Atenta ao desânimo
de uns, acatamento e indiferença de outros, deixo aqui para os interessados uma
declaração entregue na última sessão da AM que uma vez mais ilustra o desprezo a que
frequentemente são votados os membros da Assembleia que não alinham pelo
conformismo. Faço-o, tendo em atenção a indignação expressa neste blogue pela
passividade da oposição e apenas para que saibam que, mesmo sem que seja
possível alterar o status quo resultante da escolha dos próprios
almeidenses nem todos se resignam, sendo de lamentar que mais vozes não se
unam na contestação clara e firme do rumo que Almeida há demasiados anos tem
traçado. Faço votos que aos poucos as mentes se abram para o óbvio e que os
eleitores se rendam à evidente necessidade de mudança nos agentes de governação
do concelho.
Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Municipal de Almeida
Senhores Membros desta Assembleia Municipal,
Na última sessão, no passado dia 27 de Abril, apresentei ao
Presidente desta Assembleia uma declaração de protesto por ter sido negada a
palavra a um membro da Assembleia Municipal na cerimónia evocativa do 25 de
Abril, com um pedido de revisão dessa posição. No período de resposta, o Sr.
Presidente [da AM], perante os membros presentes, optou por uma atitude sarcástica,
voltado apenas para uma parte da sala, esforçando-se por não me olhar,
proferindo expressões como “quando a Sra. for eleita presidente desta
Assembleia, tendo a certeza de que isso acontecerá, pois todos os membros aqui
presentes votarão em si, e então a Sra. fará como entender…” e “enquanto eu for
Presidente eu é que decido”, negando-me depois o uso da palavra, nem sequer em
nome da defesa da honra, um direito aprovado por esta Assembleia que todos
aceitamos respeitar, mas que apenas lhe fez acrescentar que eu “fizesse como
entendesse”, “ditasse para acta” – contudo, logo proibindo-me de o fazer… e com
isso forçando a que hoje volte novamente a evocar o assunto para dizer o
seguinte:
·
Do esforço de ironia e da atitude tomada pelo
Sr. Presidente não resultam qualquer prestígio para a sua pessoa, tão-pouco
para a imagem que procurou criar de um político sensato e equilibrado; antes,
reforçou junto dos presentes uma faceta e um tom que têm muito mais a ver com
um homem inseguro, controladamente irritado, que acaba sempre por meter os pés
pelas mãos para se justificar.
·
Pessoalmente, tenho de confessar que, em vez de
indignação, me causou pena ver uma cena tão patética nesta Assembleia… Se há
uns anos ma tivessem contado, teria tido dificuldade em acreditar, mas fui observando
que muita coisa é possível, até o inverosímil. Acredito serenamente que outros vão
fazendo aprendizagens semelhantes, pois como celebrava o nosso grande poeta
Camões “o mundo é composto de mudança”…
·
Não foi a primeira vez que me impediu o uso da
palavra. Da outra vez, foi ao ponto de suspender a sessão porque denunciei uma
atrocidade que foi e continua a ser cometida pelo Sr. Presidente da Câmara. Com
essa e outras situações, fui-me habituando a ver que o Sr. Presidente da
Assembleia não exerce as suas funções de forma isenta. Mas eu compreendo-o bem,
e perdoo-lhe até, no seu esforço de solidariedade para com um executivo que lhe
sucedeu por sua própria recomendação.
·
Compreendo-o cada vez melhor e, por incrível que
pareça, estou grata por todas as aprendizagens que tenho feito, algumas duras e
ingratas, de que esta terra faz parte: em tempos, acreditei que havia pessoas
bem-intencionadas que queriam o bem de Almeida; afinal descobri que o que há é
muito quem olhe pelos seus próprios interesses, aos poucos, desvendando-se uma
teia de interesses mesquinhos, egoístas, arrogantes e hipócritas… fazendo o
espírito de partilha e de esforços ser consumido numa voracidade que não
respeita um mínimo de dignidade.
·
Hoje a minha família, apesar de desiludida com o
rumo que Almeida tomou, vive muito mais tranquila por não se ver associada a
nenhuma dessas situações. E eu revejo-me nela, igualmente tranquila, apesar da
decepção, mas também determinada a não desperdiçar a tomada de consciência em
atitudes de subserviência e cobardia.
·
Creio que o Sr. Presidente, hoje desta Assembleia,
e anteriormente desta Câmara, foi o primeiro a deixar-se enganar pelas fantasiosas
ideias de progresso, quando depois de assinar Programas de Recuperação de
Fachadas onde os proprietários eram obrigados a respeitar projectos contratados
a metro para supostamente manter uma coesão de construção tradicional no centro
histórico, dificultando sempre outras opções de recuperação de casas, ainda que
visassem um maior conforto, acabou depois, já em final de mandato, por autorizar
a construção de um caixote-mamarracho aqui mesmo defronte da Câmara, que hoje
berra inútil e desenquadrado, com os dejectos dos pássaros a expressar melhor
que tudo a mais-valia que trouxe a Almeida, bem como à capacidade dos seus
habitantes reagirem a semelhantes contradições… Resta saber quem ganhou com
isso, mas Almeida não foi certamente!
·
Sr.
Presidente, ainda estaria a tempo de remediar um pouco o mal que fez, se
optasse por um pouco mais de humildade e aceitasse que nem todos têm que estar
nesta Assembleia, mudos e quedos ou a bater palmas ao que de errado continua a
ser feito, deixando que quem foi eleito pelo povo para aqui fazer defender os
seus interesses, possa para isso livremente usar da palavra sem ser impedido,
como tem acontecido de forma tão arbitrária.
·
Não queira, Senhor Presidente, acrescentar mais ao
contra-senso que já existe: ficar associado ao impedimento do exercício
democrático num município que se empenhou para inaugurar um monumento ao 25 de
Abril. Num pretensioso traçado em forma de colher de pau que, além de nos obrigarem
a contornar, nos tentam enfiar pelas goelas num esforço de calar a contestação
do mau gosto, do desperdício e do prejuízo. Não nos comam por parvos! Para que
fique bem claro e não torne a servir de argumento: não é contra um monumento ao
25 de Abril, mas contra este tipo de construção – outro mamarracho, que não
serve o interesse de Almeida, favorecendo apenas a imposição de projectos, com
negócios de granitos e candeeiros à mistura. E, desgraçadamente, não passa de
uma presunçosa manifestação demonstração de “quero, posso e mando”, num município
onde não se respeita o direito de liberdade de expressão para sufocar a
diferença de opinião.
29.06.2012
Maria Clarinda Moreira
O Senhor Costa nunca me enganou.
ResponderExcluirSe o Orlindo e os seus camaradas tivessem coragem ele teria que provar muitas coisas.
Aquele mamarracho ainda vai dar muito que falar.
Vai uma apostinha?
Cara Drª Clarinda
ResponderExcluirPorque continua a pregar no deserto ? Porque continua a falar para quem não houve?
Não vê que a sua luta pela verdade e coerência é inútil? Aos membros da Câmara e Assembleia Municipal onde pontificam os respectivos e limitados presidentes, não lhes interessam as verdades. Os Almeidenses estão-se nas tintas se os dinheiros públicos são gastos da melhor forma, desde que vida lhes corra à sua feição! Se as obras públicas que denuncia escrupulosamente são do interesse público e se integram na história da Vila!
Não perca mais tempo com gente desta. O seu valor passa muito acima do que todos estes oportunistas de incompetentes merecem.
Felicidades.
Desiludido de Almeida
Claro que queria escrever "ouve" e não "houve" . As desculpas pela gralha.
ResponderExcluirDesiludido de Almeida
Mais uma reflexão!
ResponderExcluirSerá uma casualidade a Feira de Ano de 1 de setembro realizada em Almeida ter sido feita em conjunto com a feira mensal de Vilar Formoso não passando de uma mera casualidade impossível de ter sido evitada de forma a não prejudicar o interesse público?
Penso que foi mera casualidade. A de Almeida,anual, não daria para mudar, mais a a mais o dia 2 calhava ao domingo; a de Vilar Formoso, marcada no primeiro sábado de cada já tem um público fiél ( que são os espanhóis) e seria prejudicial alterar a data, pois haveria enganos e desconhecimento dessa alteração
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