Ideias para comédias
Após ter votado a lei de bases da segurança social, um
deputado diz desconhecer as suas obrigações legais para com a segurança social.
Um cidadão passa cinco anos sem descontar para a segurança social. Depois
chega a primeiro-ministro e manifesta grande preocupação com a sustentabilidade
financeira da segurança social.
Um cidadão passa cinco anos sem tomar banho. Depois fica incomodado quando
partilha o elevador com um vizinho que acabou de chegar do ginásio.
Um primeiro-ministro admite que cometeu irregularidades mas justifica-se
dizendo que são irregularidades menores do que aquelas que o primeiro-ministro
anterior é acusado de ter cometido.
Um aluno falha a entrega dos trabalhos de casa mas justifica-se dizendo que
não procedeu tão mal como um aluno que, no ano anterior, tinha roubado a
lancheira a outro menino. A professora lembra-lhe que o facto de outros terem
cometido infracções maiores não o isenta de uma nota negativa. O aluno, mesmo
sendo pequenino, compreende o argumento da professora.
Um primeiro-ministro apercebe-se, em 2012, que deve dinheiro ao Estado, mas
acha que é mais oportuno fazer o pagamento apenas no fim do seu mandato, para
não criar confusões. Ao mesmo tempo, o seu governo recorre a penhoras
automáticas para executar mais rapidamente as dívidas fiscais.

Um primeiro-ministro decide regularizar imediatamente a sua situação fiscal
depois de perceber que o jornal Público descobriu aquilo que ele já sabe desde
2012. O ministro da segurança social considera a postura do primeiro-ministro
muito digna.
Um criminoso decide confessar um crime cometido dez anos antes, e só depois
de terem surgido provas absolutamente claras e indesmentíveis de que o cometeu.
O seu advogado considera a postura do cliente muito digna.
Milhares de cidadãos falham o pagamento dos impostos na data estipulada e
justificam-se dizendo que o jornal Público não teve a gentileza de os
incentivar a saldar a dívida.
Um cidadão acumula dívidas e não recebe a respectiva notificação. O sistema
que não o notifica durante cinco anos é o mesmo que não deixa passar cinco dias
sem notificar os outros cidadãos devedores. O ministro da segurança social diz
que o primeiro-ministro foi vítima de um erro do sistema.
Um cidadão ganha a lotaria. Os seus amigos dizem que foi vítima de um acaso
da sorte
RICARDO ARAÚJO PEREIRA – Visão - 12 de Março de 2015
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