O regresso de Schlieffen
Em 1905, a Alemanha adotou o Plano Schlieffen.
Em 1905, a Alemanha adotou o Plano Schlieffen.
Dado que a Rússia e a França
eram aliadas, para evitar uma guerra em duas frentes, Berlim atacaria primeiro
Paris, num golpe fulminante (tentando repetir a vitória rápida de 1870) para se
concentrar, depois e com tempo, contra a imensa Rússia.
Entre 28 de junho e 4
de agosto de 1914, os europeus assistiram ao torneio diplomático que se sucedeu
ao atentado de Serajevo. Nas distrações estivais muito poucos perceberam que
era a sua sentença de morte que estava a ser traçada nos bastidores
diplomáticos.
A Sérvia estava ainda mais longe em 1914 do que a Grécia em 2015.

Mas,
como disse Keynes, a maioria dos homens prefere errar dentro das regras do que
ter sucesso através da coragem de caminhos novos.
Está a zona euro condenada a
implodir? Claro que não.
Mas, provavelmente, é isso que vai acontecer.
O novo
Plano Schlieffen chama-se Tratado Orçamental e transforma a austeridade em
religião.
A nova rigidez mental está no frívolo ADN de uma união monetária low
cost, incapaz de aprender com os seus erros.
A rigidez está na indiferença
moral com os efeitos devastadores da imposição de políticas catastróficas, que
se insiste em prolongar.
Quem espera um milagre acredita que a chanceler Merkel
poderá fazer melhor do que Guilherme II. Infelizmente, o colapso da Grécia
será, com grande probabilidade, o início tumultuoso do fim do projecto de
integração europeia iniciado depois de 1945. Um tsunami económico percorrerá
destrutivamente todo o mundo. Como em 1914, ou 1939, também em 2015 o epicentro
das ameaças para o equilíbrio e para a paz mundiais está aqui. Na civilizada
Europa.
VIRIATO SOROMENHO-MARQUES
*Professor universitário
D.N. - 19/06/2015