
Vem isto a propósito da recente cobertura feita pelos orgãos de comunicação do meu país sobre as comemorações dos 70 anos da vitória das tropas aliadas na 2ª Grande Guerra Mundial. Todas alinhadas pelo mesma caixa editorial – Putin mostra o seu poderio militar à boa maneira dos tempos da União Soviética e da guerra fria.
Como sempre a Rússia é o demónio favorito de gente que muito pouco ou nada conhecerá da realidade do país.
Visitei a União Soviética em 1975, em plena era Breznev. Tinha
19 anos e representava o MDP/CDE que integrava a delegação portuguesa no
Festival Internacional da Juventude que teve lugar em Baku, Azerbaijão (à
altura parte da URSS e hoje estado independente).
Antes passámos por Moscovo
onde fomos recebidos com honras de heróis da liberdade, título que nenhum na
comitiva tinha diga-se. O único que assim o podia reclamar era o Adriano
Correia de Oliveira, com quem partilhei o quarto ao longo da estadia de 12 dias.
Com Adriano passei a trazer no coração, a trova do vento que passa.
Momentos
inesquecíveis. Um homem tão grande em tamanho quanto em doçura. Partiu muito
cedo.
No encerramento do Festival com ele cantámos a nossa Grândola Vila
Morena.
À Rússia voltei, mais tarde em 1995, já na era Yeltsin. Motivava-me o
trabalho e oportunidades de negócio a desenvolver com o país. Desde então, por
esta ou aquela razão o destino passou a ser Rússia até inverter os sentidos,
isto é, passando a visitar Portugal.
Assisti à ascensão de Puti (2000) e ao
repor do orgulho russo bem como ao ressurgir da Rússia no panorama
internacional.
Da Rússia trago algum conhecimento adquirido.
Fiz uma
aprendizagem que mudou a minha vida. Esta é a realidade.
Este é o país que
jamais me será indiferente.
No mais sincero acto de perceber esta fantástica homenagem aos
heróis da 2ª Grande Guerra, estive lá.
Fui ao epicentro dos festejos junto dos
militares que aos milhares desfilaram na Praça Vermelha e do ‘povão’ que
expressava o seu obrigado.
Muitas foram as razões me levaram a dizer estou
presente.
Destaco no entanto duas. O facto de a minha companheira querer
homenagear o seu Avô paterno, militar da força aérea morto em combate em 1942
(de lembrar os 27 milhões de russos mortos na guerra equivalendo a 1 morto por
cada família de 4 elementos), e pelo significado das comemorações.
As emoções sentidas ontem ficarão como um dos dias mais bonitos que vivi.
As emoções sentidas ontem ficarão como um dos dias mais bonitos que vivi.
Não
vi nem nacionalismo bacoco ou patriotismo de pipocas e coca-cola.
Vi pessoas
agradecidas aos seus mortos e orgulhosas dos seus e da sua história.
Vi
crianças e jovens partilhando a festa.
Não vi nem senti que por perto houvesse
um tal de Estaline, a obrigar as pessoas a serem diferentes.
Se a questão, e voltando à caixa editorial da imprensa portuguesa,
reside no facto de as pessoas trazerem a foice e o martelo nas bandeiras, ou as
figuras históricas da União Soviética de então, as bandeiras do país, ou até
das fotos dos seus mortos, não vejo onde reside o problema.
Se não gostam,
então terão de mudar de ares ou ‘proceder à limpeza’ de S. Petersburgo a
Vladivostok de tudo isto que tanto os perturba e incomoda. Digo-vos que terão
um trabalho árduo e inacabado. Se a questão é mais primária, de ignorância,
traduzido no pensamento pro americano das mentes que os leva a não gostar da
Rússia porque não gostam, simplesmente por isso. Não será fashion gostar dos
russos. É simples então, a informação não passa de flatulência.
Mas já agora, fiz questão de ler o discurso de Putin para
perceber onde se encontram as grandes ameaças ao mundo, bem como, assisti pela
televisão à conferência de imprensa conjunta com Merkel, ontem em Moscovo, após
colocação das flores no túmulo do soldado desconhecido.
Das duas intervenções
não a identifiquei a ameaça do que fosse. Identifiquei, isso sim, ensinamentos
decorrentes do que se tem passado no mundo desde 1945 até hoje.
Mas se a
questão for o poderio militar demonstrado ao mundo e não outro conteúdo terei
de acrescentar algo mais à caixa editorial.
Em armamento militar de todo o tipo
os EUA ‘ investem’ por ano mais que a China, Índia e Rússia, juntos.
A
propósito, relembro as duras e incisivas palavras de Álvaro Cunhal, quando numa
das suas últimas entrevistas se referiu aos EUA, como o país mais terrorista na
história do mundo. Tenho de concordar com ele. A enormidade de golpes de
estado, ‘golpinhos’ e ‘golpetas´, o patrocínios de líderes facínoras um pouco
por todo o planeta, a ´sponsorização´do extremismo islâmico, a invasão de
países pela dita liberdade (deles), os interesses obscuros sobre a capa da
democracia de tipo ocidental com assinatura de um modelo a seguir, estão à
escolha é para todos os gostos, em catálogo e saldos.
Deve ter-se a noção do que de 1945 para cá aconteceu no plano internacional.
Deve ter-se a noção do que de 1945 para cá aconteceu no plano internacional.
Deve-se chamar o nome às coisas.
Se a conclusão, retirada pelos profissionais da comunicação que pululam na malga do poder é, a Rússia tem um exército forte. Estou de acordo. Tem e deve continuar a tê-lo. Não porque entenda que deva seguir o modelo americano mas porque acho que se deve defender dele. É dos livros a intenção dos EUA e NATO em impor um líder amigo um pro americano na Rússia. É o abc da política internacional. Basta ler para perceber o que se passa à volta da fronteira russa.
Esta americana forma de pensar que todos devemos aceitar os EUA como o bastião da democracia no mundo é parte do golpe. De democracia tem pouco e de conspiração tudo. Assinar um tratado de cooperação com os EUA significa, grosso modo, perda de independência e de pensamento próprio. É o que acontece a todos os denominados aliados dos EUA. É o que tristemente vem acontecendo a esta União Europeia de líderes no ´he’s master voice´ que procuram o melhor retrato com o patrono.
Se a conclusão, retirada pelos profissionais da comunicação que pululam na malga do poder é, a Rússia tem um exército forte. Estou de acordo. Tem e deve continuar a tê-lo. Não porque entenda que deva seguir o modelo americano mas porque acho que se deve defender dele. É dos livros a intenção dos EUA e NATO em impor um líder amigo um pro americano na Rússia. É o abc da política internacional. Basta ler para perceber o que se passa à volta da fronteira russa.
Esta americana forma de pensar que todos devemos aceitar os EUA como o bastião da democracia no mundo é parte do golpe. De democracia tem pouco e de conspiração tudo. Assinar um tratado de cooperação com os EUA significa, grosso modo, perda de independência e de pensamento próprio. É o que acontece a todos os denominados aliados dos EUA. É o que tristemente vem acontecendo a esta União Europeia de líderes no ´he’s master voice´ que procuram o melhor retrato com o patrono.
A vida é cheia de exemplos e de simples episódios.
Vem-me sempre
à memória a minha amizade com um cidadão americano que à altura comungava
comigo a sua também adaptação à Rússia. O país, as gentes, a barreira da
língua, culturas diferentes e tudo mais, levavam Timothy, Tim como o tratava, a
vociferar cobras e lagartos sobre este país.
Um dia, num evento em que juntos
participámos, a sua postura era das mais despropositadas e até incómoda, pois
estava ‘a jogar fora de casa’ chamando demasiado à atenção. Na minha forma de
ser bem humorada, disse-lhe para não ser assim porque Deus o castigava
obrigando-o casar como uma cidadã russa. Da gargalhada inicial ao meu
comentário ao seu casamento com uma russa, demoraram 3 anos. Hoje divide a vida
entre o lá e cá. Feliz como merece e com uma família grande como se orgulha. Satisfeito pela diferença que os juntou. Ao longo do tempo a vida
transformou-o. Quando lhe perguntava sobre o que pensava do país, quando veio e
agora, respondeu-me de forma objectiva que nenhum americano sabe o que é a
Rússia se não viver no país. Bem como o inverso é verdadeiro, sendo extensivo a
todos os povos.
Há história cultura e língua diferentes.
Há riqueza humana feita na
diversidade.
Desculpar-me-á o Tio Sam mas o facto de eu não frequentar o Mac
Donnalds ou não beber coca-cola não quer dizer que não goste da América e dos
americanos.
Não gosto de alguns americanos, de alguns portugueses, de alguns russos, de alguns alemães, e assim por diante. Não confundo a árvore com a floresta.
Não gosto de alguns americanos, de alguns portugueses, de alguns russos, de alguns alemães, e assim por diante. Não confundo a árvore com a floresta.
Podem
concluir que gosto da Rússia e até que a defendo.
Será um facto.
Talvez porque
viva cá e esteja numa realidade bem diferente da ficção jornalística.
Se calhar o meu Tio José Luís Terreiro teve alguma influência quando nos meus 14, 15, 16 anos de idade me levava aos concertos de música clássica de compositores russos, assistir ao bailado russo.
Terei começado a gostar por aí.
António Sousa
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