente a política económica de José Sócrates, contra outros idealistas partidários de outras linhas políticas e apolíticos numa crítica na altura aos funçionários públicos, como sendo eles os tutanos do défice público.
    Afinal já há uns tempos atrás se verificou que não tinha razão.
    Por isso, permitam-me com todo o respeito lamentar o desaparecimento de um ser humano, marido, não sei se pai, mas apesar de toda a sua inteligência, que lhe reconheço, não deixa de ser para mim uma pessoa tendenciosa.

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