02 fevereiro, 2009

ATENTADOS…OU NÃO…


NOTA: Este post pretendia ser apenas um comentário a colocar n’ O BLOGUE DO CASTELO, a propósito da pergunta colocada no passado Domingo, 1 de Fevereiro “Os atentados são relativos… ou não?” na sequência de outro post quase imediatamente antes, “Almeida antiga”. Como o número de caracteres excedia o permitido por aquele blogue, publica-se aqui, com o pedido de desculpas ao autor desse blogue.

A recuperação ou reconstrução do passado histórico envolve sempre alguma subjectividade, seja numa perspectiva escrita dos factos (a História), seja na preservação e reconstituição do património arquitectónico. Só para ilustrar este último, lembremo-nos que no dealbar da 1ª República, todos os castelos bem como a maior parte dos grandes monumentos se encontravam muito degradados. Com a necessidade da solidificação do Novo Regime, houve um autêntica febre de reconstruções a todos os níveis, sendo exemplo muitas das igrejas antigas e todos, mas todos os castelos que hoje em dia conhecemos relativamente “bem conservados”. Almeida também foi alvo dessas reconstruções nos anos 30/40 do Séc. XX.
Basta olhar para os postais do início desse século e comparar com o que nos ficou e que foi finalizado nos anos 60. O caso das guaritas da fortaleza foi uma das últimas reconstruções, tendo muitas delas sido construídas de raiz, excepto a sua base que se encontrava “encaixada” na cantaria da muralhas, no seus vértices ou no seu pano rectilíneo. A alteração efectuada na zona da muralha sob o fosso da “Horta do Governador”, em frente do Revelim dos Amores, ocorreu nessa época. E qual a razão de derrubarem os “portelos” que ali existiam e construírem a guarita que ora lá se encontra? Essa alteração pode não ser consensual, mas quem o fez teve em conta que lá teria existido eventualmente uma guarita, pelo menos, se a memória não me falha, ali havia a sua base granítica e, em época remota, ou foi abandonada a sua construção, ou posteriormente foi derrubada para a construção dos ditos “portelos” que deveriam dar acesso ou a umas latrinas ou um palanque sobre o fosso. Portanto, ambas as opções reconstrutivas poderiam ser admissíveis…
As marcas deixadas em várias épocas numa determinada construção ou conjunto monumental, não são de rejeitar liminarmente. Ao fim e ao cabo, não deixam de ser testemunhos da sociedade humana que ali habitou, fazendo parte da História e que convém preservar para a sua apreensão.
Questiona-se, por exemplo, em Almeida a construção do depósito da água que constrasta com toda a construção do monumento e que hoje, não obstante interferir no recorte do céu, ou “skyline”, faz parte da memória colectiva dos almeidenses. Há, contudo, que ter em conta vários factores, nomeadamente a contingência técnica, na época em que foi construído, de o abastecimento de um bem tão precioso como é água ter que forçosamente ser feito a partir de um ponto mais alto; hoje em dia há soluções técnicas que evitam construir depósitos em locais elevados sobre o casario. Contudo, e se analisarmos bem, verificamos que houve alguma preocupação estética na integração mínima com o ambiente envolvente, nomeadamente, a torre do relógio, as muralhas e a memória de ali perto ter existido um castelo com sua torre de menagem. O depósito não foi construído nem em betão armado, nem com uns inestéticos, mas funcionais pilares, de construção simplificada e mais baratos, com as encanações à vista, como em muitos outros lados. Houve mesmo o cuidado de serem edificadas a meia altura umas varandas, numa aproximação estética aos balcões da arquitectura acastelada medieval…
Saltando para a actualidade e as construções que ora se têm feito e se pretendem efectuar, e que tanta controvérsia têm levantado, convém recordar que a vila intramuros não é um núcleo histórico em espaço aberto, como em muitos locais, mas constitui só por si todo um centro histórico, muito bem definido e que VALE POR ISSO MESMO, sendo a sua manutenção, conservação e restauro, um factor essencial de potencial desenvolvimento económico local, mas sobretudo de preservação da sua importância histórica. Chamem-lhe vila-museu, ou o que se quiser, mas se não houver uma arquitectura integrada com o todo envolvente, a sua identidade como praça-forte e local histórico que marca a diferença em relação a outros sítios, e orgulho dos seus habitantes, inevitavelmente se vai perder. E é com alguma razão que se podem chamar de mamarrachos as obras que muitos contestam.
Construir moderno, não tem que ser desintegrado. Repare-se no novo edifício da futura biblioteca municipal. Alguém contesta a sua arquitectura, alguém diz que o edificado choca com o envolvente? Haja algum bom-senso e compare-se com o edifício da Praça da Liberdade, das pirâmides sobre as Portas de Santo António, o buraco e a decoração azulejada da chamada “Porta nova”, ou o que se está a construir nas Casamatas e no que se pretende fazer um pouco por toda aérea da Praça de Guerra. Não há comparações possíveis! Se houver persistência nesses modelos construtivos e não se alterar os já finalizados, Almeida vai ficar sempre a perder . E, mesmo que as pessoas se venham a habituar a essas desfasadas construções, infelizmente se cumpre o ditado popular : ”quem feio ama, bonito lhe parece”.

Rui Brito da Fonseca

6 comentários:

  1. Ao longo dos séculos vários estilos de arquitecturas deixaram as marcas umas nas outras, será que isso também são atentados??? Será que as alterações Manuelinas mosteiro da Batalha, também foram um atentado? Ou será melhor não deixar a marcas da arquitectura actual????

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  2. Ao longo dos séculos vários estilos de arquitecturas deixaram as marcas umas nas outras, será que isso também são atentados??? Será que as alterações Manuelinas mosteiro da Batalha, também foram um atentado? Ou será melhor não deixar a marcas da arquitectura actual????

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  3. Podemos tirar diversas ilações deste artigo:

    – A primeira de todas é que o Senhor Aristides e, por conseguinte o seu Partido, o PC de Almeida, finalmente deixaram cair a máscara. Será que em Lisboa saberão o que se passa aqui para os lados da Beira Interior?
    – Que a tal aliança PSD-PC está a funcionar e até já começou a trabalhar.
    – Que os militantes destes dois partidos, perante esta aliança forjada nas suas costas, têm uma palavra a dizer se quiserem manter a dignidade, das respectivas facções e deles próprios como militantes.
    – A união entre a coligação CDU não estará nos seus melhores dias, pois tendo em conta que o Senhor Professor José Vaz foi das primeiras vozes que se levantaram contra um tal mamarracho e de uma forma clara e até veemente, e agora aparece o Senhor Professor Aristides a manifestar-se a favor dos mamarrachos ou implante pirosos de Almeida, algo de estranho acontece: ou o Senhor José Vaz mudou de opinião ou aquilo lá para os lados da CDU anda muita confusão.

    E por último, e este artigo veio mostrar-nos a todos uma lição excelente oferecida por um excelente Professor, não concordará comigo Senhor Professor Aristides?

    Eleitor

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  4. O Sr. Aristides mais parece um activista do MRPP dos anos 70. Alguns desses onde estão? NO PSD é claro (Barrosos, Santanas e outros). O r. Aristides é um nostálgico do muro de Berlim e ainda sonha com a reedificação do império, nem que seja nas bases do capitalismo. As justificações sobre os mamarrachos que lhe plantam nas barbas, diz tudo. Para que saiba, em devido tempo soube distinguir o arcaismo que suporta o PCP. Sendo inteligente, parece estar cego. Sabemos que de facto não está e conhece-se a estratégia. Vá-se lá saber porquê Srs. eleitores de Almeida.

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  5. Programa da CDU para a assembleia de freguesia de Almeida
    Mais do que falar, fazer!

    Vai fazer quatro anos a população de almeida acreditou em nos e confio-nos os destinos da freguesia para o mandato que agora termina.
    Se a quatro anos dizíamos o que nos propúnhamos fazer, agora, no fim do mandato, podemos com satisfação e algum orgulho, mostrar o que fizemos.

    O nosso trabalho está à vista.
    Todas essas realizações constituíram uma espécie de revolução tranquila na freguesia de Almeida.
    Queremos, no entanto, fazer mais e melhor. Por isso nos voltamos a candidatar com a convicção que os eleitores de Almeida saberão reconhecer o nosso trabalho

    Para o próximo mandato comprometemo-nos a:

    • Manter e melhorar todas as nossas realizações, nomeadamente dado uma dimensão maior à feira do fumeiro;
    • Criar novas infra-estruturas na ZCM (campos de treino e melhores condições de reprodução das espécies cinegéticas)
    • Apostar na modernização administrativa
    • Criar um Site da junta onde, alem de todo o tipo de informação sobre a freguesia, as pessoas possam pedir atestados através da internet
    • Criar uma sala de leitura
    • Dinamizar o desporto (cross de Almeida) e outros jogos tradicionais, etc.
    • Promover encontros diversificados (caravanismo, por ex.)
    • Realizar um acampamento da juventude
    • Criar zonas de lazer em algumas fontes de Almeida
    • Apostar ainda mais na divulgação de Almeida


    Importante: os candidatos da CDU assumem publicamente o compromisso de, tal como fizeram neste mandato, doarem os seus vencimentos (32 mil euros por mandato) para iniciativas do interesse da freguesia.


    Queremos fazer (ainda) melhor!

    Foi assim que o Dr. Aristides ganhou as eleições em 2005, tenha vergonha nem um item cumpriu!

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  6. PROVAS DE DOUTORAMENTO DO ARQUITECTO JOÃO DOS SANTOS DE SOUSA CAMPOS. Na passada sexta-feira, dia 13 de Fevereiro, na vetusta Sala dos Capelos da Universidade de Coimbra prestou Provas Públicas de Doutoramento em História da Arte, o Sr. Arquitecto João de Sousa Campos, Consultor para o Património da Câmara Municipal de Almeida.

    Palavras para quê?
    Será que ainda haverá alguém com dúvidas?

    A prova está aqui!

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