20 setembro, 2013
Despedida de Assembleia Municipal - parte 4 (fim de intervenção)
18 outubro, 2009
MUSEU NAS CASAMATAS
Estão ali representadas algumas mostras cronológicas do armamento e artes militares ao longo da existência humana até à I Guerra Mundial. Penso que se devia investir um pouco mais sobre o papel militar de Almeida, mas talvez com o tempo isso venha a acontecer, desde que a direcção do museu se mostre dinâmica e atenta.
Muito recentemente, visitei um museu em tudo análogo ao de Almeida, estruturado igualmente a partir do Museu Militar de Lisboa que forneceu, para além das peças, a maioria da descrição museológica. O Museu, instalado no Forte de Santa Luzia em Elvas, apesar de muito interessante, apresenta sinais de sofrer também dos mesmos males de estar parcialmente instalado num local problemático para o efeito, nomeadamente algumas casamatas integradas nesse pequeno forte, ainda que aí (e bem) tenham aproveitado os baluartes exteriores para recriar equipagens das baterias de artilharia. Contudo, no interior, apesar de bem apetrechado, parte do equipamento multimédia deixou de funcionar adequadamente devido à humidade, a ponto de numa das salas, o piso estar levantado como resultado de infiltrações de água.
E, em Almeida?
Como já anteriormente salientado, e não apenas por afirmações da minha lavra, há a considerar que o local escolhido (as Casamatas do Baluarte de S. João de Deus) é o menos adequado em termos de humidade em toda a vila. E apesar do valor ali gasto (a informação municipal refere 720.314,64 euros), do dispendioso e sofisticado sistema de desumidificação aí montado, que além de gastador em termos de energia, funcionando ininterruptamente, será impotente - a fazermos fé no parecer do grande especialista Coronel e Engenheiro Sousa Lobo, que deixou o alerta: “ainda que lhe retirem a terra das coberturas, vão ter sempre os pés na água, pois o local é de cota baixa, e a humidade, até por capilaridade, vai surgir sempre”. As fotos tiradas no início de Setembro de 2008, já sem terras na cobertura, mas ainda antes das mais frequentes chuvas de Inverno, mostram claramente a humidade surgir do solo e, como se pode ver, a impregnar os expositores que aí aguardavam a musealização.
Para além deste aspecto de dificuldade de conservação física do local, do espólio e aparelhagens que ali se encontram, há um outro que, em termos de património arquitectónico e histórico da fortaleza, é muito mais significativo quanto à sua adulteração: como noutra altura referi, as casamatas de Almeida eram locais que protegiam tanto as pessoas como os bens materiais dos bombardeamentos que a Praça esteve sujeita ao longo da história. Em tempo de paz, serviram de armazéns para produtos agrícolas e outros. Contudo, em termos históricos, tiveram um funesto papel como presídios durante as Lutas Liberais, na primeira metade do Séc. XIX. Ali estiveram instaladas as terríveis prisões, onde padeceram e morreram muitos liberais às mãos do regime absoluto de D. Miguel e seus seguidores. Ali, centenas e centenas de seguidores do liberalismo, por terem ideias democráticas e humanistas que vieram a resultar no moderno estado de direito, sofreram atrozmente. E agora, que testemunho físico podemos mostrar, veiculando o que os antepassados das novas gerações padeceram como lutadores da Liberdade?
O fundamental desvaneceu-se, pois as obras de adaptação ao museu, adulteraram todo o ambiente que, apesar de soturno, conservava uma autenticidade única, com todas as valências didácticas para transmitir aos visitantes a luta surda e a penosidade a que os seus antepassados, émulos da liberdade, foram sujeitos. Essa atmosfera carregada de memória, intensa na algidez dos espaços húmidos e tenebrosos, foi desvirtuada, vulgarizada, afinal para ali se instalar um normal museu multi-época, com unidades museológicas descontextualizadas do espaço Casamatas em si, um museu que poderia perfeitamente ter sido instalado noutros locais, sem beliscar o património arquitectónico e histórico da Praça-forte, e certamente com menores custos, tanto de adaptação como de manutenção. Não faltariam espaços em Almeida para albergar um museu histórico-militar desse género, ao passo que as Casamatas, pela sua especificidade histórica, poderiam e deveriam ter uma musealização excepcional, impossível de se conseguir noutro espaço. Isto, para não falar no terrível tratamento exterior, sem nenhuma contemporização pela dignidade histórica do lugar!
Por isso, não posso estar de acordo com um dos oradores, aquando da sua inauguração, que referiu que quem gosta de História tem que gostar do museu histórico-militar de Almeida. Sim, quanto à sua existência, mas NÃO naquele sítio - e muito menos daquela forma! Deixa-me até perplexo como é que agora, num cartaz eleitoral, por detrás dos candidatos, na montagem das perspectivas do Monumento que é a Fortaleza de Almeida, reclamando o “seu lugar lugar na Humanidade”, se tenha aproveitado para entremear precisamente o ângulo mais infeliz da recuperação das Casamatas. Pelo que conheço das posturas que fomos observando ao longo dos tempos mais recentes, só pode ser mesmo mais um acto de birra… ou sobranceria perante a indignação já manifestada relativamente àquela proeminência bizarra implantada como monta-pratos, lava-loiças… ou lá o que é! Não passa despercebida a mensagem: aquele sinal de ostentação de uma obra polémica como foi a recuperação das Casamatas deixa uma leitura muito inquietante da promessa, reafirmada em promessa eleitoral, de requalificação do Largo 25 de Abril, até pela garantia pública que foi dada pelos mesmos de que já a tinham aprovada, bem como da zona envolvente do Castelo!
Caso tais intenções se mantenham, confiemos que os Almeidenses saberão dar a resposta adequada, no momento certo, a essa provocação!
Rui Brito Fonseca
28 março, 2009
NEM TUDO O QUE RELUZ É OURO…
(O mesmo continua acessível neste blogue, bastando clicar na Etiqueta abaixo – “Dia dos Municípios com Centro Histórico”, no final deste artigo).
Decorrido este período de tempo, as questões de fundo são as mesmas. No entanto, a propósito deste mesmo Dia, verificaram-se duas mudanças dignas de menção: a primeira, é que, muito possivelmente estimuladas pelos reparos, ou quem sabe porque cada vez mais todos os momentos são importantes para se mostrar dinamismo, as autoridades concelhias, este ano, não se esqueceram de assinalar a data. Sobre isso, Almeida pode regozijar-se: os reparos, ainda que transmitidos pela única via aberta, como um simples blogue, que restou aos almeidenses para comunicar com as autoridades locais, parecem afinal ir surtindo algum efeito, apesar também de alguma natural crispação, por variados motivos que sempre envolvem estas situações.
A segunda mudança, relacionada com a primeira, é que desta vez é apresentado um programa de Jornadas do Instituto de História de Arte de Coimbra, recheado de iniciativas:
Dia 27, 12.00 horas - Percurso guiado (não diz por quem, mas se o Instituto de História de Arte é o convidado, presumivelmente será conduzido nessa visita…);
Dia 28, 9.00 horas – O Baluarte de S. João de Deus - Visita ao estaleiro.
Bem a propósito: o estaleiro das casamatas. A polémica intervenção que tanta tinta fez correr e originou um debate acesso, inclusive em sessão pública, por sua vez muito agitada já em 2006, esta com a presença do Executivo, do Coronel Eng. Sousa Lobo (defendendo a necessidade de um estudo mais aprofundado antes de qualquer intervenção radical), dos Arq. João Campos e Arq. João Marujo (defendendo o contrário), bem como do Arq. José Afonso, então Director Regional do IPPAR, (o qual viria a assumir uma forte oposição ao projecto das casamatas), além de outros. De toda aquela estrondosa diatribe, a que também concorreu o protesto da oposição política, resultaria uma obra da autoria do Arq. João Campos, publicada pela CMA nesse mesmo ano, com a sua proposta para intervenção nas casamatas, posteriormente alterada. Recordo o destaque: “com prefácio do Prof. Doutor Pedro Dias”.
E recordo-o, porque nessa altura, mesmo a colaborar com a CMA, fui surpreendida pela decisão de inclusão dessa informação relativa a um prefácio para um cartaz, facto que transmiti tanto ao Executivo como a quem o concebeu (imagem abaixo), o qual foi ainda exactamente transposto para os outdoors de divulgação do Programa da 2ª Recriação Histórica de Almeida: parecera-me, excessivo, descabido, e até pretensioso, tanto mais que no mesmo programa constava igualmente a apresentação da reedição do livro “O Castelo de Almeida” do Dr. José Vilhena de Carvalho, o qual estava previsto ser justamente homenageado nesse ano, bem como das “restantes Edições da CMA”, onde vários e também conceituados autores tinham colaborado de forma muito generosa, mas sem qualquer destaque individualizado nessa divulgação, conforme as indicações por mim enviadas.

Voltando, no entanto, a estas Jornadas de 2009, a propósito do Dia dos Municípios com Centro Histórico, vou saltar alguns pormenores que podem ser consultados no sítio da CMA em http://www.cm-almeida.pt/municipio/agendadomunicipio/Paginas/Comemoracaoceama.aspx
referindo apenas uma inauguração de uma exposição do Instituto Geográfico Português, que promete e ainda bem que permanece mais uns tempos, para chegar ao programa previsto para as 11.30 horas - Sessão Comemorativa do Dia com Centro Histórico: Um documento para o Acervo do CEAMA pelo Prof. Doutor Pedro Dias.
Note-se, o Prof. Doutor Pedro Dias é uma respeitável figura académica, certamente vem a Almeida, a convite, e com a melhor das boas intenções. Mas tanto destaque fez-me lembrar uma qualquer outra notícia que pressenti relacionada. E de facto: um dos parágrafos relativos aos elementos do júri do recente doutoramento do Arq. João Campos, precisamente em História da Arte, tão pressurosamente alardeado no sítio oficial da CMA, e logo depois retirado perante as críticas, para ser publicado no jornal Praça Alta, reza o seguinte:
- O Senhor Doutor António Pedro Machado Gonçalves Dias, Professor Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Orientador;
Bom. Com isso se pode melhor explicar o objectivo da Comemoração do Dia dos Municípios com Centro Histórico este ano em Almeida. Senti pena. Afinal, não parece verificar-se uma maior sensibilização por parte do Município relativamente ao seu Centro Histórico. Todo este fio condutor de coincidências e de factos configura mais uma necessidade de patentear aos almeidenses a ideia de que o que tem vindo a ser feito em Almeida ao nível do património recebe bênçãos académicas lançadas do alto, num jogo de imagem que tacitamente promove o doutoramento de um técnico contratado pelo município, onde o “mestre”, é convidado a visitar a obra do “discípulo”. Mas neste jogo de espelhos, há um estilhaço brutal que fende a imagem quase idílica de alto a baixo: que o técnico, discípulo, consultor, por muito qualificado que seja, repetidamente demonstrou, tanto em público como em privado, a sua incapacidade de diálogo e a sua atitude impositiva para com o património de Almeida – com o que profundamente ofende e repele os almeidenses.
E é assim que esta Comemoração de um Dia dos Municípios com Centro Histórico, se revela afinal mais uma vez ditado de cima para baixo, ineficaz, deparando-se com o mesmo vazio de adesão, porque é destinado a encher o olho, quando os almeidenses já estão fartos de que tanto lhes atirem areia para os olhos!
Maria Clarinda Moreira
21 janeiro, 2009
A MAGIA E OS “TRANSTORNOS” DA HISTÓRIA
O desespero que senti ao ver as Casamatas esventradas, lajeados de original cantaria granítica removidos, dilacerados por martelo pneumático, próteses nas coberturas em granito rectilíneo e aparelhado, contrastando com o tosco e forte antigo; asnas, vigas,estruturas metálicas prontas a ser colocadas sobre um inventado chão na parte das coberturas…não pode deixar de me causar uma grande indignação e repulsa por tamanha adulteração do nosso património histórico original.
Já polémica tinha sido a opção de desaterrar e assim deixar todas as estruturas das coberturas à mostra, como se nunca devessem ser tapadas, tendo havido diversos especialistas que afirmaram não ser essa a melhor opção. Depois, ao climatizar parte das salas subterrâneas (que agora deixaram de o
Para finalizar, a cereja em cima do bolo: a construção de uma cafetaria em vidro e aço bem destacada no Baluarte de S.João de Deus! Nem dá para acreditar em tanto e tanto disparate junto! E o que mais impressiona é o IGESPAR ter aceitado tudo isso, apesar da oposição, reiterada da Delegação de Castelo Branco e do seu director, pelo que se torna responsável máximo por essa o
Pode ser a minha voz tida apenas como um pregar no deserto, mas penso que transmite também o sentir de muitos dos almeidenses. E, se a opinião dos almeidenses não conta nada junto aos senhores que têm proposto estes desarranjos continuados com a argumentação de que são valorativos, e que há que e
Rui Brito Fonseca