
No meio da crise de resultados do CDS, foi
Manuel Monteiro, de apenas 29 anos e apadrinhado pelo ex-presidente centrista
Adriano Moreira, a subir à liderança do partido em 1992 e a marcar
imediatamente uma mudança de estilo.
O antigo líder da Juventude Popular entra
em ruptura com as gerações anteriores do partido, corta com o CDS
democrata-cristão de Freitas do Amaral, marca essa cisão ao acrescentar ao nome
fundador — Centro Democrático e Social — o sufixo PP, manifesta-se frontalmente
contra o federalismo e o Tratado da União Europeia (Tratado de Maastricht), faz
com que o CDS saia da família política europeia do PPE e consegue 15 deputados
nas eleições de 1995.
Ao mesmo tempo, Paulo Portas ocupava-se à crítica sem
tréguas da esquerda e da direita, enquanto fundador e editor de O Independente,
semanário de referência de direita anti-cavaquista.
Portas, que apoiou desde o
início a ascensão de Monteiro, era visto como um notável estratega político e
escritor talentoso, e usou várias vezes a qualidade da sua escrita em textos
eurocépticos e em defesa de um referendo ao Tratado de Maastricht.
Na sua
coluna Antes pelo contrário, o jornalista manifesta o seu desagrado
perante a inevitabilidade da união política entre os Estados-membros da então
Comunidade Económica Europeia (CEE). Por exemplo, num artigo de 28 de Maio de
1988, o futuro vice-primeiro-ministro alertava para a marginalização de
Portugal no contexto de uma união política europeia, lembrando a vocação
atlântica dos “descobridores” e a antiguidade das fronteiras nacionais. Portas
não rejeita a CEE, que vê como oportunidade de liberalização da economia, mas
sim o europeísmo que implica “abdicar da independência tal e qual a
conhecemos”.
A 29 de Maio de 1992 lamentava que “não há nação
europeia, nem nunca haverá”, e deixa sempre que pode o alerta da “germanização
da Europa”, que descambará numa “crise social sem precedentes”. Portas acabará
por abandonar O Independente no Verão de 1995 e juntar-se ao
CDS, para concorrer pelo círculo de Aveiro nas eleições legislativas ganhas por
António Guterres.
Paulo Portas, com uma enorme reputação adquirida dos
anos de jornalista, disputa a liderança do CDS-PP em 1998, que ganha frente a
Maria José Nogueira Pinto. Propõe uma lenta reconciliação dentro do partido,
regressando ao modelo da democracia-cristã e enevoando a posição eurocéptica do
PP. Em 2002, com a vitória de Durão Barroso nas legislativas, o PSD coliga-se
com o CDS, que deixa finalmente cair, sem reservas, o “eurocepticismo”.
...vamos falar claro de uma vez para sempre ou...teremos que aturar esta figura durante muito mais tempo...
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