20 fevereiro, 2011

NOS MILHEIRAIS, COMEM OS PARDAIS...

Observando o relativo mutismo deste blogue, mas constatando a assiduidade com que o visitam pelo número sempre crescente do contador automático, interrogo-me por vezes de que ilusões se sustêm os almeidenses, acabrunhados e inertes perante as forças escolhidas por uma maioria silenciosa, após os arroubos de pânico e o triunfalismo - que só confirmou o alcance limitado e temporário da sua satisfação.

Tudo voltou ao normal: o jogo constante do baralha e torna a dar o mesmo! Mais do que previsível, mas que continua a vigorar. A regra define-se pelas próprias palavras em tempos apresentadas aos vários destinatários com a diversão e arrogância de quem se considera seguro para assim as poder exprimir: “NOS MILHEIRAIS, COMEM OS PARDAIS!”. E tendo havido nesse passado não muito distante quem as proferisse com tanta naturalidade, hoje são quase um sinal de ingenuidade, face aos comportamentos de maior sisudez autoritária... que vão dar exactamente ao mesmo ponto!

Estarão já interrogar-se a que me refiro, mas como em tudo é preciso um pouco de paciência! Se os almeidenses querem saber para onde vão, terão de se habituar a fazer esse exercício de reflexão e observação da realidade para concluir da sua própria responsabilidade e da forma de sair dos becos em que se colocaram. Pela nossa parte, modestos na força mas inabaláveis na rejeição, vamos seguindo atentos a todas as manifestações que só confirmam a razão de anteriores protestos, quando seria bem mais cómoda uma atitude de consentimento silencioso.

Em tempos que já lá vão, talvez a boa-vontade e tolerância tenha toldado a percepção clara desta realidade tão viciada, mas é facto que o pano caiu, deixando o palco exposto a uma luz lamentavelmente nua e crua como nunca: Almeida vive mergulhada num lodaçal de interesses que atrofia e está a condicionar de forma muito dramática a sua sustentabilidade presente e futura. Com o beneplácito dos sujeitos pardos e dependentes, ou reduzidos a insignificância, os decisores arrogam-se o direito de posturas déspotas tremendamente patéticas, como uma espécie de ditadores de antigamente, esquecendo-se que o povo não é estúpido, apenas finge que não vê – e todos sabemos porquê!

Como membro da Assembleia Municipal sufragada também pela vontade daqueles que discordam deste estado de coisas, tenho testemunhado alguns destes desmandos, reagindo nesse espaço que assumi como representativo dessa percentagem de cidadãos descontentes. Frequentes têm sido as intervenções para chamar a atenção para a distorção de valores, das quais algumas vezes trouxe aqui algum resumo. Contudo, quem se der ao trabalho de ler as actas das sessões publicadas no sítio do município, apenas poderá ser levado a interrogar-se se estamos a falar das mesmas, quando comparadas com as sínteses aqui publicadas – isto depois de tentativas mais ou menos pacientes de exigir a sua correcção, a repetir-se no início de cada aprovação, a par de solicitação inútil que as mesmas passem a ser gravadas, como já salientado. Compreendendo que é difícil anotar a quantidade de informação debatida, a informação é reforçada por versão escrita. No entanto, o acumular de tensões chegou ao ponto de ter sido entregue em papel e depois também enviada em formato digital, para facilitar o serviço de secretariado, uma declaração de voto contra a versão de uma anterior acta apresentada a discussão cujo texto, apesar de referido como anexo 1, não apareceu… nem aparece publicado. Na última sessão, dia 14 de Fevereiro, constatando a sua falta nos documentos distribuídos, foi inquirida a razão: e após uns ziguezagues onde se admitia que a mesa apenas publicaria as declarações de voto, o Presidente da AM acabou na mesma por afirmar categoricamente que a declaração de voto entregue não constaria, contra mais um veemente protesto, arrastar de justificações, intimações, uma teatralidade de abandono temporário da sala por parte de membros “solidários” com a mesa… Enfim! Cenas de uma democracia à moda de Almeida, com todos os sinais de convicção de que os “egípcios” da terra nunca consigam destronar o Faraó!

Lembra o adágio popular que “uma andorinha não faz a Primavera”. Pois. Que ninguém se iluda dessa pretensão, porque eu também não!...Agora, não esperem também acomodação a este estado de coisas. Todos os ciclos têm um fim. Por muito que pareçam eternizar-se. A tentativa de se amordaçar desta forma num órgão como a AM, só ajuda a demonstrar que os autores têm motivos para se envergonhar daquilo que não querem ver publicado. Por isso aqui estou e voltarei. Porque cada momento de cenas como as presenciadas mais me convence da obrigatoriedade de não ficar de braços caídos!

9 comentários:

  1. ...por aqui...dos lados da Beira Interior Norte...ainda há gente que luta...apesar do silêncio aterrador dos bons...apesar de quererem colocar-lhe a canga...até já, Dra. Clarinda.

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  2. Já ninguém vos dá crédito,amigos...

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  3. Pois é D.Clarinda,não será o Preidente da Assembleia tolerante a mais,quando autoriza que V.Exª use da palavra durante mais tempo do que todos os outros membros somados?Não há dúvidas que o Sr.Frias,que só discutia fofocas,foi bem substituido na forma,por V.Exª..

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  4. Acabei de ler este comentário subscrito por alguém que terá mêdo até do escuro da própria sombra e lembrei-me do seguinte escrito...

    ...

    "...Esta multidão anestesiada espelha claramente o pais que somos e que, irremediavelmente, continuaremos a ser - um pais estúpido, pequeno e desgraçado. O "sítio" de que falava Eça, a "piolheira" a que se referia o rei D. Carlos. "Governado" pelas palavras "sábias" de Alípio Severo, o Conde de Abranhos, essa extraordinariamente actual criação queirosiana, que reflecte bem o segredo das democracias constitucionais. Dizia o Conde: "Eu, que sou governo, fraco mais hábil dou aparentemente a soberania ao povo Mas como a falta de educação o mantém na imbecilidade e o adormecimento da consciência o amolece na indiferença, faço-o exercer essa soberania em meu proveito..” Nem mais. Eis aqui o segredo da governação. A ilustração perfeita com que o rei D. Carlos nos definia há mais de um século: "Um país de bananas governado por sacanas". Ontem como hoje. O verdadeiro esplendor de Portugal..." – (Por Luís Manuel Cunha (Professor) - 27-10-2010 - Sinais dos Tempos - Jornal de Barcelos)

    ...

    Mas, no entanto...algo se poderá retirar desta camelice supra...a oposição ao actual executivo autárquico...não existe...é nulo...é zero...o que me obriga a questionar-me qual a alternativa ao citado executivo à disposição dos Eleitores deste Concelho?...a actual que prefere o silêncio e a abstenção, em detrimento da informação e apresentação de alternativas?
    ...enfim...resta vivo e bem vivo o Almeida Forum e a Dra Clarinda.
    ...ah...já me esquecia de agradecer os processos judiciais que moveram contra o Almeida Forum e os seus Autores, pois permitiu que separasse o trigo do joio e assim reconhecer sorrisos nauseabundos e contrafeitos...
    Aos leitores do Almeida Forum, o meu agradecimento por fazerem o favor de continuaqrem acompanhar o nosso trabalho civico e dizer-lhes que continuamos sempre ao serviço das gentes deste Concelho e em defesa dos seus superiores interesses, independentemente do Partido ou outras identidades que estejam a liderar os seus/nossos destinos.
    Permita-me dizer também que continuo a não ter cão...nem penso vir a ter...
    Abraço, Dra. Clarinda!

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  5. Manuel Norberto Baptista Forte26 de fevereiro de 2011 às 19:40

    Por "responasbilidade moral" acompanho lendo atenciosamente as Actas da Assembleia Municipal de Almeida, e também através do demais conhecimento que das mesmas se busca para "complemento" do conhecimento. Assim sendo, estranho sem duvidar sequer, o termo "...amordaçar...", porque acho que tal só acontecerá (penso eu, sem estar a ajuízar sobre ninguém)por consentimento de quem eventualmente não interprete devidamente o Regimento da Assembleia em vigor, nomeadamente o Cap. III (Funcionamento da Assembleia), Secção V - do uso da palavra, e Artigos desde o 22º ao 30º; isto apesar de as sessões da assembleia Municipal de Almeida não serem gravadas e sómente, em audio, o que efectivamente facilitaria e muito, o trabalho das senhoras secretárias da mesa, ou do apoio ao secretariado deste máximo ógão municipal, como também em caso de dúvidas que subsistissem (na sessão seguinte)por parte de alguns dos 59 deputados municipais almeidenses, aquando a Acta da sessão anterior fosse posta à consideração dos presentes.
    Tenho como quase certo que, apesar de considerandos que se possam expôr e que não ouso sequer questioná-los e muito menos duvidar dos mesmos, que uma "maior e mais consequente efectividade" por parte dos Deputados Municipais Almeidenses no uso do Capítulo III do Regimento, obviaria apesar dos obstáculos que possam surgir, obviaria (dizia eu) certamente a determinads situações, pouco elevadas à dignidade do respectivo cargo, que se exerce.

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  6. Respeito com as pessoas que sao honestas e responsáveis.

    Silvia de Frias

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  7. De facto e perante o aqui descrito dá perfeitamente para verificarmos que a democracia tão badalada por certos senhores da nossa praça política, não passa de mera retórica à Kadafi.
    Jamais imaginaria que alguém como o presidente da assembleia municipal assumisse factos como os aqui descritos. Afinal podemos dizer que a montanha pariu um rato.

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  8. Manuel Norberto Baptista Forte27 de fevereiro de 2011 às 11:25

    Por dever moral, e responsabilidade social e política, leio todas as actas da Assembleia da Assembleia Municipal de Almeida, quando as mesmas são postas no sitio na nternet da C. M. A., assim como leio as mais diversas opiniões veiculads pelos mais diversos blogs, para além de frequentes contactos que vou mantendo com muito prazer, com amigos.
    Assim sendo, quando li e reli atentatentamente o post "Nos milheirais, comem os pardais ...", vi que no mesmo se alude uma vez mais ao modo como ainda funciona a Assembleia Municipal de Almeida; certamente que nenhum dos 59 deputados municipais que a compõem negarão evidentes confusões que poderão advir, quando ainda (!!!) as suas intervenções são sómente alvo da extrema atenção das dignissimas secretárias que compõem a Mesa, bem como do seu Presidente, que poetriormente (penso eu) dará o seu aval à publicação das mesmas, antes de serem colocadas na internet.
    Ora aqui chegados e no contexto actual, e sabendo-se da forma muito especial como o Órgão Deliberativo do Municipio de Almeida é dirigido, inevitávelmente somos como que atirados assim , para que tal não aconteça com assiduidade, para também os deputados municipais se estão a cumprir com efectividade o seu dever interventivo, reforçando a sua intervenção verbal com o reforço de entrega na mesa do contexto da sua intervenção, ou demais modos legais, de fazer valer uma posição, que óbviamente deverá constar em Acta, e aqui sou "obrigado" a recomendar a releitura do Regimento da Assembleia Municipal de Almeida, Cap. III (Organização dos Trabalhos da Assembleia), Secção V (Do Uso da Palavra), Artigos 22º a 30º. Em muitas outras Assembleias Municipais deste nosso Portugal, e onde as Sessões são gravadas, muito deputados municipais reforçam a sua intervenção verbal, com a entrega na mesa do teor da mesma (algo até dispensável, penso eu) mas na Assembleia Municipal de Almeida em que as Sessões não são, ainda gravadas, porque não se faz "mais uso" nomeadamente do Artº 26º, reforçando a intervenção verbal, com a entrega na Mesa do que acabou de ser dito, transposto para a escrita? . Quem é que hoje aceita ou onde é que já se viu que um requerimento feito só palavrosamente, ou até mesmo um recurso?. Assim é muito natural que possam surgir, determinados diálogos ... pouco a propósito, e ... fora da ordem de trabalhos. Sim, quando se vê que algo não está correcto, de "...braços caídos..." é que nunca.

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  9. meus amigos não se iludam, Almeida é um caso perdido economicamente, socialmente e pelos vistos até na vivencia democratica


    custa admitir esta realidade mas pelo rumo que as coisas levam a vila terá um triste fim, não passando daqui a meia duzia de anos de uma vila fantasma

    o futuro de uma terra são as suas gentes, a sua juventude o desenvolvimento economico e social, tudo que Almeida não tem.

    com muita pena digo isto, pois tinha todas as condições para ser diferente houvesse capacidade

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