O post anterior é parte de um documento lido na sessão
ordinária do passado dia 27, imediatamente subsequente ao episódio referido, no
período antes da Ordem do Dia. Segue-se o restante texto para conhecimento dos
interessados.
No momento, com uma discreta insistência do candidato a usar
da palavra, notou-se da parte do dirigente hesitação para encontrar
justificativa, socorrendo-se de uma alegada decisão da mesa: apenas falariam os
representantes de partidos políticos previamente estabelecidos. Sem ver a
contradição com o que acabara de defender, insistiu nesse ponto, mas não
convenceu.
- Antes de mais, a cerimónia do 25 de Abril deve sobretudo celebrar os valores de Abril. Não apenas os protocolos. Os protocolos, estafadas que estão as pessoas de ouvir discursos e muito mais de se concentrar neles, não servem para grande coisa senão… para cumprir protocolos. E, portanto, tornam-se cada vez mais esvaziados e inúteis;
- Se foi uma decisão da mesa, esqueceu-se o Sr. Presidente da mesa e da A.M. de avisar prévia e atempadamente os membros da Assembleia, o que é uma falha tremenda e falta de respeito pelos membros democraticamente eleitos, que ali estão em representação do povo que os mandata com essa função;
- Estranhamente, foi ainda alegado que a decisão fora tomada já no ano anterior. “Pela mesa” e, segundo explicação “para evitar precedentes”. Mas no ano anterior, recordo, uma das oradoras adoeceu - e não pôde estar presente. Assim, o protocolo foi despachado em menos tempo que o previsto, e a mesa, antes de dar por finda a sessão, perguntou se mais alguém queria intervir. Ninguém quis. Portanto, o argumento dado não colhe por esse lado também.
- Perante isto, qual a razão verdadeira, suficientemente válida, para negar a palavra a um membro de uma Assembleia Municipal, tanto mais que neste caso nenhum membro da sua força política fizera qualquer intervenção? E mesmo que tivesse, não são livres as pessoas de exprimirem o seu pensamento? Não foi isso que até acabara justamente de ser defendido?
Por mais surpreendente que fosse a atitude
do Presidente da mesa, ninguém se manifestou. Incluindo eu, que desta vez
fiquei a observar o efeito causado nos presentes, por breves momentos,
suficientes, porém, para que a sessão fosse dada por finda ali, indo continuar
no exterior, ao vento, onde curiosamente, se o candidato desejasse, poderia
então dizer “alguma coisa”…
Já cá fora, notei algum inconformismo, mas não
muito empenhado, numa certa habituação ou resignação de quem já nada espanta. Isso
aumentou a minha perplexidade, da qual resulta esta intervenção. Comemorar o 25
de Abril não pode resumir-se a um protocolo. E discordo profundamente que se
impeça um membro da A.M. de usar da palavra, especialmente numa cerimónia que
deve celebrar o mais alto valor conquistado com esse evento: o direito à
liberdade de expressão, neste caso precisamente de um membro mandatado pelo
povo para o fazer.
Por fim, não me contenho com um desabafo de
quem viveu em Portugal o tempo antes do 25 de Abril, o durante, o depois… e
agora o que vai apontando para o fim do seu espírito e da sua importância - apesar
dos millhões que se estão a gastar em Almeida a fingir que o celebramos: quando
alguém aceita calar-se e demitir-se da sua possibilidade de intervenção… coloca-se
a jeito de lhe ser colocada uma mordaça! Já aconteceu antes - e parece que é
disso mesmo que nos estamos a esquecer!
Solicito, por isso, ao Sr. Presidente da mesa
e desta A.M. que reveja a posição assumida, para que situações lamentáveis como
esta não se tornem a verificar.
Maria Clarinda Moreira, 27.04.2012
“O poder, seja lá de que natureza for, persegue e odeia os homens livres, mas favorece, protege e promove os medíocres e os sabujadores”
ResponderExcluirdiz Alberto Pinto Nogueira - Procurador Distrital do Porto
Eu só queria fazer três perguntas:
ResponderExcluir1º - A D. Clarinda não está na bancada do PS? Então porque o PS nunca vota com ela? Só me dão vontade de rir estes senhores engravatados do partido da rosa.É este partido que queria ganhar as eleições? O povo tem sempre razão.
2º - Acho que está na hora do Presidente Baptista Ribeiro pôr o Dr. Costa Reis na ordem. No PSD sempre se respeitou a liberdade e a democracia. Está na hora de se impor, Presidente. O tempo desse senhor já passou há muito tempo.
3º - O PSD tem medo de quê não deixando que as Assembleias Municipais sejam gravadas? Não percebo e não sei quais as razões. Não temos nada a esconder.
LA
Vale sempre a pena...
ResponderExcluirE esta de até o Pires Veloso (lembram-se certamente dele...) propor um novo 25 de Abril popular!!!.(23/4/2012, salvo erro, J. N.).
ESPETACULO.
Estou para "ver" qual vai ser o modo de estar dos deputados municipais de Almeida, na Assembleia de Junho/2012.
ResponderExcluir“Este país preocupa-me, este país dói-me. E aflige-me a apatia, aflige-me a indiferença, aflige-me o egoísmo profundo em que esta sociedade vive. De vez em quando, como somos um povo de fogos de palha, ardemos muito, mas queimamos depressa."
ResponderExcluirJosé Saramago
P.S. - ...e a mim também me aflige...infelizmente...