ou "A Alegria do Evangelho"
"Hoje, em muitas partes, reclama-se maior segurança.

Mas, enquanto não se eliminar a exclusão e a desigualdade
dentro da sociedade e entre os vários povos será impossível erradicar a
violência.
Acusam-se da violência os pobres e as populações mais
pobres, mas, sem igualdade de oportunidades, as várias formas de agressão e de
guerra encontrarão um terreno fértil que, mais cedo ou mais tarde, há-de
provocar a explosão.
Quando a sociedade - local, nacional ou mundial - abandona
na periferia uma parte de si mesma, não há programas políticos, nem forças da
ordem ou serviços secretos que possam garantir indefinidamente a tranquilidade.
Isto não acontece apenas porque a desigualdade social
provoca a reação violenta de quantos são excluídos do sistema, mas porque o
sistema social e económico é injusto na sua raiz.
Assim como o bem tende a difundir-se, assim também o mal
consentido - que é a injustiça - tende a expandir a sua força nociva e a minar,
silenciosamente, as bases de qualquer sistema político e social, por mais
sólido que pareça.
Se cada ação tem consequências, um mal embrenhado nas
estruturas duma sociedade sempre contém um potencial de dissolução e de morte.
…
"Mais cedo ou mais tarde, a desigualdade social gera
uma violência que as corridas armamentistas não resolvem nem poderão resolver
jamais.
Servem apenas para tentar enganar aqueles que reclamam maior
segurança, como se hoje não se soubesse que as armas e a repressão violenta,
mais do que dar solução, criam novos e piores conflitos.
Alguns comprazem-se simplesmente em culpar, dos próprios
males, os pobres e os países pobres, com generalizações indevidas, e pretendem
encontrar a solução numa "educação" que os tranquilize e transforme
em seres domesticados e inofensivos.
Isto torna-se ainda mais irritante, quando os excluídos veem
crescer este cancro social que é a corrupção profundamente radicada em muitos
países - nos seus Governos, empresários e instituições - seja qual for a
ideologia política dos governantes."
…
Francisco
O Papa