09 agosto, 2011
Encerramento de piscinas...sim ou não?
Para evitar o encerramento de uma das piscinas municipais, a funcionar em Vilar Formoso e Almeida, a autarquia está a avançar com algumas soluções. Uma delas é a instalação de painéis solares para reduzir a fatura da energia e outra é a construção de piscinas de ar livre junto aos dois complexos.
Com dois complexos de piscinas municipais, o concelho de Almeida depara-se atualmente com dificuldades para manter os equipamentos a funcionar. “Há que reconhecer que está a ser uma grande dificuldade. Não podemos nem devemos esconder o que é uma realidade, diz António Batista Ribeiro, presidente do Município e do conselho de administração da Almeida Municípia, empresa municipal responsável pela gestão dos mesmos.
O autarca explica a atual situação com o despovoamento que tem sido registado no Concelho, à semelhança de outros municípios do Interior do País, a que se juntam também as dificuldades económicas sentidas por muitas famílias. Uma realidade difícil que, como adianta Batista Ribeiro, tem levado muitos utentes a deixar de frequentar piscinas e ginásios, mesmos nos grandes centros.
“Uma piscina tem praticamente a mesma despesa tendo 100 ou 1000 utentes e, portanto, há que rever a situação”, diz o autarca de Almeida
O número de utilizadores diminui, mas as despesas com a manutenção dos equipamentos continuam a ser elevadas. “São equipamentos de qualidade, que têm uma despesa enormíssima, principalmente nos meses de inverno, em que há faturas avultadas de energia, para além do pessoal, que é uma despesa fixa”, revela o presidente da Câmara de Almeida, que sublinha a necessidade de rever a situação, para evitar mais prejuízos.
Batista Ribeiro não é a favor do encerramento de qualquer um dos complexos, defendendo que devem ser encontradas soluções para ‘dar a volta’ à situação: “Temos que avançar com soluções para que não feche nenhuma das piscinas”. E uma das soluções passa pela criação de piscinas de ar livre, tanto em Almeida como em Vilar Formoso, mesmo junto ao edifício das piscinas cobertas, no espaço do solário.
“São para épocas diferentes, mas se nós construirmos piscinas de ar livre compensamos, e sem grandes investimentos, porque todo o outro equipamento existente já serve de apoio”, diz o edil. O objetivo é que os novos espaços possam estar a funcionar dentro de um ano.
Perda de utentes
As primeiras piscinas a abrir no concelho de Almeida foram as de Vilar Formoso, que atraíram muita gente do país vizinho – Espanha. Mais tarde passaram a funcionar as Piscinas Municipais de Almeida, recebendo pessoas não só do Concelho, mas também de municípios vizinhos, como Pinhel e Figueira de Castelo Rodrigo.
O complexo de Vilar Formoso acabou depois por perder alguns utilizadores espanhóis, dada a abertura de piscinas cobertas em Ciudad Rodrigo, e o mesmo se passou em Almeida com a entrada em funcionamento de um equipamento do género também em Figueira de Castelo Rodrigo. Ainda assim, segundo Batista Ribeiro, Vilar Formoso continua a receber alguns utentes vindos de Espanha, “até porque as piscinas cobertas de Ciudad Rodrigo são muito inferiores”.
O presidente da Câmara de Almeida revela que foi registado um decréscimo do número de utentes e receia que essa redução se acentue ainda mais no próximo ano, tendo em conta a crise que está instalada no País e as cada vez mais famílias em risco de não conseguirem cumprir os seus compromissos com a banca e no dia a dia.
“Foi um erro construir duas no Concelho”
António Batista Ribeiro é perentório ao dizer que, “se fosse agora, não seriam construídas as duas piscinas”, mas apenas uma. “Sempre reconheci que foi um erro construir duas no Concelho, mas é preciso ver que as piscinas foram projetadas há mais de dez anos. E, nessa altura, Vilar Formoso ainda não tinha sofrido aquela sangria que sofreu, principalmente com o fecho de muitos serviços”, declara. Não tem dúvidas, de resto, que “se Vilar Formoso continuasse a ter o mesmo número de pessoas que tinha há oito ou nove anos”, e com o mesmo poder de compra que tinham, as piscinas “eram um sucesso”. “Já não poderia, eventualmente, afirmar a mesma coisa em relação às de Almeida”, adianta.
O autarca admite, porém, que “mesmo há dez anos seria importante pensar e repensar a construção de dois complexos de piscinas”. “Hoje vemos, sem dúvida, que foi um erro. Se fosse agora não o fazíamos”, diz.
Garante que a autarquia está empenhada em encontrar soluções que permitam manter em funcionamento os dois equipamentos, melhorando a situação atual. O edil diz que “é insustentável continuar assim”, mas não quer fazer o mesmo que outros municípios já fizeram, que foi encerrar as piscinas, optando, por isso, por repensar a forma de exploração.
Considera que encerrar “seria um erro”, votando ao abandono equipamentos “de grande qualidade”. “Não sou a favor do encerramento e, por isso, estamos a trabalhar no sentido de encontrarmos soluções alternativas. E vamos ver a resposta que dão. Depois também aprenderemos com os erros ou com aquilo que estamos a projetar para o futuro”, conclui Batista Ribeiro.
Candidatura aprovada
Além da construção de piscinas de ar livre, tanto em Almeida como em Vilar Formoso, há outra solução a caminho. Segundo Alcino Morgado, administrador da Almeida Municípia, foi já aprovada uma candidatura que tem em vista a colocação de painéis solares nos complexos de Vilar Formoso e Almeida, no sentido de reduzir a fatura da energia.
Por: Fátima Monteiro - in Jornal Nova Guarda - 03/08/2011
13 julho, 2011
…até quando?...chegará a minha vez?...
E porque não dissemos nada…
…já não podemos dizer nada…
Vladimir Maiakóvski (…escreveu ainda no inicio do Séc. XX…)
Primeiro levaram os negros,
Mas não me importei com isso…eu não era negro…
Em seguida levaram alguns operários…
Mas não me importei com isso…eu também não era operário…
Depois prenderam os miseráveis,
Mas não me importei…porque não sou miserável…
Depois agarraram uns desempregados,
Mas como tenho o meu emprego…não me importei com isso…
Agora estão me levando a mim…
Mas já é tarde…ninguém se importa comigo…
Bertola Brecht (1898-1956)
Um dia vieram e levaram o meu vizinho que era Judeu…
Como não sou Judeu…não me importei…
No dia seguinte vieram e levaram o outro vizinho que era comunista…
Como não sou Comunista…não me importei…
No terceiro dia vieram e levaram o meu vizinho católico…
Como não sou Católico…não me incomodei…
Ao quarto dia vieram e…me levaram…
…não há mais ninguém para reclamar…
Martim Niemöller – 1933 (Símbolo da resistência aos nazis)
…incrível é que, após mais de cem anos, ainda nos encontremos tão desamparados, inertes e submetidos aos caprichos da ruína moral dos poderes governantes, que vampirizam o erário, aniquilam as instituições e deixam aos cidadãos os ossos roídos e o direito ao silêncio…porque a palavra…há muito se tornou inútil…
…até quando?...chegará a minha vez?...
João Neves
04 julho, 2011
Almeida e...o futuro...
Entre 2001 e 2011 o Concelho perdeu 1213 pessoas residentes o que equivale a 14,40 % .
Censos 1981 – 10.524 residentes no Concelho de Almeida
Censos 1991 – 10.040 – perdeu-se 484 pessoas
Censos 2001 - 8.423 – perdeu-se 1.617 pessoas
Censos 2011 - 7.210 – perdeu-se 1.213 pessoas
Perder-se 14,40 % da população em 10 anos é dramático.
Em relação ao ano de 1981 perder-se cerca de 31 % (trinta e um) da população residente é dramático.
Entretanto continuamos a sacudir a água do capote para o vizinho mais a jeito ou a enterrar a cabeça na areia.
Continuamos a não discutir o tema da desertificação do interior, a assobiar para o lado como se não fosse nada connosco.
Continuamos…não a discutir o sexo dos anjos, mas simplesmente a…não debater…só!
E entretanto…lamento estragar alguma festa com este “comentário” efémero… que alguns poderão adjectivar de malicioso…mas nunca de mentiroso...
João Neves
12 maio, 2011
O aquecimento dos motores
Na realidade ainda longe do acto, e já os partidos colocaram a sua hoste no terreno para brandirem as vantagens e decifrarem as fraquezas dos adversários.
Aquilo a que temos assistido é de bradar aos céus, com a falta de rigor e de verdade de alguns.
Depois de tudo porque temos passado e vivido, depois do que fizeram a alguns, nomeadamente funcionários do sector público, ainda há quem diga que o estado económico da Nação se deve a estes.
A reunião havida com os representantes da União Europeia, do Fundo Monetário Internacional e do Banco Central Europeu, por parte do Governo e de alguns partidos da oposição, originou um acordo subscrito por todos, e que é fundamental respeitar para se conseguir atingir certos e determinados objectivos, a fim de que nos sejam concedidos qualquer coisa como 78 mil milhões de euros.
O mesmo a ser inicialmente aprovado este fim-de-semana pela União Europeia, já começa a dividir a decisão de alguns partidos. Isto leva-nos a pensar que alguns dos subscritores já começam a pretender modificar o acordado. Assim é impensável conseguirmos chegar mais cedo ou mais tarde a bom porto.
Virem-nos dizer que acordo contém tudo o que estava no PEC IV, é chamarem-nos ignorantes e isso não o devemos admitir.
Dizer que não necessitávamos da ajuda externa, é caricato já que o próprio ministro das Finanças afirmou que só havia dinheiro para pagamento de vencimentos até Maio.
Sendo assim, onde íamos arranjar dinheiro para pagar a próxima tranche já em Junho dos empréstimos?
As medidas necessárias tinham que ser muito mais fortes. Qual foi o resultado dos anteriores PEC’s?
O grande problema deste Governo é que apenas se preocupava com as receitas. No que tocava às despesas, nada era feito. Todos sabemos que quando se gasta mais do que se ganha, a falência é o resultado final.
Este acordo visa pelo menos alguns pontos que vai permitir efectuar menos despesa. Eis alguns: congelamento de salários na função pública e de pensões até 2013; redução de 1% e 2% nos trabalhadores da administração central e local, respectivamente; contribuição especial sobre pensões acima de € 1.500; controlo apertado nos custos da saúde, educação e defesa; racionalização na administração pública; redução de despesa com benefícios sociais de natureza não contributiva; redução de transferências para autarquias e regiões autónomas; redução de despesas de capital.
Naturalmente que outras medidas há que adaptadas à nossa realidade, podem beneficiar a recuperação. Eu daria como exemplos, a supressão imediata de financiamento aos partidos políticos e às campanhas eleitorais; a supressão imediata das benesses aos ex-presidentes da República; o imediato cancelamento das comparticipações para todas as fundações, etc, etc.....
O debate televisivo entre Sócrates e Louça foi simplesmente uma vergonha.
Discutiu-se uma carta, na definição de Louça, enquanto José Sócrates dizia ser um memorando.
Carta, define-se como um escrito fechado ou aberto que se dirige a alguém; nome dado a certos documentos oficiais que contêm despacho, provisão, etc...
Memorando, é uma anotação que serve para lembrar algo; uma nota diplomática de uma nação para outra, sobre o estado de uma questão, etc...
Tanto uma como outra assinada por Homens, devem ser honradas.
Ambas são a mesma coisa. No fundo são o compromisso escrito do assumir de uma decisão. O importante desta questão não está em saber se se deve chamar de uma maneira ou outra, o fulcro está no honrar do compromisso. Simplesmente vergonhoso.
Por último, falar só da questão em debate no mesmo encontro sobre o termo reestruturação da dívida pública.
O senhor primeiro-ministro ficou muito mal na fotografia com a definição do termo. Afirmou que reestruturação significava criar calotes aos investidores. Ficou mal também a Francisco Louça não lhe ter explicado o que é uma reestruturação de dívida, já que ele como professor universitário e com formação superior em economia, sabe ou deve saber o que isso é.
Reestruturar uma dívida, significa organizá-la de uma outra forma, como por exemplo, aumentar o prazo de pagamento e diminuir os juros, tornando assim menos penoso para quem paga. Mas isto, não implica não pagar parte dela.
Qualquer cidadão comum que tenha relações comerciais com qualquer banco, sabe isso.
Enfim, são os políticos que temos. Não admira que o país esteja como está.
Caberá a cada um de nós avaliar o facto de não termos sucenturiado a nossa última decisão eleitoral.
09 abril, 2011
O cartel municipal
São 16 as autarquias que já optaram por reduzir em 5% o IRS em favor
dos residentes no seu concelho: uma possibilidade atribuída aos
municípios da qual o presidente do grémio municipal discorda.
Finanças Locais, em que o município renuncia a uma parte do que iria
Para a maior parte deles, esta ideia de eficiência administrativa e de
combate ao desperdício é deplorável: o que é preciso é que o Estado lhes
que o fausto autárquico é pago por eles.
O Município deve construir rotundas ornamentadas com mostrengos
(obras de arte segundo o esclarecido gosto dos Senhores Presidentes),
pavilhões multi-usos sem uso nenhum, subsidiar clubes de futebol e criar
empresas públicas municipais para dar emprego aos familiares e clientes.
Se os munícipes acham que isso é pago com o dinheiro “que vem do
Estado” nem lhes parece mal. O Presidente tem obra. Se percebesse que
era ele, o contribuinte municipal, quem pagava, talvez não gostasse.
Percebe-se por isso a aversão à possibilidade de renúncia à redistribuição
custo que o Tribunal Constitucional matasse o projecto logo à nascença,
apela à união sagrada contra os contribuintes.
Nem daquelas velhíssimas lamúrias sobre o interior desertificado (os
portugueses deveriam ser proibidos de se deslocar) se esqueceu.
Os municípios conservam aquela mentalidade típica de fidalgos arruinados: por maior que seja a penúria não se deve ligar ao dinheiro e a outras coisas mesquinhas.
Num debate sobre a câmara de Lisboa, Santana Lopes ilustrava brilhantemente o tipo autarca-com-obra-e-muitas-dívidas quando sustentava que a grande vantagem de António Costa era (segundo dizia)
Nem que as despesas municipais, mesmo em obras tão úteis como piscinas, são, pela natureza das coisas, investimentos pouco reprodutivos
(do ponto de vista estritamente económico). Não falamos já das obras inteiramente inúteis para todos excepto para os empreiteiros com boas ligações com a Praça do Município.
Mas têm de ser pagas e devem ser pagas por quem beneficia delas e pode
julgar a acção dos seus autarcas.
Artigo publicado no jornal “Expresso”, de 10.10.2009.

Entretanto, deparamos com esta situação caótica que se vive no nosso País que se convencionou chamar crise…mais uma…como se não vivêssemos em crise politica e económica e de valores humanos, há mais de três décadas…mas isso é outra conversa para outra altura…será...?
E agora? …E nós?...Que fazemos? …Sim, porque o Concelho de Almeida não é com toda a certeza um oásis…muito menos se poderá dizer que somos um exemplo a seguir…
Entretanto, vamos ver o que diz outro Senhor...de seu nome Marinho Pinto...
02 abril, 2011
Verdade ou não...
Era suposto haver um desmentido da anterior peta “Do mal o menos…”. Era.
Ou melhor, era bom que a peta relacionada com o 1º de Abril, brincadeira habitual neste blogue, afinal não fosse peta. Que tudo se tivesse passado como o descrito, que o executivo tivesse aproveitado as comemorações do Dia Nacional dos Municípios com Centro Histórico para repor uma absurda e injusta desconsideração a um autor que ofereceu o contributo do seu labor para divulgar o Património não só de Almeida mas também do outro lado da Raia, sabendo-se que a enorme percentagem dos visitantes que acorre ao posto de turismo vem do outro lado da fronteira que nos está tão próxima.
Ainda por cima, com um lema subordinado ao título PATRIMÓNIO E MEMÓRIA - REVELAR E GUARDAR”, alusiva ao trabalho editorial do Município de Almeida nos últimos anos – as palavras não são nossas, é favor reparar novamente no Programa - o momento não podia ser mais propício e significativo! Se assim aconteceu, o nosso aplauso mantém-se, e a partir de agora todos os interessados podem começar a procurar o livro nos locais de venda, conforme é lícito esperar de um município que investiu 4.305,00 Euros + IVA num trabalho editorial pago com dinheiro dos contribuintes.
Mas se o lema, como infelizmente tem acontecido, corresponde a pura demagogia, então REVELAR e GUARDAR são apenas um par de palavras ocas, onde ironicamente o PATRIMÓNIO e a MEMÓRIA se continuarão a jogar nas dificuldades de sobrevivência de um município com um acumular de perrices e exibição de vaidades pessoais. Será bem de pôr os olhos nessa roleta a girar, em que ao mesmo tempo se esconde um trabalho editorial se apresenta mais outro, num corropio onde a Estrela Singular gira sempre à volta das Três Pontas Notáveis…
Só quem lá esteve, presumindo-se sempre os mesmos e quase por frete, poderá desmentir. Será melhor perguntar-lhes se há ou não um Engano!
31 março, 2011
Do mal o menos...
Na sequência da questão levantada nas duas publicações anteriores deste blog, é com satisfação que vimos dar conhecimento de uma surpresa reservada para o passado dia 28 de Março, inserida nas Comemorações do Dia Nacional dos Municípios com Centro Histórico que, como vem sendo habitual, tem sido celebrado em Almeida com alguma pompa e circunstância ainda que com pouco interesse por parte dos almeidenses, geralmente alheios a este tipo de iniciativas.
Este ano, o lema escolhido para a Exposição “PATRIMÓNIO E MEMÓRIA - REVELAR E GUARDAR”, alusiva ao trabalho editorial do Município de Almeida nos últimos anos, conforme se pode ler no convite e programa, indiciava algo intrigante dadas as circunstâncias recentemente vindas a público, mas há que reconhecer que não se esperava que fosse a ocasião escolhida para repor algo que inexplicavelmente (!) o executivo camarário escamoteara do domínio e divulgação públicos. Na verdade, coincidindo com o lançamento de mais uma edição da CMA, as palavras do Presidente colheram de surpresa a assistência, ao anunciar que o livro do Engº Ángel de Luis Calabuig, “Las Fortificaciones de la Raya – La prueba de fuego”, com toda a legitimidade, deixaria de estar vedado à procura, mas antes posto à disposição de quem o quisesse consultar e adquirir. Da assistência saiu mesmo um grande aplauso para a decisão, traduzindo o agrado sentido face ao constrangimento anterior.
Nós que sempre fomos contra uma série de posições tomadas pelo presente executivo em matéria de património, pois achamos que Almeida irremediavelmente se está a desvirtuar, desvalorizando-se, queremos aqui neste blog deixar também o nosso aplauso a esta decisão acertada que, apesar de um tanto tardia, meteu na gaveta a proverbial casmurrice dos homens da governação autárquica em Almeida.
Fica a ganhar, não apenas a Cultura mas particularmente o BOM SENSO. Esperemos que este louvável gesto de humildade venha a repercutir-se também noutras posturas dos almeidenses, com ou sem responsabilidade autárquica.
É mais do que tempo de arrepiar caminho!
08 março, 2011
CARNAVAL SEM MÁSCARAS
No seguimento do anterior post neste Fórum sobre as dificuldades de que o órgão da AM funcione de forma mais transparente, venho complementar os factos ocorridos numa sessão ordinária que motivaram entrega de declaração de voto por discordância do conteúdo da respectiva acta, excluída dos anexos, conforme aqui relatado. Lamento a pouca alternativa que resta, esgotadas que foram as tentativas de clarificar e apelar junto do Presidente da AM para que o assunto fosse tratado no âmbito da própria Assembleia, como seria de esperar numa situação normal. Preparem-se para a extensão do post, mas a apresentação sucinta serve de pasto a deturpações. E para isso, já basta! Só lê quem quer, mas que o façam com calma…
Os factos reportam-se a um livro da Colecção do Bicentenário da Guerra Peninsular, da autoria do Eng. Ángel de Luis Calabuig, intitulado “Las Fortificaciones de la Raya – La Prueba de Fuego”. A obra, fruto de vários anos de trabalho, foi oferecida ao município para publicação, o que aconteceu ainda durante o período em que a signatária colaborou com todo o entusiasmo numa série de iniciativas culturais, incluindo a coordenação dessa colecção.
Contudo, chegou ao seu conhecimento que a obra, lançada em 2007, apesar da procura, até pelo interesse acrescido de nuestros hermanos nela, não se encontra disponível, por alegados “erros de impressão”.
Estranhando o facto, por nunca ter recebido reclamação nesse sentido e sabendo que, a verificarem-se, a própria gráfica teria sido responsabilizada, o que também não acontecera, constatou que esta anomalia estava associada a uma outra que também lhe causara admiração: a fotografia da capa do livro fora repetida numa edição posterior de uma Revista CEAMA (nº2), em 2008, o que parecia indiciar que havia intencionalidade de fazer confundir a procura das publicações, já que não é normal para edições totalmente distintas da mesma instituição a escolha da mesma imagem para capa, antes o contrário, para acentuar a diferença de autores e conteúdos na mira de captar a atenção dos potenciais compradores e leitores.
Como documentos ilustrativos dessa inquirição sobre o livro não se encontrar à venda, sem razão válida tanto quanto se sabia, ainda que pago com dinheiros públicos, além da exibição das referidas obras, foi apresentada cópia do valor do orçamento e indicação de aprovação do mesmo no valor de 4.305,00 euros para 1.500 exemplares, consoante confirmação para execução.
Nenhum destes pormenores pareceu impressionar muito os presentes da AM, provavelmente achando muito normal que o seu Presidente mande publicar obras com dinheiros públicos e depois opte por não as colocar à venda se assim o entender, pois além de pouco habituados a qualquer contestação, quando ela surge, infalivelmente esperam que acabe pulverizada numa rajada de argumentos exaltados que procure descredibilizar a pessoa que levanta objecção.
Foi o que aconteceu nessa sessão de 30 de Setembro, onde a paciência da signatária em demonstrar as evidências esbarrou com a indiferença e incómodo do tempo roubado à ordem do dia normal, aliviada quando no período de resposta, em que o Presidente da CMA admitiu que o livro efectivamente não se encontra à venda por decisão sua, reforçando essa decisão com o argumento de que a signatária apenas pretendia “autoproclamar e arvorar” (sic) uma condição de que não correspondia à realidade pelo facto de naquela obra lhe ser feita menção como coordenadora dos serviços culturais da Câmara.
Baralhando os dados, o Presidente ignorou que a menção não fora feita pela própria mas pelo autor na sua página de “Agradecimientos" e, alertado disso, afirmou nem se recordar, que só tivera tempo de ver o livro no próprio dia do lançamento, ignorando ainda que a mesma apenas correspondia a uma fórmula de cortesia de um autor estrangeiro, grato pelo cuidado posto no acompanhamento técnico da edição da sua obra, tal como tivera ocasião de explicar por carta ao Presidente, quando este, num momento pós-colaboração, manifestara censura sobre esse pormenor, sem que alguma vez ocorresse à signatária que viesse a servir de motivo para que o livro não se encontrasse à venda…
Não satisfeito, foi ainda utilizada mais uma tentativa de rebaixamento, acrescentando o qualificativo de “moralmente pouco digno” para a referência em público do que chamou de “carta particular” enviada à signatária - quando a mesma lhe chegara assinada pelo próprio Presidente da CMA, em papel timbrado e correio registado, constituindo por isso uma afronta injuriosa e despropositada que apenas poderia visar o desvio de atenção do essencial da questão.
Essa situação intolerável, que já tivera repercussões em sessões anteriores, forçou a signatária a perguntar como se deveria classificar então a atitude do Presidente da CMA com semelhantes alegações, quando ele mesmo se prestara a entregar a carta da signatária a terceiros, essa sim pessoal, fazendo uso de uma advertência nela contida que preferiu ignorar, incluindo-se, bem como colaboradores próximos, num rol de testemunhas de acusação, em que se moveram para uma queixa-crime que o Tribunal de Almeida acabaria por mandar arquivar.
Instalada a confusão, decorrente do aceso do debate, o Presidente da AM não propiciou o esclarecimento da questão, cumprindo a ameaça de suspender a sessão, impedindo também a oportunidade de os presentes e os redactores da sessão compreenderem e redigirem devidamente a respectiva acta.
A retoma da reunião, após curto intervalo, seguiu a agenda prevista rotineira, procurando pôr uma pedra de silêncio em cima do assunto. O desfecho, com tais incidentes de deturpação constantes, mais sugere perseguição por alegadas motivações pessoais, como de resto convém à imagem junto dos mais fiéis acólitos, do que a legítima defesa da verdade perante as pessoas que confiaram o seu voto, o que deixa evidente que de pouco serve uma oposição que se vê rodeada de um muro de indiferença e de abnegado - ou forçado - sentido de acomodamento. Contudo, como não sou política de carreira, nem tenho ambições pessoais desse nível, e sempre dei a cara perante o povo de Almeida em tudo quanto colaborei de coração, mantenho-me de consciência tranquila e determinada a levantar a voz quando necessário para que atitudes deste jaez deixem de acontecer, sobretudo porque me envergonharia mais o silêncio do que afinal o cumprimento de um dever assumido.
Por isso, deixei passar o tempo e decidi expor ao Presidente da AM todos os factos, com conhecimento ao próprio Presidente da CMA, enviando-lhes carta pormenorizada e pedindo a sua intervenção para que um assunto tão vergonhoso fosse resolvido em Almeida, já que nenhuma obra paga com dinheiros públicos é “censurada” desta forma e impedida de chegar aos interessados, depois de ter sido um trabalho oferecido ao município por um autor dedicado.
Nenhum dos destinatários se dignou responder ou sequer reagir verbalmente a essa carta datada de 27.11.2010. Obviamente, o que transpareceu do episódio na versão da acta da AM não passa de uma caricatura, o que motivou a entrega da minha declaração de voto, justificativa da discordância da versão dos factos. Já no final da sessão de Dezembro inquirira o Presidente da AM sobre a recepção da minha carta, obtendo como resposta que “não tinha que o referir”. Agora, em Janeiro de 2011, foi o assumir de que essa declaração de voto, não iria ser publicada. Pois parece-me que é demasiada afronta seguida. Mesmo que entenda que a grande maioria dos almeidenses prefira dormir em cima do assunto, não me parece decente que um município, com tanta falta de recursos, deva tratar deste modo o investimento que é feito para o valorizar! E persuadida disso, entendo que o mínimo a fazer é não o permitir. Publico aqui, o que não posso ver tratado no órgão competente. Os almeidenses podem decidir ignorar na mesma. Mas a vergonha de uma enormidade de um acto de censura, capricho e desperdício de um investimento dedicado ao bem patrimonial comum, em pleno século XXI, após a extinção da Inquisição há séculos, ficará com quem o consente!

Maria Clarinda Moreira